JORNADAS DE HIGIENE E SEGURANÇA NO TRABALHO

A Ribeira Grande voltou a receber mais uma edição das Jornadas de Higiene e Segurança no Trabalho, Azores Safe, uma iniciativa promovida pela Gecite Açor e que se dividiu em quatro sessões temáticas, contando, pela primeira vez, com a realização de dois minicursos de cariz prático sobre ruído e primeiros socorros.

Com 140 inscritos, representativos dos mais variados ramos e setores de atividade dos Açores, e oradores experientes que deram o seu contributo e partilharam experiências, o evento abordou os temas da Segurança em Obra, do ensino e formação necessários bem como da responsabilidade do empregador e do técnico de Higiene e Segurança no Trabalho na prevenção dos riscos profissionais.

As jornadas Azores Safe terminaram com um painel dedicado ao tema da organização da emergência, abordando a utilização de sistemas de informação aplicados às necessidades e as questões do transporte rodoviário de matérias perigosas em situações de emergência. No final, realizou-se ainda um simulacro de emergência que obrigou à realização de manobras de resgate em altura, com a parceria dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande.

Hélder Silva, responsável pela Gecite Açor, explicou ao AUDIÊNCIA que estas jornadas se realizam de dois em dois anos, as primeiras em Ponta Delgada e as duas últimas na Ribeira Grande, por insistência de Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara. “Começamos em Ponta Delgada e a nossa ideia era irmos rodando mas o entusiasmo do presidente da Câmara é tão grande que não nos deixa partir daqui”, brinca o responsável.

Tendo como objetivo “fomentar um encontro dos técnicos que intervêm nas várias valências da segurança de modo a facilitar o diálogo entre as entidades” e, ao mesmo tempo, trazer o que consideram ser “alguns técnicos de relevo a nível nacional e internacional”, Hélder Silva admite que o evento acaba por ser “um esforço muito grande para uma microempresa” mas explica que, no final, o balanço é muito positivo.

“O apelo que fizemos aos oradores mais habituados a congressos maiores foi que, naturalmente, sendo uma região com uma dimensão mais pequena e com menos técnicos, perceberem que também tinham uma responsabilidade social pela área que intervêm de estarem entre nós para nos darem a conhecer o que de melhor é feito por esse mundo fora. Um dos objetivos assenta também na ideia de que os conferencistas devem ser os embaixadores da nossa terra e serem transmissores da energia positiva que conseguimos transmitir na nossa terra”.

Hélder Silva afirma mesmo que alguns dos oradores “ficaram surpreendidos com a beleza natural e com o entusiasmo que existe na comunidade”. “Ficaram muito surpreendidos com a dinâmica que verificaram no local, pelo número de pessoas face àquilo que é a população existente nos Açores”, acrescenta.

O responsável da Gecite Açor agradeceu ainda ao Governo Regional, na pessoa do Secretário Regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, que marcou presença no evento, pelo apoio que deu à iniciativa, assim como a Alexandre Gaudêncio que “sempre incentivou a iniciativa”.

“Temos, naturalmente, orgulho em liderar este empreendimento mas o importante não é quem organiza mas sim a quem é dirigido. E tudo isto só foi possível com o esforço conjunto de várias entidades e empresas porque de cada vez que falávamos entre colegas na hipótese de idealizar um encontro desta natureza a grande maioria dizia que o esforço financeiro, e não só, era de tal maneira elevado que seria difícil”, rematou o responsável.

Já Lina de Freitas, Inspetora Regional do Trabalho, este evento da Gecite Açor “constitui um precioso contributo não só para a formação e atualização contínua dos técnicos como também para os demais intervenientes no mundo laboral e, como tal, merece ser elogiada”.

A inspetora adiantou ainda que a autorização da atividade de prestação de serviços externos de segurança no trabalho é da competência da Inspeção Regional do Trabalho e que, nesse âmbito, têm vindo a ser realizados rigorosos controlos anuais. Segundo Lina de Freitas, nos últimos três anos, foram realizadas 1536 visitas inspetivas na área da segurança e saúde no trabalho, tendo sido também realizadas auditorias à totalidade das empresas autorizadas à prestação de serviços externos de segurança na modalidade de privados, abrangendo igualmente algumas das suas empresas clientes. “Com efeito, nos últimos três anos, foi possível abranger, no âmbito das auditorias realizadas, 5011 empresas clientes com 10.518 trabalhadores ao seu serviço”, acrescentou.

Também Alexandre Gaudêncio, presidente da Câmara Municipal da Ribeira Grande, não deixou de marcar presença num evento que abordou questões prementes a que a autarquia se dedicou desde a primeira hora do mandato, como a implementação da medicina no trabalho aos funcionários da autarquia. “Mais do que uma obrigação legal, uma necessidade. Se não fosse a medicina no trabalho, com certeza que muitos dos funcionários não tinham hipótese sequer de serem consultados por um médico privado”, acrescenta.

Contudo, o autarca destaca nesta área uma ação em concreto, em parceria com a Gecite Açor, que é a revisão do Plano Municipal de Emergência, algo que não era feito desde 2002, e que “é o primeiro a nível regional, e dos poucos a nível nacional, que está em vigor, neste momento, segundo a nova legislação”.

“Não dormia descansado enquanto este plano não tivesse sido aprovado. Oxalá nunca seja ativado, mas temos que ir dando algumas formações à população, às entidades públicas e vamos implementar de imediato uma série de medidas nesse sentido. Além disso, queremos estar na vanguarda da tecnologia e estamos a preparar o projeto piloto para que, ao abrigo do Novo Plano Municipal de Emergência, possamos disfrutar de uma série de ações a nível informático, como alertas para a população em caso de aviso meteorológico”, adianta.

Desta forma, Alexandre Gaudêncio demonstra publicamente a importância que um evento como o Azores Safe tem para os Açores e, mais concretamente, para a Ribeira Grande. Por esse motivo, o autarca não entende o não comparecimento de algumas entidades oficiais na iniciativa. “É curioso, para não dizer outra palavra, que confirmando a sua presença, alguns responsáveis, à última da hora, recusarem a participação neste evento. É estranho uma vez que este tipo de eventos já foi publicitado há mais de dois meses e não faria sentido que quem confirmou a presença que, pelo menos, se fizesse representar. Acho que era o mínimo para dar a dignidade que este evento merece”, concluiu o autarca.

 

A Gecite

Sendo uma empresa dedicada à engenharia de segurança e, particularmente, à prestação de serviços de higiene e segurança no trabalho, Hélder Silva explica que a Gecite Açor tem duas componentes principais.

“Como qualquer empresa, tem de assumir a sua responsabilidade pelo lucro porque conseguimos criar postos de trabalho e riqueza e, com isso, criar mais condições aos nossos trabalhadores. Por outro lado, trabalhando nesta área somos uma empresa que deve ter uma responsabilidade, uma ética profissional e uma responsabilidade social. E daí que quando olhamos para estas jornadas, olhamos para isto não como um evento que tenha que ter lucro, dado que o objetivo é prestarmos uma homenagem à terra onde temos oportunidade de trabalhar”, afirma.

No início, há mais de 10 anos, a Gecite interveio, quer no Continente quer nos Açores, no setor da construção civil, contudo, como resultado do abrandamento do setor a empresa passou a oferecer outros serviços paralelos como o de projeto, a prestação de serviços de higiene e segurança no trabalho, a própria formação e sensibilização dos pares.

“Ao contrário de outras entidades, vemos um mercado a abrir-se, resultado de uma melhor perceção do risco a que as pessoas têm hoje em dia, quer nas empresas quer nos organismos públicos, e a Gecite considera que há maior abertura para estas áreas e o ciclo acaba por se fechar. As entidades acabam por nos vir contratar a nós e a outros parceiros, mas continuamos a achar que num mercado saudável deve haver várias Gecites, de modo que o setor privado cooperativo e estatal possa escolher aqueles que mais conhecimento têm”, afirma Hélder Silva.

Uma das maiores preocupações da Gecite é a transferência de know-how, algo que Hélder Silva considera que “por norma, não se faz nos arquipélagos”. Por isso mesmo, a empresa mãe, sediada no Continente, achou por bem criar uma empresa com jurisdição nos Açores e passar esse mesmo conhecimento para lá.

Os interessados em conhecer melhor a Gecite e os seus serviços podem consultar a página www.gecite.com, bem como o recém criado portal das jornadas, www.azoressafe.com, onde poderão descarregar as aplicações de todos os oradores e ter acesso a toda a documentação produzida durante as jornadas.