A presente edição da nossa secção desvenda a “solução oficial” do enigma que constituiu a terceira prova do torneio de decifração “Solução à Vista!”, trazendo consigo as pontuações obtidas pelos “detetives” participantes e a classificação geral atualizada.
Ainda há muito caminho a percorrer mas já se antevê uma luta interessante na disputa pelos prémios em disputa, onde sobressaem Daniel Falcão e Detetive Jeremias, campeões nacionais da modalidade em 2016 e 2017, respetivamente. No que respeita ao torneio de produção “Mãos à Escrita!”, regista-se nova mudança na liderança, com Rigor Mortis a destronar A. Raposo por uma magra margem pontual.
TORNEIO “SOLUÇÃO À VISTA!”
Solução da Prova nº. 3
“As Três Poltronas”, de Rigor Mortis
O inspetor João Velhote interrogou intensa e rigorosamente António de Carvalho e Carlos dos Santos, obtendo uma corroboração total da descrição que lhe tinha sido dada por Antero Rodrigues. Nenhum deles confessou o crime, claro.
Mas Velhote, como tinha dito, já tinha percebido o que ali se tinha passado.
Evidentemente que Luís da Mata não se tinha suicidado. Quer o facto de o projétil estar incrustado na poltrona oposta àquela onde estava o cadáver, quer o sangue existente no tapete entre as três poltronas, mostravam claramente que o corpo tinha sido movido após a morte (seguramente imediata), da poltrona onde habitualmente se sentava o Luís da Mata (onde ele tinha sido morto) para aquela onde habitualmente se sentava o António de Carvalho. E como os mortos não andam…
Qual dos dois ex-amigos o tinha morto?
O Carlos dos Santos, a quem pertenciam a pistola e o silenciador? Ele poderia ter ido buscar a sua pistola, quando quer o Antero Rodrigues quer o António de Carvalho tinham saído da sala, morto o Luís e movido o corpo deste para a poltrona do António, como um insulto final aos dois ex-amigos.
O inspetor João Velhote não ficou iludido com o que as aparências apontavam. Tudo indicava que o crime tinha sido premeditado e, assim sendo, o assassino tinha certamente planeado as coisas de forma a dissimular a sua identidade.
Como ele próprio pôde verificar, abrir os cadeados dos armários do Carlos e do António (onde encontrou a respetiva arma) não se revelou de qualquer dificuldade, munido simplesmente de uma pequena chave-mestra de cadeados daquele tipo. Qualquer um o poderia ter feito em segundos.
Lúcidos e inteligentes como o Antero dizia que eram, ambos saberiam disso. Com o tempo de que dispuseram, entre a saída do Antero da sala, depois de servir os aperitivos, e o regresso de qualquer deles da casa de banho, qualquer um deles poderia ter ido até aos armários apanhar a arma do Carlos e ter morto o Luís.
A indicação mais importante era a da poltrona onde o cadáver tinha sido deixado.
Colocar o corpo do Luís na poltrona do outro ex-amigo poderia ser um insulto final dirigido pelo homicida aos dois, mas dadas as idiossincrasias extremas dos três em relação às respetivas poltronas – e aos “seus” objetos em geral – seria obviamente interpretado como uma indicação da identidade do assassino – o “dono” da terceira poltrona.
O assassino, notou mentalmente João Velhote, não teria outra justificação para mover o corpo – correndo seriamente o risco de ser visto por alguém a fazê-lo – que não fosse desviar as atenções de quem viesse a investigar o crime. Se o Carlos fosse matar o Luís com a sua própria arma, colocar o seu corpo na poltrona do António só levaria a concentrar as atenções na sua própria pessoa.
Pelo contrário, quem iria imaginar, quando eles eram tão absolutamente irredutíveis na ocupação de cada uma das “suas” poltronas – e quanto aos “seus” objetos em geral – que o António fosse colocar o cadáver do Luís na “sua” própria poltrona, depois de o ter morto com a arma do Carlos?
Mas depois de aí ter posto o Luís, o António não conseguiu conter a sua profunda irritação por o ver na “sua” poltrona. Num acesso de ira, deitou a mão aos jornais e revistas que estavam na “sua” mesinha de apoio e lançou-os ao chão.
Algo que o Carlos decerto não faria, se tivesse sido ele o autor do crime, perversamente satisfeito como estaria com o insulto final ao Luís e ao António…
Concluir que o assassino tinha sido o António de Carvalho foi quase intuitivo para o inspetor João Velhote. Para o provar, no entanto, teria que encontrar vestígios de sangue nas suas roupas e resíduos do disparo nas suas mãos, bem como as suas impressões digitais nos jornais e revistas deitados ao chão.
Pontuação e Classificação (após a 3ª. Prova)
Mais de metade dos concorrentes em competição conseguiu alcançar a pontuação máxima no enigma proposto por Rigor Mortis, com Detetive Jeremias a obter pela terceira vez consecutiva “pontos especiais” destinados às melhores soluções. Daniel Falcão e Bernie Leceiro voltaram a merecer essa distinção pela segunda vez, animando a luta pelos lugares do pódio.
1º. Detetive Jeremias (24+11): 35 pontos;
2ºs. Daniel Falcão (21+12) e Inspetor Mucaba (23+10): 33 pontos;
4ºs. Bernie Leceiro (19+13) e Madame Eclética (22+10): 32 pontos;
6ºs. Ma(r)ta Hari (20+10) e Zé de Mafamude (20+10): 30 pontos;
8ºs. Abrótea (18+10), Arc. Anjo (19+9), Ariam Semog (18+10), Carlota Joaquina (19+9), Gomes (19+9), Inspetor Madeira (18+10), Martelo (19+9), Necas (18+10), Rigor Mortis (18+10) e Talismã (18+10): 28 pontos;
18ºs. Beira Rio (17+10), Bigode (18+9), Broa de Avintes (18+9), Chico de Laborim (18+9), Detetive Bruno (17+10), Holmes (18+9), Inspetor Guimarães (18+9), Pena Cova (18+9) e Solidário (17+10): 27 pontos;
27ºs. Charadista (18+8), Chico da Afurada (17+9), Haka Crimes (18+8), Santinho da Ladeira (17+9) e Vitinho (16+10): 26 pontos;
32º. Mascarilha (16+9): 25 pontos;
33º. Bota Abaixo: (15+8): 23 pontos.
TORNEIO “MÃOS À ESCRITA!”
As avaliações feitas pelos solucionistas e pelo orientador da nossa secção ao enigma “As Três Poltronas”, de Rigor Mortis, concorrente aos prémios em disputa no torneio de produção policiária “Mãos à Escrita!”, resultaram na seguinte pontuação média final: 7,10 pontos. Com esta pontuação, Rigor Mortis assume a liderança do torneio, com mais duas décimas que A. Raposo e mais três décimas que Daniel Gomes, que ocupam a segunda e terceira posições, respetivamente.