Apaixonado pela terra que o viu nascer, Filinto Lima é, desde 2021, presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro. Honrado pelo trabalho e pelas funções que tem desempenhado, o edil manifestou, em entrevista exclusiva ao AUDIÊNCIA, a sua vontade de ajudar os que o rodeiam e de contribuir para o desenvolvimento do seu território. Garantindo que a causa que abraçou tem algumas similitudes com a função que ocupa enquanto diretor do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, o autarca enfatizou que as pessoas são a sua prioridade e que o seu objetivo é melhorar a qualidade de vida dos oliveirenses.
O senhor presidente é conhecido a nível nacional, pelo cargo de presidente que ocupa na Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, mas quem é Filinto Lima?
Eu sou, desde logo, um oliveirense nascido e criado nesta bela freguesia há 57 anos atrás. Sou um apaixonado pela educação a quem foi lançado, pelo atual presidente da Câmara Municipal de Gaia, professor doutor Eduardo Vítor Rodrigues, o desafio de ser candidato, pelo Partido Socialista, a esta autarquia. Eu fui convidado e, de facto, aceitei. Está a ser um desafio aliciante e eu vejo alguma similitude com aquilo que faço no meu dia a dia, enquanto diretor, porque quer um diretor de escola, quer um presidente de Junta, aquilo que quer fazer é tornar as pessoas felizes, nomeadamente os professores, os alunos e os pais, assim como os fregueses. Na minha ação diária, quer numa função, quer na outra, eu tento com as minhas ações, de facto, tornar mais felizes as pessoas que me rodeiam e para as quais eu trabalho.
Como descreve o seu percurso, desde a ligação à educação, até ingressar na vida política, mais ativamente?
Eu já fiz parte da Assembleia de Freguesia de Oliveira do Douro. Exerci advocacia durante bastantes anos, mas depois tive de suspender esse exercício, porque enquanto diretor, não posso ser advogado, mas posso ser presidente da Junta de Freguesia, em regime de não permanência. Eu sou um apaixonado pela educação, pela escola pública e, portanto, sou professor, neste momento em funções de diretor, e é assim que eu me intitulo. Portanto, eu fui percorrendo o meu caminho até que, em 2002, comecei a liderar o Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos, em Gaia. Antes, tinha exercido, durante seis anos, a função de secretário e adjunto, entre outras, no órgão de liderança. A partir do momento em que eu sou líder de um Agrupamento de Escolas, tento fazer o melhor pelo local onde estou a trabalhar e eu acredito que temos feito um bom trabalho. Posso dizer-lhe que eu tenho tido a sorte de ter sempre boas equipas, quer na escola, no agrupamento, quer, aqui, na Junta de Freguesia. Equipas heterogéneas, compostas por pessoas diferentes, com pensamentos diversos, mas isso é importante na tomada de decisão. Portanto, mantenho-me já há bastantes anos na liderança do Agrupamento de Escolas Dr. Costa Matos e nos últimos dois anos, cumulativamente, na liderança da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro. São duas funções que têm algumas afinidades, mas também têm coisas, de facto, diferentes, mas gosto tanto de uma, como de outra.
Em 2021, assumiu a liderança da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro. Volvidos dois anos, qual é o balanço?
Estamos, de facto, todos a meio do mandato, quer a Câmara Municipal de Gaia, quer as Juntas de Freguesia e eu acho que tem sido muito positivo, embora queira fazer mais nestes dois últimos anos que restam. Na minha opinião, foi uma entrada assertiva, com comunicação com os fregueses, com as pessoas e com as coletividades. Eu acredito que é muito importante a interação com o movimento associativo, assim como acompanhar a vida das pessoas e o seu dia a dia, com respostas relativamente rápidas a situações que nos colocam, por exemplo, nas áreas da habitação e dos transportes, que neste momento são dois grandes problemas, não só em Gaia, nem em Oliveira do Douro, mas em todo o país. Portanto, nós tentamos resolver os problemas do passeio, do buraco na rua, do centro de saúde que pode não estar a funcionar como as pessoas desejam. Portanto, são estes problemas que nós temos de tentar resolver, ou ao nível da Junta, se for essa a nossa função e se estiver dentro das nossas capacidades, ou então da Câmara Municipal de Gaia, como acontece em muitos casos. O atual presidente da autarquia gaiense é uma pessoa muito sensível às questões que afetam as pessoas e usa muito esta frase: “eu prefiro investir nas pessoas, do que em cem metros de alcatrão” e esta é a política correta. Portanto, nós, Junta de Freguesia, também temos trabalhado em prol das pessoas, como é o caso da Colónia Balnear Sénior e do Passeio Anual Sénior, que são formas de nós apoiarmos aqueles que tudo fizeram por nós. Também apoiamos os nossos jovens e atendemos as pessoas, para tentarmos perceber quais são os problemas, de modo a conseguirmos resolvê-los, se possível, de imediato e quando não é concretizável no momento, damos sempre uma palavra de atenção perante a situação que nos foi colocada. Portanto, é de salientar que esta positividade se deve a duas situações, nomeadamente ao facto de termos uma Câmara Municipal que está muito atenta aos problemas de todas as suas 15 Juntas ou Uniões de Freguesias, não apenas a Oliveira do Douro, e por termos um executivo que é muito heterogéneo, o que enriquece a liderança e muito me orgulha. Eu herdei uma herança muito valiosa, porque por cá passou José Candoso, Eduardo Vítor Rodrigues e Dário Silva, excelentes autarcas, que são uma referência no contexto nacional. Portanto, o meu legado é de muita responsabilidade e eu também estou ciente disso. Tenho tentado cumprir e enriquecer o melhor possível a herança muito pesada, no bom sentido, que me deixaram.
Porque é sempre a pensar nas pessoas…
O facto de eu ser diretor de um agrupamento de escolas há muitos anos também é uma vantagem, porque eu lido com pessoas, alunos, professores e funcionários, não lido com betão, nem como paralelo e é a pensar nelas que nós proporcionamos atividades, para que, de facto, se sintam o mais felizes possível, porque no final disto tudo, eu gostaria de deixar, aqui, uma marca material e imaterial e que as pessoas reconhecessem que foram apoiadas e ajudadas por alguém olhou por elas durante estes quatro anos. Portanto, eu pretendo deixar um rasto de humanismo que, de acordo com a educação que me deram os meus pais, eu acho que tenho.
Desde 2021 até aos dias de hoje, que obras materiais e imateriais destacaria?
Em termos de obras da Junta de Freguesia, nós estamos a apostar no alargamento do cemitério, sendo que a primeira fase já está concluída e é algo que eu gostava de deixar aqui concretizado até ao final do mandato. Em termos de obras grandes, que são camarárias, recordo-me do Metrobus, cuja segunda fase vai ligar os Arcos do Sardão à rotunda do Continente de Avintes, que eu acho é uma boa evolução e que vai ser muito importante para a área da Lavandeira e de São Tiago, em Oliveira do Douro. Depois o Jardim Egas Moniz, que teve alguns atrasos na sua execução, mas está previsto nos próximos meses estar terminado e que beneficiará a população do Freixieiro. Depois, temos o Multiusos dos Arcos do Sardão, já em construção, e a requalificação da Escola Secundária Gaia Nascente, já sinalizada pela Associação Nacional de Municípios Portugueses como sendo muito urgente. Também é de salientar o projeto de requalificação do Monte da Virgem, que fica em Oliveira do Douro e é fantástico, assim como o Centro Náutico que irá nascer no Areinho desta freguesia. No final do ano, iremos inaugurar o Centro Cívico José da Silva Candoso, mesmo ao lado da Junta de Freguesia. Logo, há uma série de obras que, de facto, estão a decorrer, aqui, em Oliveira do Douro e tantas outras que já foram inauguradas, como é o caso do Complexo Desportivo Rui Jorge que já foi inaugurado, é municipal, mas está sediado neste território, e do Parque da Lavandeira, com o alargamento e a inauguração do parque temático, infraestruturas que são usufruídas pelos oliveirenses. Portanto, é com alegria que eu vejo que Oliveira do Douro, dia após dia, está diferente, com muitas mudanças positivas. Com certeza que temos de melhorar outras situações, como é o caso dos transportes, pelo que, a partir do dia 1 de novembro, a Freguesia de Oliveira do Douro, e não só, irá ser servida por uma nova rede de transportes e eu espero que os fregueses, que muito se queixam dos transportes públicos, deixem de o fazer. A pensar nas pessoas temos dois gabinetes, um de inserção social e outro de apoio na área da psicologia, com técnicas especializadas que atendem as pessoas e lhes dão o devido encaminhamento, como já acontecia em mandatos anteriores. Também destacaria o Programa Municipal de Voluntariado, que está a decorrer localidade, que se chama “Ser+Vizinh@”, que é virado para as pessoas, neste caso concreto, que são mais velhas e vivem sozinhas. Depois, queremos continuar a apostar no nosso movimento associativo. É evidente que as coletividades de hoje, no país e no mundo, já não têm aquela pujança que tinham no século passado, mas Oliveira do Douro pode orgulhar-se de ter um movimento associativo muito forte e muitas vezes nas nossas festividades também nos socorremos das instituições, como no caso da Festa da Bifana, porque se não tivéssemos coletividades não estabeleceríamos uma parceria com elas, para este tipo de festa, assim como para outros eventos, nos quais precisamos dos nossos parceiros privilegiados, que são as coletividades de Oliveira do Douro. Nós não somos os protagonistas, mas apoiamos a Festa de Santa Eulália e de São Tiago, que são momentos de natureza imaterial que se estão a fortificar. O apoio que nós damos também se traduz, muitas vezes, em situações de escutar e de ouvir as pessoas que, hoje em dia, têm muita necessidade de falar. A pensar nos idosos, também criamos, há um ano, o Centro de Convívio de Quebrantões, que é, de facto, uma zona carenciada, onde temos duas técnicas especializadas que realizam ações, de segunda a sexta-feira, direcionadas para aquelas pessoas mais velhas que moram naquele local. Também, pretendemos avançar com um Centro de Convívio em São Tiago. O Passeio Anual Sénior é uma iniciativa que deixa, igualmente, esse rasto de imaterialidade, porque tem a ver com algo que não é palpável, que é a socialização, e eu acho que isso é muito importante para as pessoas sentirem pertença a um território. Eu acho que as pessoas de Oliveira do Douro têm muito orgulho de serem oliveirenses, há muitos anos esta parte.
Como é que a Junta de Freguesia recebeu a confirmação da subida de divisão do Clube de Futebol de Oliveira do Douro ao Campeonato de Portugal?
Nós temos dois grandes clubes desportivos na freguesia, o Atlético Clube de Gervide e o Clube de Futebol de Oliveira do Douro que, dentro dos seus patamares de atuação, estão a fazer um trabalho muito importante para esta localidade. Claro que o último acontecimento, e isto ninguém pode esquecer, foi a subida, embora administrativa, do Clube de Futebol de Oliveira do Douro a um patamar superior. O que eu, aqui, peço aos atuais corpos sociais do clube é que não entrem em grandes contratações. A aposta na formação do Clube de Futebol de Oliveira do Douro acho que deve continuar, porque é de excelência, assim como a do Gervide, para não cometerem loucuras e, depois, no próximo ano serem relegados para uma divisão inferior, porque muitas vezes os clubes acabam por descer de uma forma abrupta para divisões muito inferiores. Como tal, espero que o Oliveira do Douro aposte na prata da casa e consiga manter-se no patamar nacional, porque eu acredito que era importante para a freguesia e para o clube.
Com vontade de fazer ainda mais em prol dos oliveirenses, visa recandidatar-se à liderança dos destinos desta localidade?
O futuro só a Deus pertence. De facto, isto tudo passa rápido, é verdade. Para já, quero pensar nestes dois anos que tenho para a frente e em fazer ainda melhor ou melhorar aquilo que tenho feito, ouvir cada vez mais as pessoas, continuar a ter o apoio da Câmara Municipal de Gaia, isso é fundamental, continuar a ter ideias e continuar também a ter um executivo que é de facto fantástico, não sei que é o melhor de Portugal, mas é dos melhores e eu gosto muito de trabalhar com estes cinco elementos, que me dão todo o apoio e entre os quais há uma simbiose e uma cumplicidade perfeita. Temos pessoas com muita experiência acumulada ao longo dos anos, outras que nunca fizeram parte de um órgão autárquico, jovens, pessoas mais velhas e muita irreverência, o que é enriquecedor para quem lidera, para o órgão, para edilidade e, depois, para as pessoas que usufruem desta assertividade que existe entre a Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e a Câmara Municipal de Gaia.
Afirmou que o futuro só a Deus pertence, porém, quais são as suas ânsias para Oliveira do Douro?
Eu gostava de deixar de ouvir as queixas que tenho escutado por parte dos oliveirenses, em relação aos transportes, uma questão na qual reconheço que têm razão. Gostava de ouvir menos as pessoas falarem que têm necessidade de uma habitação, porque a Câmara de Gaia está muito à frente desse projeto, porque o seu presidente, Eduardo Vítor Rodrigues, é um humanista, que luta pelo território que lidera, neste caso por Vila Nova de Gaia, que tem crescido mesmo muito nos últimos dez anos e ainda irá crescer muito mais, com certeza. Estas são duas ânsias que eu gostava de retirar aos oliveirenses ou pelo menos diminuir e, depois, continuar a fazer o que temos feito que é cuidar das pessoas. Claro que também é importante melhorar os passeios, tapar o buraco da rua, tal como arranjar os jardins, que são da nossa competência, mas, efetivamente, o mais relevante é tornar as pessoas felizes e falar com elas. Posso adiantar que está prevista a criação de uma Academia Sénior no próximo mês setembro e é também um objetivo continuar a escolarizar os oliveirenses. Em parceria com o IEFP, nós temos acolhido, nas nossas instalações, os Cursos de Educação e Formação para Adultos (EFA), para que as pessoas possam terminar o 6º, 9º e 12º ano de escolaridade e fiquem mais aptas para possíveis trabalhos que possam arranjar o que, consequentemente, pode diminuir o número de desempregados na Freguesia de Oliveira do Douro e no concelho de Vila Nova de Gaia. Portanto, pretendo acompanhar, de facto, as pessoas nos seus anseios.
Qual é a mensagem que gostaria de transmitir aos oliveirenses?
Eu acho que as pessoas podem continuar a contar com o executivo da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro e comigo, em concreto, porque nós estamos sempre disponíveis para os ouvir e para os desafios que nos possam lançar. Muitas vezes, nós somos criticados num ou outro blogue, ou página de Facebook, de forma injusta, porque não temos conhecimento da crítica que nos fazem e eu gostava que nos dissessem primeiro aquilo que pretendem e, depois, criticassem caso o problema não fosse solucionado. Aquilo que podem esperar é um presidente de Junta que está ao lado dos oliveirenses, que os quer ver cada vez mais felizes e transformar este grande território num local cada vez mais apetecível para se viver e trabalhar, porque é aprazível, calmo, seguro e com muita qualidade de vida. Aliás, Oliveira do Douro voltou a receber recentemente o galardão Eco-Freguesias, o que é um orgulho e é muito importante para nós, sermos um território reconhecido pelas suas práticas sustentáveis e preocupações ambientais.