Um dos grandes objetivos do Grupo Johann Sebastian Bach é promover e manter viva a Música Antiga nos Açores. Por isso mesmo a partir deste ano, como conta a presidente da direção da associação, Ana Almeida, será levado a efeito um projeto, em articulação com as escolas, de forma a explicar aos jovens como é que a música antiga pode ajudar na aprendizagem do Português.
O Grupo Johann Sebastian Bach – Associação Musical organiza bianualmente o Festival de Música Antiga. Com um vasto programa que aconteceu de 16 a 27 de novembro, desta vez a abertura aconteceu na Ribeira Grande com a conferência “Dez Edições do Festival de Música Antiga”, seguido do concerto comemorativo da X edição do Festival, no Museu Vivo do Franciscanismo. Há alguns anos que o grupo não vinha à Ribeira Grande, por não haver “resposta do público”, mas este ano voltaram e foi “uma surpresa ver que a sala ficou composta, com pessoas bastante interessadas que sabiam para o que vinham”.
A par da organização do Festival de Música Antiga estão os Encontros de Música Antiga, organizados de forma alternada para se “manter a qualidade”, segundo Ana Almeida. Além do mais, “as despesas são mais elevadas na atividade do festival, e assim temos tempo para podermos angariar os fundos necessários para fazermos este festival”.
De acordo com a líder do grupo o “Festival de Música Antiga tem esta componente de trazer grupos estrangeiros a colaborar connosco ou a solo. Já aconteceu mandá-los para outras ilhas. Este ano a edição é só em São Miguel devido às dificuldades financeiras, mas também já estivemos nas nove ilhas em outras edições”. Este ano em particular a iniciativa contou com a presença da soprano Sandra Medeiros, do Conjunt D’Antiga da Escola Superior de Música da Catalunha e do Coro Ensemble Johann Sebastian Bach, de Barcelona.
Quanto a projetos para o futuro, Ana Almeida revela que faz parte dos planos do Grupo Johann Sebastian Bach adquirir um órgão portativo, “um órgão adequado a tocar este tipo de música” que será uma “mais-valia para a Região”. A presidente da associação explica que em vários concertos feitos surgiu a necessidade de “contratar um órgão do Continente”, o que corre vários riscos e é dispendioso.
No entanto, o destaque principal vai para a aposta didática e pedagógica. Segundo Ana Almeida, “um dos objetivos da nossa associação é podermos dar a parte pedagógica e didática da música antiga aos alunos que estudam músicas. Por isso mesmo vamos ter duas ‘masterclasses’: uma a trabalhar a técnica antiga em instrumentos modernos no conservatório, com um professor que pertence à nossa associação; a outra ‘masterclass’ será em canto com a soprano que vem colaborar connosco como solista”, Sandra Medeiros. Desta aposta didática e pedagógica surge outra intenção: “temos o projeto de ir às escolas fazer uma aposta muito interessante que nunca foi feita cá: com o sermão do Pe. António Vieira (que é trabalho no secundário), explicando aos jovens como é que a música pode ajudar na aprendizagem do Português”.