TEATRO ART´IMAGEM LEMBRA LUIS SEPÚLVEDA

O Teatro Art´Imagem/TAI que não tem parado com a sua atividade devido a pandemia continua com uma programação dinâmica na Quinta da Caverneira, sede artística na Maia, desta companhia profissional que foi escorraçada da cidade do Porto por um autarca que nem vale a pena lembrar! De assinalar a homenagem ao autor chileno; “Luís Sepúlveda deixou-nos em abril de 2020, vítima da Covid19. Ainda no ano do falecimento, o Teatro Art’Imagem organizou uma exposição para lembrar o escritor sul-americano. A mostra é inaugurada na próxima sexta-feira, dia 8, pelas 18h00. O título da exposição, «História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar de Luís Sepúlveda», recorda um dos livros juvenis que também apaixonou adultos de maior sucesso do autor. A mostra é inaugurada dia 8, às 18h00, no Auditório da Quinta da Caverneira e estará aberta ao público até 18 de abril. Uma produção Fundo Teatral Art’Imagem/C.M.Maia. «No ano em que Luís Sepúlveda nos deixou, relembramos o espetáculo «História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar», a partir da obra do autor, que o Teatro Art’Imagem estreou em 2008, com dramaturgia e encenação de Pedro Carvalho e Valdemar Santos, com uma exposição que apresenta os materiais cenográficos e as marionetas de Sandra Neves, relembrando o universo do espetáculo», é explicado pela companhia de Teatro Art’Imagem. A Curadoria é de Sandra Neves, cenógrafa e marionetista, que concebeu toda a plástica e o cartaz do espetáculo. A entrada é gratuita mediante reserva prévia até à lotação da sala.(informação do TAI)

Também em reposição o espetáculo “Desastre Nu” de 13 a 17 de janeiro.

“A humanidade cheira mal.”  Quatro atores interpretam 12 personagens que revelam de forma seriamente absurda a realidade do estado em que se encontra o mundo, os sistemas, as pessoas… e os cheiros.Um espetáculo cheio de humor sarcástico que nos permite uma reflexão sobre a condição do ser. Um texto de hoje e de sempre sobre a tomada de consciência do ser individual e social. No palco, questionamos as forças que movem o mundo, a nossa existência… e sim, detetamos que cheiramos muito, muito mal”. Onde se encontram as autoridades? As leis, a moral, a justiça e os bons costumes? Nunca saberemos nada sobre o nosso medo? Parece tudo tão difícil como deitar meias solas nos sapatos. É de mais. Trocaram-me o sexo e gozo agora com o que não faço. Carga de estupores, marginais e chatos. Onde se encontram as pessoas”

Com texto de António Aragão, “Desastre Nu” é uma produção do Teatro Art’Imagem, com dramaturgia e encenação de Daniela Pêgo e interpretações de Flávio Hamilton, Diana Barnabé, Filipe Gaspar e Gustavo Caldeira. Nos cinco anos de 78/82 que vivi na ilha da Madeira, tive a oportunidade de conviver com muita amizade com o poeta e homem multifacetado António Aragão. Num artigo que escrevi sobre ele para a revista Margem (dedicada exclusivamente a obra de A.A), publiquei; Fueron para mí también importantes en relación a la obra de Antonio Aragão el primer Salón de poesía ilustrada que se realizó en el salón noble del Teatro Municipal Baltazar donde yo, entre otros, ilustramos algunos de sus poemas. También original es su obra de poesía experimental en la cual lo visual se confunde con el texto creando nuevos campos a la imaginación y a las posibilidades de lectura e interpretación del poema, la palabra es una imagen. La poesía experimental es para él y para su generación, un acto de subversión política y como tal vendría a ser juzgado y censurado siendo considerado un acto peligroso visto que se alzaba contra el status quo socio-cultural atacando las costumbres instaladas de aceptación y consumo del objeto artístico, actitud que contrariaba una tradición de siglos de poesía de tradición lírica asumiendo una clara posición de poesía anti-lírica e “anti-saudosista”. Sin embargo descubro hoy cuando escribo estas líneas un poema lejano de 1962 que nos parece devolver el trazo poético lírico y secular de Camões que será eterno y perfecto en todos los poetas portugueses;

“Caminho aflito na denuncia dos mapas e navios/apanho meus gestos  e cumpro o luto/e/confirmo gentes casas e o dia a dia/exactamente as vozes sobre os portos…”

António Aragão – Poema Primeiro