“TENTARAM ASSASSINAR A MINHA CARREIRA MAS FALHARAM!”

É sem qualquer falsa modéstia que Jorge Rocha, mais conhecido no meio artístico como Jorge Martinez, se assume como um “autêntico best-seller”.

Após um tour pelos Estados Unidos da América, onde se sentiu acarinhado e reconhecido, o cantor, sem quaisquer rodeios, assumiu em entrevista ao AUDIÊNCIA que não tem qualquer tipo de apoio da cidade que o viu nascer e onde vive, Vila Nova de Gaia.

“Em Gaia sinto-me traído. Valorizado, onde? Não me apoiam em nada, nunca recebi um convite da Câmara de Gaia para nada!”, afirma o cantor que também não poupou críticas à RTP, a qual acusa de lhe tentar “assassinar a carreira”.

 

Para quem não conhece, quem é o Jorge Martinez?
Um autêntico best-seller diria. Apresentado e considerado para muitos um mito, uma lenda viva, ou um outsider, um animal de palco fora de série, único, brutal! Mas além da música, tive outras paixões na minha vida. Fui Jogador de Futebol no Vilanovense F.C., modelo de passerelle, cabeleireiro com shows nos casinos nas apresentações das linhas moda e apresentei, pela primeira vez em Portugal, no Teatro Sá da Bandeira, no Porto, a recreação mímica em bailado da Ópera Rock Jesus Christ Superstar (interpretando o papel de Jesus Cristo). Tenho mais de 12 anos como bailarino, sendo que estudei dança em Londres no Dance Center e Pineapple School (dança jazz, clássico, acrobático, sapateado Americano/tap-dance). Além disso, fui professor de dança no Sport Club do Porto e o coreógrafo profissional português mais jovem registado na SIARTE, Lisboa. Fui também diretor de ballets ingleses (Lipstick), filipinos (Hollywood Star Show) e portugueses, além do criador do primeiro duo de bailado em Portugal, o “Duo White Fire”, uma atração em todos os Casinos nacionais e na Europa central e televisões. Tive convites para todo o mundo, e era pretendido pelos maiores cantores portugueses da altura, tendo igualmente atuado para o Presidente da República, General Ramalho Eanes, no Teatro São Luís em Lisboa. Tive também aulas de canto em Windsor/Londres, com o cantor Vernon Nesbeth e depois seguem-se 29 anos de carreira como cantor profissional, performer, compositor, letrista, produtor, realizador, ator, cenografista, editor fotografia e vídeo e film maker de curtas-metragens e longa-metragem.

 

E criou também uma banda na altura.
Sim, criei o grupo musical português de maior sucesso na década de 90 – JORGE ROCHA & LIPSTICK, rotulado pelos media Jornal Expresso, pela jornalista Felícia Cabrita, como o “Prince Português”. Depois passei apenas para JORGE MARTINEZ, no início de 2000, e fui logo rotulado pelos media, desta vez, como “o Ricky Martin português”. Aliás, sou o único artistas que obteve por parte os media em Portugal dois rótulos na carreira. Mais tarde, apresentei o “Jorge Martinez Show”, um programa realizado na Radio Costa Verde em Espinho, baseado no Howard Stern americano, e criei, com o apoio da Revista Festa e do Jornal O Crime, o mais arrojado e espetacular concurso de beleza feminina em Portugal, o “Garota de Sonho Internacional” com duas edições, no Porto e em Torres Vedras. Atualmente, sou o speaker oficial do clube de futebol da minha terra, o Vilanovense F.C, onde joguei, de Iniciado a Junior e embaixador da música moderna por todo o mundo.

 

Mas como começou, realmente, a sua carreira musical?
Como finalista do 1º Festival da Canção do Norte realizado nos Teatros Vale Formoso e Sá da Bandeira, no Porto, interpretando uma canção dos ABBA “Hey Hey Helen”. Seguiu-se, depois, espetáculos com a Banda “Xantum”.

Desde que entrou no mundo da música, como tem sido a sua vida?
Desde Estremoz, a 20 de maio de 1989, quando dei o primeiro espetáculo do grupo Jorge Rocha & Lipstick, foi o início de uma década de sucesso e loucura no país.

 

Se pudesse destacar um momento da sua carreira, qual seria?
A atuação na Televisão de Galícia, Espanha, que foi notável, sensibilizador e brutalmente espetacular, tendo sido bombardeado com cravos e aplaudido de pé por 2.000 espanhóis. É algo que qualquer pessoa pode ver no meu canal do YouTube. Destaco também as atuações na Avenida dos Aliados, perante mais de 100 mil pessoas nas festas do Futebol Clube do Porto, e o sucesso no programa 5 Para a Meia-Noite com o Pedro Fernandes, com a música “Silêncio”, que foi a música de maior sucesso no programa, e a fantástica Saga Martinez vs Pacheco Rangers.

 

Recentemente, esteve nos EUA onde esteve em tour fez muito sucesso. O que andou por lá a fazer?
O Tour nos EUA foi triunfal, conquistando a comunidade Luso-Americana no Estado de Massachusetts – New England. Março e abril foram dois meses de sucesso na rádio e televisão, com passagens em diversas Rádios WSRO (Framingham/Boston), WJFD (New Bedford) e Ludlow Rádio Comunidade (Ludlow). Tive também alguns espetáculos nas cidades de Hudson, New Bedford e Fall River. Fui apresentado como Super Star, com direito a dupla presença no Portuguese Channel TV (New Bedford) onde fui o primeiro artista a bisar no Talk-Show Hora Quente, apresentando o tema “Take me tonight” e em estreia mundial em televisão, considerada pela F.P.F. e na Antena 3, entre outras, a melhor música original de todos os tempos feita para a Seleção Portuguesa de Futebol, a música “Portugal na Frente”. Estou, inclusive, já contratado para atuações para o público americano, sendo este o meu grande objetivo: conquistar a América.

 

Sentiu, então, reconhecimento pelo seu trabalho enquanto esteve nos EUA?
O reconhecimento aconteceu de forma espontânea e natural, como aconteceu na TV e Rádios.

 

Sente que a comunidade emigrante dá mais valor à sua música do que a população que vivem em Portugal?
O problema tem um nome: lobbies. O público esteve sempre do meu lado. Foi o público que me deu o sucesso. Sucesso em Sydney, com a presença inédita do vice-primeiro Ministro Australiano, em Melbourne onde fui o convidado especial do maior Festival de todos os países de Língua Portuguesa, em Adelaide onde esteve o ministro e Presidente da Assembleia de South Australia, em Perth, Brisbane, Wollongong, Paris, Londres, Bruxelas, Luxemburgo, Rotterdam, Zurique, Berna, Pretória, Joanesburgo, Cidade do Cabo, Welkom, Toronto, Montreal, Ottawa, Mississauga, Brampton, Chattham-Kent, New Bedford, New York, e tantas outras. Ter e receber mais destaque acontece naturalmente, desde que não esteja rodeado por invejosos, que não sabem, nem querem, dar mérito, e prepotentes que receiam perder protagonismo.

 

 

“Os meus maiores inimigos estão mesmo à porta de casa”

Vive em Vila Nova de Gaia. Como é viver neste concelho e por que o escolheu?
Sou gaiense de gema, nasci em Gaia, e é bom viver em Gaia pela sua beleza natural. Já vivi igualmente em muitas cidades em Portugal e pelo mundo.

 

Sente algum tipo de apoio em Gaia à sua carreira?
Zero. Os meus maiores inimigos estão mesmo à porta de casa, da RTP do Monte da Virgem, que me tem bloqueado há décadas. É a mais pura verdade. É uma vergonha monumental, desde o tempo em que mostrei ao país como ia ser o futuro … Estou a falar de um grupo musical, ao qual deveriam erguer uma estátua, o “Jorge Rocha & Lipstick”, por tudo o que representaram no desenvolvimento das políticas de palco e do espetáculo em Portugal. Foi um fenómeno incomparável mas… para as mentes atrasadas da época, foi como uma afronta, e como tal, até hoje, vingam-se de forma vergonhosa, não permitindo que me apresente na RTP do Norte. Isto é ilegal e esta gente merece ser desmascarada de vez. Tentaram assassinar a minha carreira mas falharam!

 

Como vê a evolução de Vila Nova de Gaia ao longo dos últimos anos?
É notável o desenvolvimento nos últimos anos depois de décadas de adormecimento total, o potencial esteve sempre presente mas… andavam a dormir!

 

Considera que a cultura é valorizada em Gaia? E o seu trabalho, é valorizado?
Em Gaia sinto-me traído. Valorizado, onde? Não me apoiam em nada, nunca recebi um convite da Câmara de Gaia para nada! Já no estrangeiro… Por exemplo, recebi um prémio do Portuguese Sun em Toronto, o maior jornal da comunidade Luso-Canadiana, mas os políticos em Gaia condecoram com medalhas de mérito, cidadãos e artistas que nem um décimo do meu curriculum possuem, e alguns nem de Gaia são. Tratam-me como se fosse um fantasma. Eles sabem quem sou, eles conhecem-me muito bem, sou vizinho deles. Fui grande atleta no Colégio de Gaia em várias modalidades, fui treinado pelo grande Jorge Tormenta, fui padrinho da marcha popular de S. João vencedora de São Lourenço / Vilar de Andorinho – Gaia, filmei entre Gaia e Porto, o videoclip e uma curta-metragem extraordinária, que serve de apoio à música “Portugal na Frente”, considerada pela própria F.P.F., Antena 3 e muitas individualidades, como a melhor música original de sempre, feita para apoiar a Seleção de Portugal. Resultado? Nem quiseram saber! Solicitei apoio na candidatura da música ao Mundial da Rússia 2018, algo que fosse… resposta? Nenhuma! Para o Europeu de 2016, na F.P.F. brincaram com os portugueses e escolheram uma balada do Pedro Abrunhosa com 23 anos de existência, uma música que nada tinha a ver, obviamente, com a essência do que é necessário para a Seleção. Resultado, o povo e os próprios jogadores chumbara a música, e a minha canção “Portugal na Frente” ficou na gaveta por falta de cunhas. Falta ver agora o Mundial na Rússia… Da mesma forma, apoio de jornais locais, não existe. Há um jornal local que afirmou estar em falta comigo, organizaram uma Gala de Desporto, entre outras de até de índole cultural, mas nem assim me convidaram. Tal e qual como referiu o treinador José Mota, quando deu a sua conferência de Imprensa, após a vitória na Taça de Portugal de 2018, “eu não sou português de segunda, sou de primeira” e, no meu caso, com méritos e sucessos internacionais. Para obter tanto êxito ao longo de tantos anos, por ser um outsider, por ser inovador e ter a coragem de falar e vencer, fui sempre um alvo a abater. A maioria das Câmaras no continente, Açores e Madeira já me contrataram, mas a Câmara de Gaia nunca me contratou. Só com o “Jorge Rocha & Lipstick” foram mais de 1000 espetáculos só em Portugal. Em 29 anos de carreira nunca fui contratado sequer por uma Junta de Freguesia de Gaia, é uma vergonha.

 

Mas isso agora mudou, porque vai dar um concerto em Gaia pela primeira vez.
Sim, vou ter em julho o primeiro espetáculo contratado pela Junta de Freguesia de Mafamude e Vilar do Paraíso. É o primeiro espetáculo em 29 anos na minha própria terra, é inacreditável. Obrigado ao presidente João Paulo Correia por ter desbloqueado esta vergonha. Mas isso não muda o cenário. Senão vejamos. Num país onde um músico insulta as pessoas do Minho e Trás-os-Montes, e é levado ao colinho, e coitadinho se não tiver um tacho, ano após ano no Festival da Canção, para ele, ou para os familiares, é incrível… só não percebo como é que não lhe oferecem um espelho, para ver realmente quem é medonho e horroroso. Num país, onde um iluminado tem a felicidade de ganhar a Eurovisão, passando a insultar tudo e todos, e a falar em peidar-se publicamente perante todas as televisões, Presidente da República, Portugal inteiro, num espetáculo em direto, de homenagem aos mortos no incêndio brutal de Pedrógão Grande, e continuar a ser levado ao colinho pelos media, é no mínimo inconsciente e inqualificável. Num país onde se achavam os maiores, por terem ganho a Eurovisão, em 52 edições uma única vez… e que o espetáculo (performances – fireworks – encenações, etc) deveria acabar… estou a falar obviamente de alguém que tem uns neurónios a menos, pensavam que a Europa estava a dormir. A resposta foi colocar Portugal no seu devido lugar, o último! Num país onde não me deixam sequer concorrer ao Festival, note-se bem, sou impedido de concorrer no meu próprio país, acho que já diz tudo. Isto para realçar que o ataque de que sou vítima ao longo de décadas é criminoso.

 

Em 2017, esteve também na Gala do Jornal AUDIÊNCIA. Como viu essa experiência? Pensa que foi importante para si e para a sua carreira?
Foi uma honra prestigiante ter sido convidado pelo meu amigo e diretor do Jornal AUDIÊNCIA, Joaquim Ferreira Leite, fechando em apoteose o espetáculo no Teatro Ribeiragrandense, na Ribeira Grande, onde fiz amigos e fui muito bem tratado, como é hábito das gentes dos Açores, onde já fiz espetáculos em 7, das 9 Ilhas. Isto é bem significativo do carinho recíproco. Curiosamente, a história quis que o presidente da minha terra, que está na Câmara de Gaia a 100 metros da minha casa, tivesse que ir aplaudir em pleno palco tão longe nos Açores, o Jorge Martinez. Foi nesse espetáculo que o presidente da Câmara de Gaia, Dr. Eduardo Vítor Rodrigues, me prometeu mudar a história, fazer justiça e dar mérito a um artista da terra, que o tinha acabado de surpreender com magníficas performances. Fui o único artista cantor em Gaia que dei a cara, e apoiei toda uma classe política nas eleições autárquicas em 2017, por amizade e não por apoio partidário note-se, porque estudei com muitos no Colégio de Gaia. Resultado… ganharam todas as 15 Juntas de Freguesia, mais a Câmara de Gaia, muitos prometeram que desta vez é que seria, mas o resultado foi zero, com uma única exceção da Junta de Mafamude que faz história ao contratar o Jorge Martinez pela 1ª vez. Até parece surreal mas é verdade, ou seja, com a devida exceção, voltaram a esquecer-se do artista gaiense Jorge Martinez. Não faço mais comentários. Cabe ao presidente, ao vereador da Cultura e a todos os responsáveis culturais da cidade de Gaia, honrar as promessas e passar das palavras aos atos, sabendo defender, eleger e atribuir mérito a quem merece. Falo por mim.

 

Quais os próximos projetos para o futuro? Novas músicas, concertos?
Vêm aí projetos fantásticos com novas músicas, videoclips por todo o mundo, curtas-metragens, longas-metragens e conquistas em novos mercados, intensificando a internacionalização como objetivo principal. Portugal já me fez perder muitos anos, demasiados! Continuo bem vivo e o melhor ainda está para vir! Aliás, posso anunciar em primeira mão que além da música, estou a preparar videoclips, documentários e uma brutal longa-metragem intitulada “Waiting For You”.

 

DISCOGRAFIA DE JORGE MARTINEZ
• Jorge Rocha & Lipstick: “Tu Dançaste com Ele” (single); “Confidencial” (LP); “Dinamite” (CD); “Eu só preciso dum minuto” (CD).
• Jorge Martinez: “Soñar” (CD); “Silêncio” (CD); diversas músicas individuais com videoclips no canal do YouTube.

 

Nota do entrevistado: É com toda a legitimidade e méritos que afirmo todo o conteúdo desta entrevista. Obrigado a todos os meus fãs que me apoiam, e são muitos, em Portugal e no Mundo.