Expirado o prazo de receção de originais, conclui-se que o concurso de produção de enigmas policiais “Mãos à Escrita!” registou a participação de nove autores. Desta forma, serão também nove as provas que constituirão o torneio de decifração “Solução à Vista!”, com arranque agendado para o próximo dia 10 de maio, durante o qual serão decididos os problemas vencedores dos três prémios em disputa (troféu M. Constantino, taça Zé da Vila e taça Mário Campino).
Essa decisão será tomada em função da média pontual atribuída pelos participantes do torneio de decifração e pelo orientador da secção, que, regulamentarmente, dispõem de entre 5 a 10 pontos para atribuir a cada enigma concorrente, tendo em conta a sua originalidade e grau de dificuldade.
Posto isto, aproveitamos o tempo que nos separa do início desta que é a competição de todas as decisões (para produtores e decifradores) para publicar o penúltimo “problema de aquecimento das células cinzentas dos nossos detetives”, com mais uma aventura do “nosso” inspetor Fidalgo.
ENIGMA POLICIÁRIO
O Caso do DVD Desaparecido, de Insp. Fidalgo
As coisas andavam a azedar um pouco na casa do arquiteto Chaves. Ele tinha a certeza que deixara três DVD em cima da mesa da sala de estar, com filmes muito recentes, que prometera emprestar a um amigo, mas a verdade é que agora só dava com dois. O terceiro evaporara-se!
A sala era grande, virada a poente e ao mar, com amplas vidraças que deixavam entrar toda a luminosidade e os raios de sol, quando este brilhava, como era o caso. O projeto era dele mesmo e por isso privilegiara aquilo de que mais gostava: luz e sol.
Mas, voltando aos DVD, Chaves tinha a certeza que os deixara lá na véspera à hora do almoço e que foi um dos seus quatro filhos quem “desviou” o faltoso, certamente para ver o filme à sua vontade.
Com a calma possível, Chaves foi anotando o que cada um disse, quando os ouviu em separado:
Afonso: Eu cá não vi nada, Só agora é que soube que tu tinhas deixado os DVD. Os exames estão à porta e só tenho tido tempo para estudar, não para ver filmes… Ontem tive aulas até às seis da tarde e dez minutos depois estava em casa, para estudar. Logo que cheguei passei por aqui, pela sala, mas como estava escuro, nem reparei nos DVD.
Cláudia: Ó pai, então era capaz de levar um DVD de um filme, sem dizer nada?! Ontem não tive aulas de tarde e estive no meu quarto, lá em cima. Como estou quase em férias grandes, não tinha nada para estudar e por isso estive a ouvir música e no computador a “falar” com amigos. Nada de especial.
Mónica: Vi os filmes aqui em cima da mesa, eram para aí umas nove, nove e meia da noite e até estive a ver que filmes eram… Por acaso o que te falta era o mais interessante e que eu gostava de ver porque é uma grande história e um grande filme, segundo dizem, mas nunca o ia tirar assim, sem te dizer nada. Até pensei pedir-te autorização para o ver, mas como não estavas em casa…
Filipe: Pai, eu já vi esse filme e nem é assim tão bom como dizem. Vi-o no cinema e por isso não ia agora tirar-te o DVD. Além disso, ontem fui a casa de um colega e só vim à hora do jantar, eram para aí umas 8 da tarde. Estive aqui na sala a apreciar os reflexos do sol no mar e fui para a sala de jantar quando tu me chamaste.
O arquiteto Chaves comparou os depoimentos e ficou com a certeza de que a responsabilidade pelo desaparecimento era um dos quatro.
Tinha agora de pensar num castigo “exemplar”. O filme nem era o mais importante, mas as mentiras… Talvez uns tempos sem televisão ou, pior ainda, uma semana sem telemóvel ou sem internet…
Assim, quem ficou de castigo?
1 – Afonso;
2 – Cláudia;
3 – Mónica;
4 – Filipe.
DESAFIO AO LEITOR
Amigo leitor, analise bem o problema e escolha a resposta da alínea que lhe pareça a correta… E depois confira-a com a solução do autor, que se publica a fechar esta edição.
SOLUÇÃO DO ENIGMA DESTA EDIÇÃO
O Caso do DVD Desaparecido, de Inspetor Fidalgo
A hipótese certa era a 1. Afonso diz que ao entrar na sala não reparou em nada por nada por estar escuro, mas as aulas estavam a acabar, seria o mês de junho e, àquela hora, pouco depois das seis da tarde, teria de haver muita luz, até pela conceção da casa.
Como todos “detetives” notaram, tratava-se de um problema muito simples, de contradição nos depoimentos. A descrição é importante por fornecer os elementos indispensáveis para imaginarmos como seria a casa e sobretudo a sala. Depois de sabermos que há luz e sol e que a janela envidraçada é dirigida para o mar e que da sala se pode assistir ao pôr-do-sol, precisamos de saber a que horas se referem os depoimentos e em que época se passa a história. O texto é explícito ao indicar que o Afonso chega pelas 18h10.
Por outro lado, a aproximação das férias grandes, exames, etc., dão-nos claramente a ideia de que a história se passa no mês de junho, altura em que é muito mais provável que se tenha passado o que o Filipe refere, ou seja, observar os reflexos do sol no mar, pelas 20h00.
Mónica profere declarações que permitem dizer que o “desvio” do filme foi feito depois das 21h30, porque ela refere ter visto os filmes, ter reparado que o que falta é precisamente o que ela mais gostava de ver, que até pensou levá-lo, mas não o ia fazer sem pedir autorização… Portanto, às 21h30 estavam lá os filmes e aquele em particular. Talvez por isso a confusão de Afonso. É que ele foi lá buscar o filme já de noite e por isso acabou por cometer o erro.
E acabou castigado, se calhar com a proibição de usar telemóvel durante uns dias, provavelmente o maior castigo que se pode aplicar nos tempos que correm!…