A Lomba de São Pedro é uma freguesia pertencente ao concelho da Ribeira Grande, com 300 habitantes. De acordo com Dário Bernardo, presidente da Junta de Freguesia de São Pedro, é necessário dinamizar a localidade, trazendo mais visitantes e desenvolvimento àquela localidade, para benefício dos seus habitantes.
Em entrevista ao Audiência, apresentou vários projetos para o futuro, entre eles a inauguração do Trilho Moinho do Félix, a mais recente aposta da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal da Ribeira Grande.
O trilho Moinho do Félix está inserido na freguesia da Lomba de São Pedro. Este foi um investimento de quanto e realizado por quem?
Este é um trilho pedestre, circular, que está inserido na costa da Lomba de São Pedro. Foi uma delegação de competências que a Câmara Municipal fez à Lomba de São Pedro. Iremos receber uma quantia de 30.000€ para todo o processo de realização deste trilho. Nós aproveitámos a oportunidade e decidimos abraçar este projeto, ao contrário do antigo executivo que manifestou desinteresse na homologação e abertura de um outro trilho, essencial para a localidade, denominado de “Trilho das Cascatas” por não querer dispensar mão-de-obra, segundo o ofício recebido da Secretaria Regional da Energia, Ambiente e Turismo. E nós, atual executivo, não só queremos desenvolver a freguesia como também queremos que haja mais investimentos externos e criar uma outra dinâmica para aproveitar o “boom” que o turismo está a atravessar nos Açores. Para além disso, o desemprego local foi um importante incentivo para que a Junta abrasasse este projeto. Aproveitámos este feito para dar algum trabalho à mão-de-obra local.
Como é que a freguesia encara a abertura deste trilho?
Nós sabemos que por norma as pessoas não são muito pacientes no que diz respeito aos prazos de execução e já surgiram alguns comentários menos positivos. No entanto, este executivo pensa e pensa em projetos a médio-longo prazo e não menospreza as necessidades de primeira instância. Mas acreditamos que será um projeto que dará uma outra dinâmica à freguesia.
Além disso, o dinheiro que a Junta está a gastar é uma delegação de competências que só poderia ser utilizado nesta área.
Exatamente. Acho que depois da inauguração deste percurso pedestre, penso que [os habitantes] ficarão com uma outra visão, e futuramente, aquilo trará (espero eu) postos de trabalho e muito mais visitantes à freguesia, e ao fim e ao cabo é este o principal objetivo para a abertura deste trilho.
Preveem abri-lo quando?
Em novembro de 2018, se tudo correr bem. A devida promoção será feita.
Um trilho que abre, mas outro que encerra.
Sim. Aproveito para referir que o Trilho do Feno já fechou, inclusive já foi retirado dos mapas dos trilhos regionais.
Isto porque o percurso passava por uma propriedade privada, e o proprietário mostrou desinteresse em que as pessoas passassem lá para visitar este trilho. Quando iniciei o mandato este assunto já estava no processo final, inclusive já recebemos um ofício da Direção Regional do Turismo de que o proprietário não estava mais interessado em que o trilho ali passasse. Não tivemos hipóteses de contestar a situação porque, como já referi, era um processo que já estava numa fase final. Este era um trilho visitado por muitos turistas. Infelizmente não está mais aberto, mas de certa forma queremos colmatar este fecho com o novo trilho Moinho do Félix.
Que outros projetos este executivo tem tido?
Bom, como tinha vindo no nosso plano eleitoral, a imagem é um dos aspetos em que nós temos muita consideração. Aliás, tendo em conta que a freguesia tem apenas 300 habitantes e que constantemente os jovens saem cada vez mais da localidade para irem viver para as cidades, queremos de certa forma contribuir para que os jovens, e não só, permaneçam na freguesia. Vivemos num mundo digital. A imagem é uma forma de mostrar aos habitantes, visitantes ou desconhecidos que este é um local muito digno de se viver. Tendo essa preocupação, um novo logótipo promocional já foi lançado, o que não substituirá o brasão oficial, mas servirá para que a freguesia seja projetada de uma forma mais “atual”. Aproveito para dizer que até à data, todas as quartas-feiras, das 18h00 às 19h00, tem decorrido uma formação musical: cordas, vocal, teclado… aqui as pessoas podem enriquecer a sua cultura musical e aprender…
Isto está a decorrer onde?
Está a decorrer na antiga escola primária da Lomba de São Pedro.
Que projetos mais tiveram entre mãos?
Conseguimos arranjar uma solução para o saneamento do Bairro Social, onde havia um grave problema relacionado com o saneamento básico e nós, em colaboração com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, fizemos um novo escoamento desses mesmos esgotos. O problema atualmente já se encontra resolvido. Para além de resolvido, também todas as infraestruturas já foram devidamente restauradas. No mesmo âmbito, aproveito para realçar a regulação dos sanitários que fizemos no Miradouro da Rocha. Não só fizemos a remodelação deste espaço, mas também arranjámos uma estratégia alternativa para que os atos de vandalismo acontecessem com menos regularidade. No dia 17 de Outubro, o IROA começou a fazer a limpeza e manutenção dos caminhos agrícolas em colaboração com a Junta de Freguesia. Após reunião com o Dr. Ricardo Silva, Presidente do IROA, verificou-se que havia uma necessidade urgente de intervir para assim evitar qualquer tipo de incidente. Outra situação, é que este executivo continua a dar apoio ao ATL da Casa do Povo da Maia. Tentamos sempre dar o apoio essencial para que as crianças possam ter uma qualidade tanto a nível alimentar como infraestrutural aceitável. É do nosso interesse que as crianças estejam felizes.
A nível de lazer, entretenimento… o que têm preparado para os habitantes?
Participámos nos Cantar às Estrelas da Ribeira Grande como tem sido hábito todos os anos e uma vez mais a Junta de Freguesia em colaboração com os habitantes, da Lomba de São Pedro e Salga (concelho do Nordeste) deram um belíssimo espetáculo com a nova letra do Prof. Jorge Carreiro, a quem desde já agradeço. Participámos também na Festa da Flor com o nosso carro alegórico enfeitado pelos habitantes da Lomba de São Pedro, a quem também agradeço por todo o trabalho. Em parceria com a Associação “Cais do Remar” e a Junta de Freguesia do Fenais da Ajuda, organizou-se um Cortejo Carnavaleco. Também realizámos, este verão, o “Fim-de-Semana Cultural”. Já não era feito há cerca de 16 anos e uma vez que somos uma freguesia pequena e a única na região que não tem a festa do padroeiro, a Junta de Freguesia sentiu grande necessidade de realizar um evento que desse enfase à própria localidade. Neste evento pretendemos abranger todas as faixas etárias. Inclusive, este ano tivemos Futebol 5, Bandas de Rock, DJ’s, peças de teatro, exposições artesanais… Queremos dar uma dinâmica diferente e continuaremos a trabalhar para que este seja um evento de referência. Quero também referir e lamentar o facto de este ano não se ter sido feito o Festival da Batata, organizado alegadamente pela associação Semente & Viva, que se tem vindo a fazer há alguns anos para trás. Esta Junta de Freguesia disponibilizou colaboração para a cedência do espaço, manutenção do mesmo e limpeza. Até à data não nos foi comunicado qualquer intenção de realizar novamente este evento. Com uma devida reestruturação, certamente terá um outro tipo de apoio. A Câmara da Ribeira Grande organizou um passeio à ilha de Santa Maria, onde contou com a presença de 30 idosos da nossa freguesia. Lamentamos e pedimos desculpa por ter havido alguma falta de divulgação desta iniciativa, o que fez com que algumas pessoas não participassem neste passeio. Não somos infalíveis, mas certamente aprendemos com o erro e certamente faremos de tudo para que situações destas não voltem a acontecer. Aproveito para dizer que no próximo dia 10 de Novembro, sábado, comemoraremos o São Martinho, que terá lugar no Polidesportivo da Freguesia com início às 18h. Haverá castanhas, sardinhas, vinho, animação e Futebol de 5. Estão todos convidados.
Voltando um pouco atrás na conversa, há muita proximidade entre os presidentes de junta de freguesia da Lomba de São Pedro, Fenais da Ajuda e até da Lomba da Maia. Isso pode vir a originar a realização de iniciativas conjuntas?
Sim, claro. Aliás, nós temos uma relação muito boa. Embora sejamos eleitos pelo mesmo partido, não é isso que faz com que nos demos bem. Acho que temos muitos aspetos em comum, e isso é um grande alicerce e uma grande ajuda para que nós tenhamos uma relação extremamente positiva. Tendo em conta que somos das freguesias mais longínquas do concelho da Ribeira Grande, é sempre importante ter este grupo de trabalho, porque de certa forma estamos a trabalhar todos em conjunto para uma melhor qualidade de vida dos cidadãos desta zona da ilha.
Voltando novamente atrás, quais são as principais dúvidas que assaltam a Junta de Freguesia para apresentar muitas reservas quanto à Associação Semente & Vida?
Apenas não queremos cair em contradições, esta direção é praticamente a mesma do antigo executivo.
A Semente & Vida era o “saco azul” da Junta de Freguesia da Lomba de São Pedro?
Apenas queremos o melhor para a freguesia.
A Associação servia para ir buscar verbas que a Junta não podia ir buscar?
Estamos aqui para trabalhar em prol da população e muito recetivos a apoiar associações, grupos ou todos aqueles que queiram participar ou fazer parte de um projeto que seja uma mais-valia para a freguesia. Se surgir algum grupo de jovens sem cor partidária, daremos os devidos apoios para seguir o objetivo.
Resumindo, neste momento Semente e Vida é o “contrapoder” dentro da freguesia da Lomba de São Pedro.
Esperemos que não.
E projetos para o futuro?
Tendo em conta que o nosso orçamento é muito limitado (recebemos por ano cerca de 45.000€), é difícil sermos responsáveis por projetos de grandes envergaduras, logo estamos constantemente a procurar, perante entidades superiores, apoios para intervenções necessárias para a melhoria da qualidade dos cidadãos. Há uma série de coisas que já foram feitas, que estão a ser feitas e que no futuro, se tudo correr bem, também serão feitas. Gostaria de realçar a atual intervenção no saneamento básico na Travessa da Rua do Outeiro, em pareceria com a Câmara Municipal da Ribeira Grande, obra esta indispensável para a segurança dos habitantes que ali residem. Temos alguns projetos em mente, temos o reservatório de água no “Bairro Queimado”, o “Forno Comunitário” no Bairro Social da freguesia em conjunto com a Direção Regional da Habitação, pavimentação com asfalto na Rua do Poço em parceria com a Câmara da Ribeira Grande, embelezamento do espaço do antigo posto do leite, pertencente à BEL, cujo já foi dada a devida autorização para a intervenção da autarquia neste espaço, entre outros… A intervenção social foi, é e será um tema que estará sempre em cima da mesa.
E num futuro mais próximo o que têm em mente?
No dia 22 de outubro fizemos uma escritura de doação do prédio pertencente à Sra. Maria Paula Raposo Pacheco Algarvio que nos doou a propriedade que tinha sido sede da Junta de Freguesia depois de ganhar a sua dependência em 1980. Já temos muitas ideias para este espaço, isto porque não temos atualmente nenhum sítio onde possamos trabalhar e fazer a guarda, digamos, de todos os equipamentos pertencentes a esta junta. A nós, executivo, nunca nos passou pela cabeça misturar as nossas vidas pessoais com profissionais, daí a nossa preocupação em arranjar um espaço exclusivo para armazenar as respetivas ferramentas. Para o próximo ano, caso consigamos avançar com este projeto, queremos também adquirir um transporte. O transporte será, à partida, um camião. Camião que será uma viatura exclusiva da Junta de Freguesia, e que de certa forma fará todo o transporte de materiais necessários para os destinos e também o transporte das pessoas para os respetivos lugares para poderem trabalhar.