ALCOCHETE – EXPOSIÇÃO PADRE CRUZ – 75 ANOS DEPOIS

A Galeria Municipal dos Paços do Concelho recebe, a partir do dia 22 de julho, a exposição Padre Cruz – 75 Anos Depois, um projeto único que retrata uma das figuras mais emblemáticas de Alcochete, o Padre Cruz.

Assinalando o 75.º aniversário da morte do Padre Cruz, a Câmara Municipal de Alcochete apresenta a exposição que dá a conhecer a vida e os feitos de Francisco Rodrigues da Cruz, conhecido como Padre Cruz, nascido em Alcochete, a 29 de julho de 1859, o que estabelece a sua relação histórica com a vila.

As datas de início e fim desta mostra patente na Galeria Municipal dos Paços do Concelho são simbólicas e nada foi deixado ao acaso. Esta exposição multimédia conta, de forma cronológica, os principais momentos da vida de um homem acarinhado por fiéis, que ainda hoje, 75 anos após a sua morte, continuam a visitar o seu túmulo e a casa onde residiu nos últimos momentos de vida, como se de locais de culto se tratassem. A exposição traça uma viagem única com testemunhos de quem com ele privou, com filmes, documentários, fotografias, breviários, livros de orações e ainda objetos pessoais como o bilhete de identidade, a batina, a bengala, o chapéu, entre outras peças que tanto o caracterizavam.

Cedido pela Vice Postulação da Causa de Beatificação e Canonização do Padre Cruz e pela sua sobrinha bisneta, D. Maria da Graça Santinho, o vasto espólio que retrata a vida do sacerdote estará patente ao público até dia 27 de outubro, de segunda a sexta-feira, das 09h00 às 18h00.

Nota biográfica

O quarto de seis filhos, foi para Lisboa com 9 anos para frequentar o Colégio Europeu, e posteriormente, a Mainense, o Instituto Industrial e o Liceu, onde estudou retórica, grego e filosofia. Desde criança que sonhava ser sacerdote, sonho que concretizou em 1875 quando se matriculou na Faculdade de Teologia, em Coimbra. No último ano de curso juntou-se à Congregação Mariana e, terminada a formação foi para o Seminário de Santarém ensinar Filosofia, ofício que manteve até 1886. Foi ordenado Sacerdote a 3 de junho de 1882 e disse a primeira missa a 25 de junho desse ano. Para além do trabalho como diretor do Colégio dos Órfãos de S. Caetano e diretor espiritual do Seminário Menor de Farrobo, preparava visitas pastorais a diversas freguesias, sendo por essa razão apelidado de “S. João Baptista Percursor”. Em 1913 deu a primeira comunhão a Lúcia, um dos três pastorinhos e, em 1917, reza o terço com os três, tornando-se uma das figuras essenciais para dar crédito às Aparições de Nossa Senhora, em Fátima. Sempre teve o sonho de ingressar na Companhia de Jesus, voto que fizera em 1886.  Aos 81 anos consegue cumprir esse sonho, por graça do Papa Pio XII.

Até quase à morte, a sua vida foi um contínuo peregrinar a confessar, a pregar, a abençoar e a consolar. Alcochete, a sua terra natal, era uma preocupação constante para o padre que para além de apoiar as famílias necessitadas, procurou difundir a fé com confessores, pregadores e professoras que ensinaram a doutrina cristã às crianças, quando esse ensino estava interdito. Veio a falecer, vítima de colapso cardíaco, no dia 1 de outubro de 1948, no palácio da família Caldas, em Lisboa.

O seu funeral contou com a presença de autoridades eclesiásticas e civis, pessoas de todas as categorias sociais. Atualmente, o corpo de Padre Cruz encontra-se no jazigo da Companhia de Jesus, no cemitério de Benfica. Considerado santo já em vida, a autoridade eclesiástica deu início, em 1951, ao processo de beatificação e canonização, entregue à Sagrada Congregação dos Ritos, em Roma, a 18 de setembro de 1965. O processo aguarda aprovação.