ATERRO DE SERMONDE ENCERRARÁ, DEFINITIVAMENTE, EM 2024

A sessão pública de apresentação do projeto do Parque Ambiental e da Selagem do Aterro Sanitário de Sermonde deu conta de que o mesmo encerrará, definitivamente, em 2024, apesar de já não receber depósito de resíduos, desde junho de 2021. O espaço de 10 hectares ficará, depois, disponível para uma nova utilização e Eduardo Vítor Rodrigues garantiu que é essencial ouvir a população sobre o que querem naquele local, deixando em aberto várias possibilidades, desde uma incubadora empresarial a um Parque da Cidade.

 

 

O Auditório Maestro José Gomes, situado no Espaço + Grijó, recebeu a sessão pública de apresentação do projeto do Parque Ambiental e da Selagem do Aterro Sanitário de Sermonde, no passado dia 17 de fevereiro. O evento contou com a presença de Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, bem como de diversos vereadores da mesma autarquia, presidentes de Junta de Freguesia do concelho, entre outros representantes de entidades civis e militares.

César Rodrigues, presidente da União de Freguesias de Grijó e Sermonde e anfitrião do evento, foi o primeiro a dirigir-se à plateia. “Habituamo-nos a ter as ruas limpas, criamos rotinas de separação, educamo-nos para o futuro e somos, seguramente, muito melhores a este nível do que quando se iniciou a deposição de resíduos no Aterro de Sermonde”, referiu, elogiando as práticas de Vila Nova de Gaia neste domínio. Quanto ao futuro do local, o autarca mencionou saber que “não serei eu o presidente da Junta a testemunhar a realização do projeto que desenvolverá o espaço para a população, mas estou certo de que vou usufruir, como cidadão”.

Depois, foi a vez de José Coelho, administrador-delegado da Suldouro, empresa responsável pela gestão de resíduos em Vila Nova de Gaia e Santa Maria da Feira, a informar que o encerramento definitivo do Aterro de Sermonde acontecerá em 2024. O espaço, que não recebe lixo desde junho de 2021, vai sofrer um processo de reconversão, num investimento de 3,9 milhões de euros, que prevê “a impermeabilização da selagem, a construção de vias de acesso ao topo do aterro, vedação em torno de todo o perímetro, parque de estacionamento junto à entrada da Suldouro, substituição do betuminoso e, para finalizar, a colocação de uma camada de terra fértil, já numa lógica de enquadramento paisagístico e a pensar nos trabalhos seguintes”, explicou José Coelho, que também aproveitou o momento para esclarecer que o trabalho da empresa tem sido um exemplo e que a mesma cumpriu as metas impostas pelo PERSU2020.

Por sua vez, Miguel Lisboa, presidente do Conselho de Administração da Suldouro, deu conta de que, apesar deste encerramento, 50% do lixo, a nível nacional, ainda é depositado em aterros, referindo que este paradigma terá de mudar, uma vez que “em 2035, a meta nacional e europeia, é de 10% e não será permitido depositar, em aterro, resíduos com potencial reciclável”. Assim, o engenheiro recordou que praticamente todos os resíduos gerados na casa de uma família têm esse potencial, com ênfase nos bio resíduos, que são aqueles que as família ainda não interiorizaram no seu processo de reciclagem. Por fim, deixou um apelo, lembrando que “temos, todos, um papel muito mais decisivo do que pensamos” e referindo que a nossa meta deve ser “garantirmos que os nossos filhos e os nossos netos tenham, no mínimo, os mesmos recursos que nós temos hoje”.

Por fim, foi Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, que encerrou o ciclo de intervenções. Terminada a função de depósito de resíduos do aterro, a preocupação, agora, é encontrar um novo desígnio para o espaço e o edil gaiense pretende que a população seja envolvida neste processo. “Temos de começar a trabalhar para garantir que temos um projeto, que corresponde aos desígnios da comunidade”, disse, sugerindo que a mesma seja auscultada até meados de julho deste ano, porque “temos de ouvir o que as pessoas querem. Estamos fartos de políticos que acham que sabem o que a população quer, por isso, faz todo o sentido alargar este debate para cimentarmos o caminho”. Ainda assim, quanto às opções para o futuro do espaço, o autarca considera muitas, senão quase todas, lembrando que é um espaço em branco, onde tudo é possível, desde um centro de incubação empresarial, “para trazer emprego à zona”, a uma infraestrutura social, numa lógica de centro de dia e apoio domiciliário, passando por “uma área de fruição, de espaço público, de zona verde, com equipamentos de lazer e desportivos”. Eduardo Vítor Rodrigues foi mais longe e admitiu que, na sua opinião, “o modelo de Parque da Cidade se adequaria, aqui, de forma perfeita”.

Depois, o edil gaiense mencionou que a recolha diária de lixo, no concelho, custa, mensalmente, 1,2 milhões de euros à autarquia, salientando as mudanças que vão ser necessárias, daqui em diante, para cumprir as metas referidas pelo presidente da Administração da Suldouro.

O autarca inseriu, na conversa, o termo de Fatura Social e explicou que, a partir deste ano, as famílias vão receber em casa, uma espécie de fatura, apesar do valor para pagar ser zero, mas que lhes vai dar conta do que “custam”, anualmente, à Câmara Municipal. “Vai servir para perceber quanto custamos, sistematizando todos os benefícios, medidas, apoios e intervenções que o municio fez. Vai dar conta de coisas como a oferta dos livros escolares, o cheque de início do ano letivo, o que pagamos das refeições escolares, quanto custa o pequeno-almoço e lanche nas escolas, o apoio ao arrendamento, a tarifa social da água ou as taxas perdoadas às instituições, para que cada um nós, ao receber, perceba que se tivesse de pagar, teria sido x”, explicou, sublinhando que se trata de um ato simbólico, para sensibilizar e consciencializar as pessoas, sobre o seu peso na vida de Gaia.

Para terminar a sessão, Eduardo Vítor Rodrigues convidou Miguel Lisboa a estar presente na cerimónia do Dia do Município, que se comemora a 20 de junho, para receber a Medalha de Mérito Municipal, “como forma de agradecimento por todo este trabalho e por aquele que ainda aí vem”.