Citando uma auditoria do governo dos Estados Unidos recentemente desclassificada por falha de logística ou gestão, a Amnistia Internacional relata que o exército daquele País «não conseguiu abafar a projecção causada pelo desaparecimento de mais de um bilhão, repito bilhão, de dólares em armas e outros equipamentos militares» canalizados para o Iraque ao abrigo de um fundo denominado ITEF, Iraque Train and Equip Fund, destinado a lutar contra o ISIS, mas, ironia do destino, em grande parte desembarcado nas mãos desta organização terrorista.
Com toda a certeza, o leitor, apanhado de surpresa, irá perguntar logicamente qual a razão para este incrível desvio de destino de tão grande quantidade de material bélico e de tanto valor, cujas remessas se processaram de acordo com relatórios enviados para o País destinatário, indicando a respectiva finalidade.
O que é certo é que alguns dos embarques desviaram-se do destino e foram parar a mãos erradas, de acordo com Patrick Wilcken, um pesquisador da Amnistia Internacional, sendo este engano atribuído ao «sistema falido do Exército dos EUA, potencialmente perigoso, incapaz de controlar milhões de milhões de dólares de transferências de armas para uma região extremamente volátil», situação no mínimo pouco credível dada o «longo historial de desaparecimento de armas nos EUA para múltiplos grupos armados que cometem atrocidades no Iraque, incluindo o grupo armado auto proclamado Estado islâmico, Amnistia Internacional, 24 de maio de 2017».
As transferências incluem dezenas de milhares de espingardas de assalto, centenas de morteiros e centenas de veículos blindados Humvee, foram destinadas ao uso do Exército iraquiano central, incluindo as unidades de mobilização popular predominantemente Shiitas, mas também as forças curdas dos Peshmerga, ou seja, uma amálgama de destinos e obviamente inúmeros rebeldes filiados na Al Qaeda, incluindo o ISIS, todos agindo em nome de seus patrocinadores estatais e tudo isto feito contra a Lei Leahy que proíbe o fornecimento da maioria dos tipos de auxílio militar dos EUA e treinamento para unidades de segurança estrangeira, militares e policiais presumivelmente acusadas de «violações flagrantes dos direitos humanos».
No ataque terrorista de Berlim com camião, o suspeito era conhecido dos serviços de segurança alemães como alguém em contacto com grupos islâmicos radicais e havia sido avaliado como apresentando um risco. Mudando de cenário, as causas das atrocidades praticadas ultimamente na Grã-Bretanha estão a ser omitidas a fim de proteger segredos da política externa britânica, pois não é compreensível que o serviço de segurança MI5 mantivesse em liberdade terroristas monitorizados, nem porque razão o governo não advertiu a população das ameaças, latentes no seu próprio meio, prometendo agora efectuar uma revisão interna. O alegado bombista suicida, Salman Abedi, fazia parte de um grupo extremista, o Libyan Islamic Fighting Group, LIFG, que prosperou em Manchester e foi cultivado e utilizado pelo MI5 durante mais de 20 anos, apesar do LIFG estar proibido na Grã-Bretanha como uma organização terrorista que pretende um «estado islâmico linha dura na Líbia e faz parte de um movimento extremista global mais vasto, inspirado pela al Qaida».
Curiosamente, quando Theresa May foi secretária do Interior permitiu aos jihadistas da LIFG viajarem desembaraçadamente por toda a Europa e foram mesmo encorajados a empenharem-se na batalha para remover Muammar Kadafi, que tinha batido o pé aos antigos colonialistas e afirmado que quem faria os preços do petróleo líbio era o povo líbio e não as potenciais ocidentais, ou seja, a Grã-Bretanha é tanto uma «vítima do terrorismo» como um «Estado patrocinador de terrorismo» e, sem excepção, os governos de países ocidentais que são vítimas de ataques terroristas têm apoiado, directa ou indirectamente, o grupo de organizações terroristas Al Qaeda, incluindo o chamado Estado Islâmico, o qual é alegadamente responsável por perpetrar estes ataques terroristas e, como está amplamente documentado, a Al Qaeda é uma criação da CIA, a França vende armas sofisticadas à Arábia Saudita, monarquia feudal apoiante do terrorismo que actua na Síria e também os Estados Unidos fecham alto negócio de venda de armas com a visita de Trump. As invasões de países soberanos completam o cenário.