“É um prazer estar aqui esta noite. Quero agradecer ao nosso amigo diretor do Jornal AUDIÊNCIA, Joaquim Ferreira leite, pelo convite que me fez há semanas. Autoridades, colegas homenageados, senhoras e senhores, amigas e amigos. Como todos sabem, na data de 60 e a ditadura em Portugal de várias décadas, nos Açores, a máxima educação que tínhamos era o ensino secundário. Não havia emprego, não havia oportunidades e decidi rumar aos Estados Unidos da América, para uma vida melhor. A vida não foi muito fácil. Emigrei, só, não encontrei nenhuma família, nem amigos nos Estados Unidos e, infelizmente, no primeiro dia do 12º ano no Liceu, em Rhode Island, foi o assassinato do John F. Kennedy, estávamos em novembro 1963. Portanto, com poucas finanças, lutei e venci. Eu acho que, ao fim de 62 anos, sou um privilegiado por vir a Portugal cerca de cinco vezes por ano, em particular ao Açores e à minha terra natal, a Ribeira Grande. Eu saí de uma ditadura e, infelizmente, há algumas semanas o mundo mudou e compartilho com os meus amigos dos Estados Unidos que toda a gente disse que no 11 de setembro do mundo tinha mudado, mas, na minha lógica, parece-me que agora é que o mundo vai mudar, mais do que com o 11 de setembro. Estamos a viver uns momentos muito difíceis. Portanto, saí de uma ditadura e ao fim de 60 anos encontro uma ditadura num país da democracia. Portanto, fui conselheiro das comunidades portuguesas durante 27 anos e, em nome dos portugueses que lá apoiei, agradeço este Troféu, fruto de muita alegria e dedicação. Eu tenho a vida cheia de sonhos, mas o meu sonho final é morrer jovem com idade avançada. Boa noite a todos e muito obrigado, mais uma vez. Até à próxima e viva Portugal!”.
