“Não quero deixar de os saudar a todos, em especial o Joaquim Ferreira Leite, que não é só o diretor do Jornal AUDIÊNCIA, mas como se vê é uma verdadeira força da natureza, que consegue, sobretudo, no seu quotidiano fazer, montar e trabalhar no sentido manter um órgão de comunicação social absolutamente decisivo, que nos dias que decorrem, deve ser cada vez mais valorizado e que ele próprio deu aqui um sinal pessoal de capacidade de compreensão e de abertura de espírito, para respeitar e valorizar opiniões diferentes, o que nos dias de hoje é mais importante do que nunca.
Também queria dizer que me alegra muito receber este prémio, sobretudo porque vivemos um tempo em que os políticos são pouco merecedores de distinções e de reconhecimento, por parte das populações e da comunidade em geral. Os tempos que correm são mais dados às críticas e à censura àqueles que exercem cargos políticos, não valorizando o esforço, a dedicação e a competência com que muitos de nós, não falo só por mim, colocamos no exercício das funções e ao serviço das populações. Poderia usar muitos exemplos para não falar de mim, mas tenho no palco dois fantásticos exemplos, um o Eduardo Vítor Rodrigues, um ilustre e fantástico autarca do país, que exerce funções a partir de Vila Nova de Gaia e que está na fase final dos seus mandatos, por força da lei que o limita, e que eu reconheço como um exemplo em que muito me inspiro e outro permitam-me, o meu amigo e colega Correia Pinto, que também está prestes a terminar funções, porque decidiu sair já no dia um de março.
São duas pessoas em que me revejo, o Correia Pinto, que conheço desde criança, e o Eduardo Vítor, que é um autarca que eu, por vezes, vou dizer que até invejo, porque conseguiu resultados como poucos, porque conseguiu com a sua capacidade de diálogo, saber, inteligência e competência, a adesão da população de Gaia em números absolutamente impressionantes e que eu sei que todos os dias acorda com energia e vontade de servir os gaienses.
É isso que tento fazer também ao longo dos 20 anos que estou na política e comecei em Matosinhos, na área social. Quero dar aqui um abraço ao José Moura, ao Patrocínio Azevedo, a quem mando sempre um abraço, e ao seu pai, porque estiveram os três comigo em Matosinhos, quando o Narciso lhes indicou para falarem comigo, assim como à Maria José Gamboa, para eu lhes dar algumas dicas de como criarem uma associação. Fizemos muitas e a Olival Social é um exemplo fantástico de trabalho e serviço à comunidade.
Pelo que foi sempre nestas áreas que eu fui crescendo, naquelas em que se percebe mais o sentido de servir e que fui fazendo ao longo do tempo e que, agora, transporto, também, para a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses, e faço sempre com uma perspetiva de trazer ao diálogo e ao consenso todos os pares, independentemente da sua opinião, ou da sua perspetiva ideológica, ou partidária e temos tomado as decisões na Associação de Municípios sempre por unanimidade, independentemente dos muitos partidos e dos movimentos independentes que estão na direção da associação.
Também quero dizer, neste momento, aos jovens, mas sobretudo às jovens que é possível compatibilizar a vida pessoal, familiar e profissional, que há um lugar para as mulheres na vida política, que é imprescindível ter mais mulheres na vida política e que não há igualdade de género na política, em Portugal, e só se faz com mais mulheres na política e que eu também estou aqui por isso, porque quero que a minha filha, que a geração da minha filha acredite e participe na vida política, porque isso é absolutamente essencial, foi sempre e é cada vez mais, pois os dias que correm, como muito bem disseram os nossos compatriotas que estão no Canadá e nos Estados Unidos, são dos mais perigosos que a democracia já viveu.
Estamos a testemunhar uma alteração profunda nas regras de exercício da democracia e é por isso que, sobretudo, nos dias de hoje, nenhum de nós está dispensado e, nesta sala, todos têm um lugar de destaque na vida da sociedade, os que estão no palco e os que estão na plateia e estes reconhecimentos que nos entregam, este troféu, que muito agradeço, devem estimular-nos para naqueles dias em que acordamos sem vontade de ir para o nosso trabalho, para ir para a rua e lutar por aquilo em que acreditamos. Cada um de nós, quotidianamente, deve, com energia, com a força e com o espaço que ocupa na sociedade, dar o melhor de si ao serviço dos outros, porque isso é importante para nós, para os outros, à nossa escala mais próxima e, hoje em dia, também, à escala global e nós não nos podemos acobardar, porque os que se pensam de forma diferente, têm muita energia e não deixam de exercer a sua influência.
É um tempo histórico para a democracia em Portugal e à escala glocal e todos nós fazemos a diferença. Da minha parte, tenho um enorme orgulho por merecer este reconhecimento e perceber que vale a pena aquele esforço e o prazer com que diariamente coloco ao serviço das pessoas. Obrigada a todos. Parabéns a cada um pelo reconhecimento que mereceram aqui e, sobretudo, uma partilha deste troféu aos meus colegas presidentes de Câmara e presidentes de Junta que aqui estão, porque o poder local é absolutamente essencial para o bem da democracia, e a democracia é crucial para o futuro da humanidade, que está cada vez mais em risco. Muito obrigada”.