MIRATECARTS LANÇA MARIONETA RITA CAGARRA PICAROTA

Picarota diz-se de quem ou que é natural, ou ainda habitante, da ilha do Pico, nos Açores. Cagarra é uma ave migratória da família dos procelariídeos, encontrada em grande quantidade no Oceano Atlântico, na região do arquipélago dos Açores. Marioneta origina-se do termo marionnette, que na língua francesa significa boneco movido por meio de cordéis manipulados por pessoa oculta atrás de uma tela ou de um palco.

A artista Eloisa Correia criou Rita Cagarra Picarota para a MiratecArts. A marioneta foi apresentada, esta semana, no Azores Fringe Festival.

Eloisa Correia participou no programa da MiratecArts Artistas em Ação, no Azores Fringe, levando a arte da marioneta a escolas da ilha do Pico e até construiu marionetas com as crianças na ilha montanha. O seu projeto principal foi de desenhar e construir uma marioneta inspirada pela ilha.

Assim nasceu Rita Cagarra Picarota, que agora fica com a MiratecArts para ser dinamizada e apresentada em várias vertentes da programação da associação, não só para os miúdos mas também em programas para adultos e até grupos de terceira idade.

“Sou artista porque o meu trabalho nasceu comigo e dentro de mim foi-se desenvolvendo, vive nas minhas mãos, na minha voz e na minha imaginação” diz Eloisa Correia, a lisboeta com raízes angolanas. “Transformo as ideias em formas e sons e assim descodifico o pensamento e a matéria. Criar é a minha forma natural de existir.”

Descreve, assim, a artista este seu novo trabalho que a MiratecArts agora leva a muito mais público: “Quando me desafiaram para construir uma marioneta inspirada na Ilha do Pico, na minha cabeça, as ideias começaram a surgir e sabia que precisava de recorrer à memória de como havia sido a última viagem ao Pico, a que impressões estavam na minha cabeça? Quais as imagens mais fortes? E o Pico? É diferente para todos, certo? É, por exemplo, diferente para quem vive no Pico e para quem viaja para lá! Os lugares são muitas coisas distintas, o lugar é o lugar em si, em mistura com o mundo de cada individuo e… plim, plim, plim! Pico! É Uma espécie de poção mágica que cria novas relações, pois, se uma pessoa não é a mesma depois de viajar, o lugar também deixa de ser o mesmo depois de receber cada visitante – é uma troca. E, esta conversa é toda um trilho.

Quando pensava em tudo isto, percebi que as imagens mais fortes do Pico foram, o som dos cagarros, pois nunca tinha ouvido uma ave a cantarolar assim, em tom de música experimental e, depois a cor: o vermelho a rasgar o preto ao meio como se a pedra tivesse também ela carne e sangue e, no fim, eu, forasteira, amante da música e encantada com tudo isso, voando no grande passarinho de metal. Ora eu também sou uma cagarra! E assim é a Rita Cagarra Picarota, filha da música, da mistura e da paisagem.”