O DESAFIO DOS ENIGMAS – FALTA APURAR O VENCEDOR

Vamos hoje colocar em dia as soluções dos desafios que constituíram o primeiro passatempo da nossa secção, deixando em suspenso para a próxima edição o anúncio do seu vencedor. Perante as duas últimas soluções “oficiais” agora apresentadas, os leitores-detetives que ocupavam os lugares cimeiros da classificação geral quando eram cumpridas nove provas aumentarão as suas expectativas de vitória ou… sentirão diminuídas as possibilidades desse sucesso, em função das suas próprias soluções. Porém, num caso ou noutro, tudo pode acontecer face às soluções enviadas pelos seus opositores.

Uma solução correta pode não ser suficiente para bater a concorrência, já que os pontos devidos às melhores e às mais originais soluções podem fazer toda a diferença na definição da classificação final. Na linha da frente, dois concorrentes, separados por apenas sete pontos quando eram decorridas nove provas, partilhavam o favoritismo. Agora, cumpridos os últimos quatro desafios, tudo pode acontecer.

 

VAMPIROS DE PRATA (SOLUÇÃO DO AUTOR, JARTUR)

Os “Vampiros de Prata” não tiveram quaisquer culpas na tragédia ocorrida, e só o Cabo Félix é responsável por aquilo que aconteceu.
Ele mentiu, nas suas declarações, pois se os aparelhos eram supersónicos, e vinham na velocidade máxima – por conseguinte superior à do som – o Cabo não poderia ter ouvido o ruído dos jatos a tempo de se atirar para o solo e avisar o Sargento, pois o som só chegaria depois dos aparelhos.
Além disso, se o avião tivesse tocado no militar, este não cairia quase verticalmente da alta pedreira, mas seria projetado a grande distância, não se imobilizando, portanto, junto à base da elevação.
Além disso, se as coisas se tivessem passado assim, o Cabo também teria sofrido consequências. E, como é óbvio, seria demasiado arriscado para os pilotos, voarem, ainda que momentaneamente, a tão curta distância do solo.
Assim, considere-se que não houve, realmente, culpabilidade da parte dos aviadores.
Em virtude das mentiras formuladas pelo depoente, o mais provável é ter o Cabo assassinado o seu superior, após a passagem dos jatos, lançando-o então para o abismo.

 

BILL, O PESCADOR (SOLUÇÃO DO AUTOR, PENA COVA)

Bill nada viu porque nada podia ver (é cego!). Ele estava sentado de frente para o rio e o tiro atingiu-o no peito (a bala veio da direção da outra margem do rio). A bala foi disparada de uma distância não superior a cinquenta metros e a margem esquerda do rio fica a centenas de metros (o criminoso disparou de dentro do rio). Cerca de quinze minutos depois do tiro, população local e veraneantes apareceram na praia e nada viram (o criminoso saiu do rio como entrou: a nadar; e desapareceu pelo mesmo sítio por onde veio: pela margem esquerda, encoberto pela densa vegetação).
O magnata americano é um daqueles cegos que costumam dizer, com um misto de orgulho e de raiva contida, que “veem mais do que muitos não-invisuais”. Detesta “solenemente” que o tratem como inválido e há quase três semanas que fazia aquele caminho da vila para o rio, sempre só e apenas à hora em que toda a gente se resguardava estrategicamente do sol escaldante, dentro de casa ou nas sombras mais frescas daquelas paragens. Ao princípio, fazia-o quase às apalpadelas, pé ante pé, mas, alguns dias depois, já caminhava até lá sem grandes dificuldades, para gozar as delícias do Sol que ele adora sentir, forte e agressivo, no seu rosto (a um invisual, o Sol tórrido “tosta” a pele mas não “queima” ou perturba a vista), enquanto aguardava, em silêncio quase absoluto, que o peixe (abundante naquelas águas, o que desperta o apetite de todo e qualquer amante da pesca) mordesse o isco.

Bill era um homem de rotinas e de rituais. E foi isso que quase o perdeu. Ele tinha ido para aquele local longínquo para fugir do stress da sua agitada vida de empresário, com interesses em vários países e nos mais diversos setores de atividade. Ao escolher aquele lugar, para além de poder dedicar-se calmamente ao seu passatempo favorito, ele estava também convicto de que poderia dispensar os seus homens da segurança e viver finalmente algumas semanas em paz, como qualquer vulgar cidadão. Enganou-se! Alguém o perseguiu e estudou pormenorizadamente os seus passos até se certificar de que estava em condições de cumprir a sua “missão” assassina com sucesso e sem ser descoberto. Chegada a hora, mergulhou nas águas do rio até a uma distância que permitisse ter “pé” (num rio com leito muito aberto, mesmo de águas profundas, as margens têm “pé” até larga distância) e deixasse o americano ao alcance da sua carabina. O tiro partiu. Bill caiu para o lado (o atirador não estava numa posição absolutamente frontal ao alvo). Quando se recompôs do susto, o magnata-pescador teve presença de espírito e sentido de humor suficientes para exclamar: “Vi a morte à minha frente e safei-me!”…

 

QUEM TERÁ VENCIDO O NOSSO PRIMEIRO PASSATEMPO?

E os nossos leitores que participaram nestas duas provas, também se safaram? A ver vamos, como “diria o cego”… Agora é tempo de fazer contas às pontuações obtidas pelos concorrentes nestes desafios e somar às restantes, a fim de apurar o grande vencedor. Mas… só saberemos isso no próximo ano. Por agora, enquanto vos mantemos em suspenso sobre o assunto, aqui ficam os nossos votos de um FELIZ NATAL e um EXCELENTE ANO NOVO!