O DESAFIO DOS ENIGMAS – NOVO ANO, NOVOS PASSATEMPOS

Mais um ano que se aproxima do fim, mais passatempos que germinam na cabeça do orientador desta secção. A escrita de contos policiais é o próximo desafio que se colocará à criatividade dos nossos leitores, que terão também que se debater mensalmente com a decifração de problemas policiários (oito no total), assinados por alguns dos mais consagrados autores nacionais, com publicação agendada para a partir do início do mês de fevereiro de 2017.

Entretanto, enquanto se aguardam mais novidades sobre o que o próximo ano nos reserva, a leitora Ma(r)ta Hari, jovem enfermeira natural de Lisboa, atualmente em serviço num hospital público do norte, praticante entusiasta de geocaching e amante de desportos mentais, revela nesta edição a solução do seu primeiro problema policiário. Por sua vez, A. Cláudio, um veteraníssimo ribatejano de Almeirim que nos idos de 1945 era empregado numa livraria local frequentada por estudantes e que, já adulto, se formou com distinção em História, dá a conhecer a solução de um dos inúmeros enigmas policiários que foi fazendo ao longo das últimas décadas, até se ter afastado completamente, e aos poucos, destas lides…

 

AS FLORES ESCONDIDAS (SOLUÇÃO DA AUTORA)

As flores de canteiro escondidas pelo velho jardineiro grego no texto são 9 (nove). A saber: “O jardineiro AILEMAC (invertido), velho grego exilado em Portugal, autêntico esCRAVO dos canteiros do jardim público onde presta serviço, enlouqueceu de saudades da família e de paixão pelas flores que cuida com desvelo há mais de vinte anos. No seu deLÍRIO, resolveu descalçar as luvas e as sanDÁLIAs da sua labuta diária, coçando raivosamente os seus pés desnudados, e prostrou-se em cima de um dos bancos do jardim, gritando: “a minha vida aMARGA RI DAqueles que se dobram facilmente perante as dificuldades”. E, como vive cismando que lhe querem roubar as flores, gritou a plenos pulmões: “as flores do meu jardim são minhas e ninguém delas me apartará”. Para que não houvesse dúvidas sobre a sua disposição, vociferou: “venha o mais valentão e atrevido, e dele farei mil pedaços”. Colérico, reforçou a ameaça: “de certeza que nenhum homem ou aniMAL ME QUER ver furioso porque sabe do mal que sou capaz”. Firme, concluiu: “e é escusado virem com falinhas mansas ou especulações sobre o caso porque eu PAPO ILAções ao pequeno-almoço, com sumo de laranja”. Quando já estava quase vencido pelo sono, teve medo que lhe roubassem as suas “meninas” e escondeu algumas delas nesta pROSA, porque assim, segundo ele, não há quem VIOLE TAnta beleza criada pelas suas próprias mãos”.

 

MORTO! (SOLUÇÃO DO AUTOR, A. CLÁUDIO)

1. Passeio/Mau tempo. Stanley declarou que, na véspera, fora dar um passeio com o tio, na mata, quando, de súbito, este se sentiu mal. “Esqueceu-se” que, no dia anterior, “chovera ininterruptamente”, não propiciando tal passeio a um idoso, doente… que apareceu morto, deitado de bruços sobre a cama, vestido com a roupa que teria levado a esse passeio, mas sem qualquer vestígio de chuva ou de terra/lama…
2. Bolso rasgado. Segundo o mesmo, no regresso, o casaco do tio ficou preso num dos ramos do canteiro, rasgando-se. De facto, o investigador encontrou-o nesse local. Mas… seco, evidenciando que não estava lá desde o chuvoso dia anterior, tendo sido posto neste “dia formoso e prometedor”.
3. Som do tiro. Não foi ouvido pelo criado, porque este era surdo (“Levava, repetidas vezes, a mão, em forma de concha, ao ouvido”). Mas ele, Stanley, não o era e devia tê-lo escutado, considerando que o seu quarto seria próximo do do tio. – Pois não o ouvia ele, muitas vezes, falar alto, durante a noite?
4. Outros. O estado do tio já há algum tempo era preocupante. Regressa do passeio mal disposto, cambaleante, mas o sobrinho não procura saber do seu estado senão no dia seguinte?
Um tiro suicida provoca “uma pequena brecha no crânio”… e não um furo, com vestígios de pólvora (disparo à queima-roupa)… e sem sangue?

 

CONCURSO DE CONTOS POLICIAIS

Esta próxima iniciativa faz a ponte entre a literatura e o enigma policial, entre a produção e a decifração, entre o policial e o policiarismo. O seu arranque está previsto para breve e corporiza-se em forma de concurso aberto a todos, jovens e menos jovens, que se queiram “aventurar” na ficção policial no género Conto. O regulamento será disponibilizado oportunamente, prevendo-se que a entrega de originais ocorra em abril. Adiante-se, para já, que está prevista a existência de três classificações: a primeira, para todos os contos a concurso; a segunda, para aqueles que nunca tenham publicado qualquer conto; e, a terceira, destinada exclusivamente aos mais jovens. Portanto, pegue na caneta (no teclado do computador ou da sua velha máquina de escrever) e comece já a preparar o seu conto policial.

 

TORNEIO POLICIÁRIO’ 2017

Oito enigmas de índole policiária, especialmente produzidos para o efeito, constituem o Torneio Policiário’ 2017 que terá início no mês de fevereiro próximo, com base no regulamento que publicaremos em breve. Face ao maior grau de dificuldade dos problemas, comparativamente aos do passatempo que agora termina, o prazo de envio das soluções será alargado para que os leitores tenham mais tempo para leituras atentas e não se sintam pressionados a interpretações apressadas, mais passíveis de omitir pormenores e de… errar.