OS COLETES AMARELOS E OS CAPACETES BRANCOS

A Fundação para o Estudo da Democracia apresentou esta quinta-feira, na ONU, os resultados de uma investigação sobre a acção dos Capacetes Brancos na Síria, vincando a ligação do grupo ao terrorismo.

A crise do capitalismo e do neoliberalismo favorece claramente o movimento dos coletes amarelos, o qual em última análise serve para fortalecer as forças fascistas e neonazis que, com a permissividade dos governos ditos democráticos, procuram influenciar a opinião pública levando-a à repulsa da democracia, tal como a entendemos.

Estamos, pois, perante duas realidades inerentes à forma como o imperialismo actua e reage às suas dificuldades crescentes sem olhar a meios para atingir os seus fins de hegemonia global e geoestratégica.

Num período de crise, no qual o produto e o emprego crescem vagarosamente, assim se comporta também o crescimento da receita governamental, pois se o défice orçamental tem de ser controlado e as regras da União Europeia determinam que ele não exceda os 3 por cento do PIB, então a despesa governamental também tem de ser restringida.

Esta situação produz dois efeitos: primeiro, agrava a crise através de uma nova restrição da procura inerente e segundo, uma vez que tal corte na despesa tipicamente afecta sobretudo despesas sociais, provoca um novo constrangimento aos trabalhadores e às populações, nomeadamente às economicamente mais frágeis.

As repercussões no nosso País do movimento «coletes amarelos» francês não foram significativas, pois o protesto arrancou sexta-feira passada com pouca adesão nas ruas em virtude da extrema direita «estragar» a iniciativa, na opinião dos organizadores.

Em Lisboa, onde se observou uma maior tensão entre os manifestantes e as forças policiais, o trânsito junto ao Marquês chegou a ser cortado mas rapidamente foi restabelecido.

A PSP deteve três pessoas na zona do Marquês de Pombal, em Lisboa, que faziam parte do protesto, marcado por momentos de tensão entre manifestantes e a polícia e no Porto, onde a manifestação decorreu junto à rotunda do Nó de Francos, a polícia identificou oito manifestantes.

Segundo a direção Nacional da PSP, os manifestantes foram identificados por «apresentarem tarjas ofensivas e demonstrarem uma postura agressiva» e um deles foi levado para a esquadra, para verificação, dado que vestia um colete à prova de bala, sendo ainda de salientar que o número de polícias foi superior ao de manifestantes.

O primeiro-ministro afirmou que a «legalidade democrática» deve ser respeitada, aludindo às manifestações verificadas, acrescentando que «aquilo que compete ao Governo é assegurar sempre duas coisas: primeiro, que quem se quer manifestar que o possa fazer; segundo, que a legalidade democrática seja respeitada».

Os protestos dos «coletes amarelos» em Portugal foram convocados por vários grupos através das redes sociais, inspirados nos movimentos contestatários que nas últimas semanas se registaram em França.

Acresce que tanto o movimento sindical unitário como outras estruturas sociais, utentes dos serviços públicos, professores, reformados e pensionistas, já declararam a disposição de levar a cabo no próximo ano várias iniciativas destinadas a lembrar ao governo que os trabalhadores e a população em geral, embora reconhecendo a melhoria verificada até agora com a reposição de rendimentos e direitos, sentem a necessidade de ir mais além, pois se há dinheiro e não é assim tão pouco, são milhares de milhões, para salvar a banca, incluindo a corrupta, o mais correcto e socialmente credível é financiar adequadamente as áreas da Saúde, Educação, Transportes, Segurança Social, como serviços públicos essenciais e de proximidade, por muito que esta medida possa ser do desagrado dos mentores da União Europeia, pois somos um País soberano e com identidade, factores dos quais o Estado não se pode demitir.