PASSARAM 80 ANOS DO GUERNICA

“Carvalho de Guernica! Árvore mais/Sagrada que em Dodona a que escondia/Uma divina voz (a fé o cria) /Dando da aérea fronde altos sinais! (William Wordsworth)

No dia 26 de abril de 1937, a cidade basca de Guernica foi bombardeada por aviões alemães como parte do apoio de Hitler aos nacionalistas na Guerra Civil espanhola (17/07/1936 – 1/04/1939). Para Francisco Franco, o bombardeio teve estratégicos. Para os nazistas, foi um autêntico laboratório para a invasão da Polônia, era o início da denominada Blitzkrieg ou guerra-relâmpago, tática militar em nível operacional que consistiu em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, com o intuito de evitar que as forças inimigas tivessem tempo de organizar a defesa.

A “guerra-relâmpago” permitiu também à Alemanha dominar quase toda Europa. Em Guernica o objetivo era aniquilação da população civil. Em três horas de bombardeio, a Legião Condor largou toneladas de bombas explosivas, incendiárias e de fragmentação, enquanto aviões de caça metralhavam a população em pânico Era dia de feira e o vilarejo está apinhado de moradores das redondezas – única explicação possível para a sanguinária escolha dos fascistas. Umas 2 mil pessoas morreram. A Guerra Civil Espanhola despertou a solidariedade de artistas e intelectuais de todo o mundo., foram as Brigadas Internacionais , unidades militares compostas por voluntários estrangeiros que durante a Guerra Civil lutaram do lado da República.

Combateram em Espanha mais de 40 mil brigadistas, o maior contingente veio da França e da Alemanha, mas vieram voluntários de todas as partes do mundo, 10000 voluntários morreram em combate. Em janeiro de 1937, Pablo Picasso que vivia em Paris, foi convidado a fazer um painel para o Pavilhão Espanhol da Exposição Internacional na capital francesa. Após o bombardeio, ele abandonou a ideia inicial e pintou “Guernica”.

Inaugurado em maio de 1937, o Pavilhão da República Espanhola serviria de propaganda para um país que lutava contra o fascismo. A monumental obra de 3,49m por 7,76m, foi exposta pela primeira vez em 12 de julho do mesmo ano. “ Picasso utilizou tons de cinza para retratar os horrores da guerra. Corpos e rostos deformados e queimados” O mural parece ser quase um documento fotográfico a preto e branco, fotografias feitas sob incandescentes flashes.

Curiosamente o reputado diretor de fotografia espanhol José Luis Alcaine. Alcaine, postula que a principal inspiração de Picasso foi precisamente, o cinema, uma sequência de pouco mais de cinco minutos da película Adeus às armas, de Frank Borzage, drama anti belicista inspirado no romance de Ernest Hemingway (também um Brigadista) que estreou em Paris em 1933 e que, fotograma a fotograma, guarda surpreendente paralelismo com las personagens principais do quadro.”

A parte central da tela é dominada pela figura do cavalo dilacerado e do cavaleiro caído. Na mão esquerda, o guerreiro tombado carrega as linhas do destino; na direita, uma espada partida. A parte direita da tela é ocupada pela mãe que chora a morte do filho, uma “Pietã” (?), e pela figura do touro em chamas “Guernica” consegue mostrar a brutalidade da guerra sem o vermelho de uma gota de sangue. Com exceção da lâmpada elétrica, que substitui o Sol, nada remete à temporalidade.Com a derrota dos republicanos, Francisco Franco governou a Espanha até a sua morte, em 1975. Picasso determinou que o quadro ficasse sob a guarda do Museu de Arte Moderna de Nova York até que a democracia fosse restaurada em seu país.

Em 1981, “Guernica” voltou à Espanha e hoje faz parte do acervo do Museu Rainha Sofia, em Madrid “ (in http://www.dw.com/pt-br/os-80-anos-de-guernica/g-38529677). A Arvore de Guernica é o título de uma peça e filme do escritor espanhol Fernando Arrabal; A Guerra Civil Espanhola, vivida pelos moradores da cidade de Villa Ramiro, a história é contada com arquivos da própria guerra.

A cidade fica perto de Guernica, e os republicanos locais inspiram a sua liberdade na Árvore de Guernica, o carvalho sagrado, é a Gernikako Arbola, a árvore ao pé das quais os líderes bascos e os reis espanhóis vinham jurar seu respeito à autonomia basca.