“QUEREMOS ESTABELECER UM VERDADEIRO COMPROMISSO COM OS GAIENSES”

Cancela Moura é o candidato à Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia pela Aliança Democrática, que junta o Partido Social-Democrata (PPD/PSD), o Centro Democrático Social (CDS) e o Partido Popular Monárquico (PPM). Em entrevista ao Jornal AUDIÊNCIA o candidato falou de três questões que o partido considera estruturais para Vila Nova de Gaia: os transportes e a mobilidade, os arruamentos e a habitação. Cancela Moura referiu ainda obras do atual executivo que considera “promessas” que não cumpriram o prazo, como a extensão da linha do metro a Vila d’Este, o Pavilhão Multiusos e o Centro de Congressos, e referiu alguns equipamentos que acha essenciais para o concelho, como por exemplo, praças dotadas de redes wi-fi e a construção de uma ponte pedonal com ciclovia, ligando a zona do Cubo da Ribeira ao Cais de Gaia.

 

 

Como surgiu o convite e porque decidiu candidatar-se a presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia?

Moro na casa onde nasci. Cresci e trabalho em Gaia desde sempre. Tenho um percurso de vida com mais de quatro décadas dedicadas à participação cívica, ao associativismo e à causa pública. Sinto com especial emoção tudo o que diz respeito à minha terra, conheço os gaienses, sou um de entre eles, sei dos seus anseios, das suas dificuldades. Por isso, quando os órgãos do partido, legitimamente eleitos, me lançaram o repto, ainda que numa situação particularmente delicada, aceitei o desafio de liderar um projeto político alternativo ao da atual maioria socialista. E é com muita honra e profundo sentido de missão que sou candidato a presidente de Câmara, sobretudo em nome de Gaia, que é a nossa causa maior. Porque nunca virei as costas à minha terra, nunca lhe faltei.

 

Quais são as principais motivações da sua candidatura?

Fazer mais e melhor, mas também fazer diferente daquilo que o PS tem feito. Há três questões estruturais, que são os transportes e a mobilidade, os arruamentos e a habitação. São também prioridades o desagravamento da carga fiscal, a captação de investimentos e a desagregação de freguesias.

 

Como avalia o trabalho que o atual executivo tem realizado ao longo dos últimos oito anos?

Para nós, Gaia permanece um concelho adiado nos transportes, nos arruamentos e na habitação, onde a situação até se agravou neste período. Em oito anos há muitos anúncios e promessas, mas falta o mais importante: fazer. Por exemplo, a nova ponte que estaria concluída em 2022, afinal inicia em 2023 e, se o prazo não derrapar, só estará operacional em 2025; o Pavilhão Multiusos e o Centro de Congressos estariam em funcionamento este ano e não se sabe quando se iniciam; a requalificação do hospital leva mais de meia dúzia de anos de atraso e até a extensão da linha do metro a Vila d’Este, nos últimos quatro anos, apenas conheceu a cerimónia pública de consignação da obra, em março passado, com um estaleiro no terreno. A oposição séria, construtiva e responsável que assumimos ao longo deste mandato é uma linha de coerência que pretendemos manter na própria campanha eleitoral. Por isso, queremos estabelecer um verdadeiro compromisso com os gaienses. Em vez de decisões adiadas ou soluções de cariz casuístico, queremos apresentar propostas com planeamento e visão estratégica.

 

Como vê a evolução do concelho de Gaia nestes últimos anos? O que teria feito de diferente?

Na verdade, o concelho em vez de evoluir, estagnou. Desde logo teria optado por menos assistencialismo e mais incentivo à economia e à captação de investimentos. Para criar mais vantagem competitiva com outros concelhos, mais riqueza, mais e melhor emprego, o investimento terá de passar necessariamente por políticas públicas de incentivos empresariais. Apesar de aceitarmos e até acompanharmos a necessidade de acudir aos gaienses em condição mais vulnerável, o que se agravou em tempo de pandemia, é necessário dar resposta a montante, aproveitando a localização geográfica privilegiada do concelho, tornando-o mais atrativo para as empresas se fixarem cá. Ao nível fiscal, julgamos que o município tem uma carga fiscal excessiva. Para se ter uma ideia, estamos entre os dez municípios do país com maior carga fiscal. Em 2021, os gaienses vão pagar mais 20% de IMI do que se paga no Porto ou em Matosinhos. Dada a situação financeira da autarquia, propomo-nos fixar o IMI na taxa mínima e devolver aos gaienses metade do valor de IRS que cabe ao município na participação variável deste imposto. Esta devolução, prática corrente em mais de 40% dos municípios do país, é inteiramente justa, sobretudo nas atuais circunstâncias. Em termos de habitação, a Câmara não construiu uma única casa durante oito anos, isto quando existem mais de três mil pedidos de habitação, 78,5% dos quais pendentes por não terem sequer sido analisados. Por isso, queremos implementar um programa de construção de habitações para venda ou arrendamento, a preços controlados, em áreas do concelho com terrenos de valor mais acessível e criar um verdadeiro mercado de arrendamento, incluindo a possibilidade de requalificar fogos devolutos para o efeito.

 

Se for eleito, o que anseia concretizar durante o seu primeiro mandato, em prol do desenvolvimento da população e do concelho? Pode mencionar alguns projetos que serão implementados nas áreas da educação, saúde, desporto, cultura, ação social e ambiente?

A nossa proposta política assenta na “Cidade de 15 minutos”, um novo modelo de governação para Gaia, um novo conceito de proximidade que é também uma resposta à emergência climática. Esta é a ideia central, pensada tendo em conta a nova realidade do pós-pandemia, a sustentabilidade e a qualidade de vida dos gaienses. É uma coisa que não se faz de um dia para o outro, mas à qual daremos prioridade se os gaienses nos mandatarem para ficar à frente dos destinos do concelho. A transição digital e o teletrabalho implicam uma mudança de hábitos ao nível da mobilidade a que estamos habituados. Isto faz-se com políticas públicas que criem condições para que os gaienses possam aceder, num raio ideal de 15 minutos, a pé ou por modos de transporte suave, às funções sociais essenciais, como viver, trabalhar, comprar, cuidar, educar e divertir-se. Obedece também a uma nova lógica de ordenamento urbano, para gradualmente – e de acordo com as necessidades sentidas em cada freguesia -, criar espaços multicêntricos com praças ou núcleos, acessíveis aos respetivos moradores, dotadas de redes wi-fi e ofertas públicas ou privadas de comércio, serviços, jardins e espaços públicos, incluindo as áreas de desporto e lazer das escolas públicas. A classificação do Centro Histórico de Gaia como Património Mundial da UNESCO e a criação de novas acessibilidades – elevadores e escadas rolantes, há muito prometidas – serão para nós uma realidade, no contexto de uma política dirigida para a atração de novos habitantes, incluindo residências estudantis, que evitem a envelhecimento do centro da cidade.

 

Que equipamentos/infraestruturas acredita que enriqueceriam e proporcionariam melhor qualidade de vida em Vila Nova de Gaia?

A mobilidade é, para nós, o problema central e um dos problemas estruturais de Gaia e que deixa os gaienses descontentes – e com razão! Há obras de simples manutenção e de requalificação de arruamentos, que têm de ser realizadas, uma vez que apresentam condições de circulação inaceitáveis e há, depois, as obras estruturantes. Face à ausência de eixos fundamentais, é importante promover as ligações transversais entre o interior e o litoral e promover a mobilidade entre as zonas industriais da coroa central do concelho aos principais acessos à rede viária nacional e à ferrovia. Também queremos retomar a estratégia interrompida de implementação das vias de ligação, com a conclusão da VL3, da Avenida da República até ao mar, com derivação para o Centro de Reabilitação do Norte, é fundamental para o desenvolvimento harmonioso do concelho. Para revitalizar o Centro Histórico e promover o reforço das ligações à cota baixa com o Porto, defendemos a construção de uma ponte pedonal com ciclovia, ligando a zona do Cubo da Ribeira ao cais de Gaia.

 

Relativamente ao projeto autárquico que lidera para este concelho, pode falar-nos sobre a equipa que o está a acompanhar ao longo deste desafio?

Acompanha-me um conjunto de gaienses livres e descomprometidos, com provas dadas e com méritos pessoais e profissionais, comprometidos com a nossa terra, mas descomprometidos com a política, que querem abraçar a causa pública, com o espírito de missão de quem faz voluntariado ou com a humildade de quem serve numa associação. A integração nas listas de muitas pessoas da sociedade civil, como por exemplo o professor Fernando Almeida para presidente da Assembleia Municipal, aporta também credibilidade às nossas listas. De entre os candidatos às juntas de freguesia, destaco que mais de metade são independentes.

 

Que mensagem gostaria de deixar à população?

Gostaria de dizer que queremos que o nosso projeto seja uma carta de compromissos, um verdadeiro contrato que celebramos com os gaienses. Aos que não conhecem, que passem a palavra. Podem confiar em nós. Somos pessoas autênticas, genuínas e determinadas, a quem o trabalho não assusta e trabalha mais quando o caminho for mais difícil. Os contratos são para cumprir. E nós queremos cumprir com Gaia.

 

Lista de Candidatos da Aliança Democrática à Câmara Municipal de Gaia

  • Cancela Moura
  • Rui Rocha Pereira
  • Rosa Margarida Marques
  • Fernando Barbosa
  • Alfredo Jorge Moreira
  • Isabel Sousa
  • Victor Pereira
  • Pedro Oliveira
  • Henriqueta Antunes
  • Alexandra dos Reis Neves
  • Hugo César
  • Natércia Duarte
  • Bruno Marques
  • Sónia Pereira de Sousa
  • Paulo Santos