Desde cedo que se preocupou com as questões sociais de Vilar de Andorinho e, em 2013, como presidente de Junta, conseguiu melhorar quer a freguesia quer a vida dos vilarenses. Terminando o mandato, Serafim Teixeira, em conversa com o AUDIÊNCIA, falou sobre as dificuldades da freguesia, a relação com a Câmara, os projetos, a política e o que ainda falta fazer.
É licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho, mas quando é que a política apareceu na sua vida?
Todos somos políticos! Quando temos uma opinião ou quando defendemos algumas ideias ou princípios que consideramos importantes. Depois do 25 de Abril, comecei a participar em diversas atividades políticas e, mais tarde, abracei um projeto político aqui em Vilar de Andorinho, com o Dr. Manuel Monteiro, que muito nos orgulha. Nessa altura, conseguimos avanços importantes para a freguesia como a construção do Centro de Dia Salvador Caetano e Ana Caetano, um de muitos outros projetos sociais. Transformámos uma pequena feirinha medieval numa Feira a nível nacional com uma participação cada vez maior. Deixamos muitas outras obras concretizadas na freguesia e abrimos caminho para muitos outros que estão agora a tornar-se realidade. Sinto-me, por isso, muito orgulhoso de ver concretizados sonhos de várias décadas.
Quando, em 2013, assumiu a presidência, quais as dificuldades que encontrou?
Desde logo a necessidade de reajustar toda a dinâmica da Junta de Freguesia a uma nova realidade financeira e às novas imposições legais que vieram condicionar o nosso trabalho. Hoje em dia, o quadro legal que regula as autarquias locais dificulta imenso o nosso trabalho e impede-nos de resolver várias questões com a agilidade que gostaríamos. Depois, encontrámos uma freguesia que tinha estado esquecida pelo executivo municipal ao longo dos últimos mandatos. Não havia investimento municipal significativo em Vilar de Andorinho que fosse ao encontro das necessidades da freguesia e dos vilarenses. Talvez por isso, a maior dificuldade que encontrámos, e que ainda enfrentamos, é conseguir dar resposta às carências sociais. A crise financeira e económica agravou ainda mais os problemas das famílias vilarenses e, atualmente, a nossa maior preocupação é ao nível da ação social. Para além disso, os nossos recursos humanos são reduzidos e insuficientes. Apesar da situação financeira da Junta de Freguesia, que tem saldo positivo, o permitir, a legislação vigente impede-nos de ter os recursos humanos que precisamos.
Como é que as ultrapassou?
Com o espírito de missão que sempre me caraterizou e com muita dedicação. Sempre fui um homem do terreno, de estar ao lado das pessoas. Apesar de não conseguirmos resolver todos os problemas, melhoramos muito a qualidade de vida na nossa freguesia e criámos melhores condições para que cidadãos, instituições e coletividades possam usufruir da nossa freguesia. Para isso, foi fundamental a cooperação entre pessoas e instituições. Desde a Câmara Municipal de Gaia, que tem sido, neste mandato, um parceiro incansável na defesa dos interesses de Vilar de Andorinho, às associações e coletividades, às empresas e empresários e às IPSS. Melhoramos a comunicação entre a Junta de Freguesia e as pessoas e isso também permitiu reforçar os elos de proximidade.
Durante estes quatro anos, quais as obras que marcaram o seu mandato?
Felizmente, em Vilar de Andorinho, temos várias obras que marcam este mandato: o arranque da construção do Centro de Saúde de Vilar de Andorinho; a requalificação das Ruas Heróis do Ultramar, Modestos e Avelino Monteiro; a requalificação da 2ª fase da Urbanização de Vila D’Este, incluindo o Pavilhão, a piscina e diversas ruas; as obras do Centro Hospitalar Gaia/Espinho e a aprovação e arranque dos procedimentos legais para o alargamento do metro até Vila D’Este.
Passados quatro anos, como é que está Vilar de Andorinho?
Melhor. Com melhores infraestruturas, mais respostas sociais e oferta desportiva e cultural. Hoje, em Vilar de Andorinho, temos melhores ruas e acessibilidades, um hospital requalificado de excelência, um novo Centro de Saúde, que ficará concluído no início de 2018, e os espaços públicos cuidados e requalificados. Temos uma rede de apoio social mais capaz de dar respostas às necessidades dos cidadãos, um programa educativo e de ocupação de tempos livres como o Gai@prende+ absolutamente excecional, uma atividade associativa forte e dinâmica e uma programação desportiva e cultural que projeta a freguesia no panorama concelhio e regional. Temos também uma Academia Sénior melhor, com mais valências e atividades; a nova Fanfarra de Vilar de Andorinho e uma dinâmica ímpar.
Uma das suas preocupações foi a nível social, a vida da população está melhor?
Sim. Como já referi, foi uma das maiores dificuldades que encontrámos e uma das nossas grandes preocupações. Apesar da Junta de Freguesia não ter capacidade para resolver todas as situações, o trabalho em rede com as IPSS’s, Centro de Emprego e Formação Profissional, Câmara Municipal, Governo e até com as empresas vilarenses, permitiu melhorar o panorama social da freguesia, particularmente no que diz respeito às questões da empregabilidade e das qualificações. Sentimos que se respira melhor na freguesia e que a autoestima dos cidadãos tem aumentado.
Mas, o que é que ainda falta fazer nesta freguesia?
Vilar de Andorinho tem um potencial enorme. A freguesia precisa ainda de algumas infraestruturas que sejam espaços de lazer ao serviço da comunidade. A Câmara Municipal já lançou um projeto de candidatura a fundos Comunitários para a requalificação do Edifício “Elos”, na Urbanização de Vila D’Este e que servirá para desenvolver um Centro Comunitário. Em simultâneo, já arrancaram as obras do campo de futebol relvado no Empreendimento de Balteiro/São Lourenço. A concretização da extensão da linha do metro até Vilar de Andorinho permitirá também dar um salto importante no que diz respeito à mobilidade na freguesia. Para além disso, estamos a negociar a aquisição de uma casa junto ao edifício da Junta de Freguesia para a construção de um centro cívico em Vilar de Andorinho. Queremos também dar continuidade à requalificação das ruas em mau estado e reforçar a requalificação de espaços verdes, jardins e parques. Com as infraestruturas já existentes como as grandes vias de comunicação, autoestradas que circundam a freguesia, com as novas, como o metro e outras, o Centro de Saúde, o novo hospital, teremos também empresas e instituições que vão, naturalmente, ajudar a desenvolver e a transformar a nossa freguesia num polo de atração e de oportunidade de investimento.
“Tenho vontade de dar continuidade a este projeto”
Sente-se com o dever cumprido?
Claramente. Vamos completar quatro anos de mandato com muita obra feita em Vilar de Andorinho, em prol das pessoas e da freguesia. Com o apoio da Câmara Municipal de Gaia, tornamos sonhos antigos, promessas esquecidas e reivindicações com décadas em realidade.
Vilar de Andorinho pode contar consigo por mais quatro anos?
Sim, tenho vontade de dar continuidade a este projeto político e autárquico. Por isso, se voltar a merecer a confiança dos vilarenses, estarei a tempo inteiro dedicado e a trabalhar por Vilar de Andorinho.
Como vê a candidatura de Anabela Simões?
A avaliação dos candidatos deve ser feita pelos vilarenses.
Nestes quatro anos, a oposição travou muitos projetos?
Não. Os projetos que desenvolvemos foram em prol das pessoas e da freguesia e, por essa razão, não é possível estar contra o interesse de Vilar de Andorinho.
Como tem sido a relação entre a freguesia e a Câmara?
Excelente. Mantemos uma relação de cooperação permanente e é com muita satisfação que vemos a Câmara de Gaia tratar Vilar de Andorinho e os vilarenses com o respeito que merecem. Estivemos ao lado da Câmara no esforço que foi necessário para resolver o problema financeiro que a autarquia enfrentava mas, felizmente, com muita dedicação, rigor, competência e uma gestão inteligente do presidente Eduardo Vítor Rodrigues, Vila Nova de Gaia passou a estar com as contas no verde. A autarquia tem feito um investimento inteligente e sustentável no território e tem trabalhado em rede com as Juntas de Freguesia e com outras instituições para dar melhor qualidade de vida aos gaienses. Estamos, por isso, muito satisfeitos com todo o apoio municipal que nos tem sido dado e esperamos que, num novo mandato sem tantas dificuldades financeiras, seja possível concretizar ainda mais investimentos no concelho e na freguesia.
Olhando para o antes e depois, como avalia o mandato do presidente Eduardo Vítor Rodrigues?
O trabalho desenvolvido tem sido absolutamente fantástico. Toda a gente conhecia as dificuldades financeiras que a autarquia tinha e num espaço de cerca de três anos e meio, conseguiu colocar as contas municipais no verde, algo que não acontecia há muitos anos. E isto foi conseguido sem sobrecarregar os gaienses com mais impostos ou taxas, nem travar o investimento. Aliás, reduziu o IMI, a fatura da água (por via da taxa de resíduos sólidos) e outras taxas municipais e conseguiu colocar o concelho no topo dos municípios portugueses com mais investimento. Conheço o presidente Eduardo Vítor Rodrigues há muito anos. Sei que é uma pessoa inteligente, dedicada, rigorosa e com uma capacidade de trabalho excecional. Já visitou Vilar de Andorinho e já se reuniu connosco, com as associações e coletividades vilarenses mais vezes em três anos e meio do que os seus antecessores em vários mandatos. A nossa freguesia está-lhe reconhecida pelo trabalho que tem feito no concelho e em Vilar de Andorinho.
Com a criação do Plano Municipal da Juventude, acha que vai alterar a vida dos jovens gaienses?
Julgo que sim. Esta nova ferramenta de trabalho tem potencial para mobilizar os jovens e proporcionar um conjunto de oportunidades que lhes abrirá portas para um futuro melhor. Com mais atividades e com uma oferta cultural, desportiva, formativa e de lazer reforçada, estou certo que os jovens gaienses se sentirão ainda melhor em Vila Nova de Gaia.
O facto de terem pedido aos jovens ideias, foi um fator importante para que eles comecem a ver a política com outros olhos?
Sim, é fundamental que os jovens se mobilizem. Não necessariamente para a política, mas para a participação cívica e democrática. Não podem estar alheados e afastados das decisões que influenciarão o mundo que será deles. Se formos capazes de melhorar a forma como comunicamos com os jovens e se lhes dermos a oportunidade para mostrar o seu valor, estou certo que podem dar um contributo muito importante para a valorização da cidadania, da democracia e da política. Também por isso, estamos a trabalhar para avançar, muito em breve, com o Orçamento Participativo de Vilar de Andorinho, mais uma oportunidade para os jovens contribuírem com ideias e projetos.
Atualmente, as pessoas acreditam mais na política e nos políticos?
Os políticos são homens e mulheres com as mesmas qualidades e defeitos de todos os outros. Creio que a exigência tem sido cada vez maior e, por essa razão, a qualidade das pessoas que estão na política também aumentou. A Comunicação Social e a Justiça deveriam contribuir mais para que se distinguisse o trigo do joio, o bom do mau. Em Vila Nova de Gaia e em Vilar de Andorinho temos dado provas de que as pessoas podem confiar nos seus representantes autárquicos.
As pessoas reconhecem o seu trabalho ao longo destes quatro anos?
Acredito que sim. O trabalho está à vista. Tudo o que fizemos foi em prol das pessoas e de Vilar de Andorinho e é fácil ver o que está ou não feito. Em outubro, os vilarenses terão a oportunidade de avaliar o nosso trabalho e estamos conscientes de que fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para contribuir para o desenvolvimento de Vilar de Andorinho e para a melhoria da qualidade de vida dos vilarenses.
Enquanto Serafim Teixeira, o que é que o motiva?
A enorme honra de servir a terra que me viu nascer e onde me tornei homem. Sentir-me cada vez mais realizado, por ter colaborado e ajudado no crescimento e desenvolvimento da freguesia. O espírito de missão e paixão que me carateriza. A minha maior motivação é trabalhar em prol de Vilar de Andorinho e dos vilarenses.
Olhando para trás, no seu caminho pessoal, mudaria alguma coisa?
Não. Tal como os montes e vales, a vida é feita de altos e baixos. Apesar de nem sempre tudo correr como queremos, estou muito bem com a minha consciência. E isso é o mais importante. Existe um caminho que tem de ser percorrido, independentemente das adversidades.
Lema de vida…
Viver bem comigo e com os que me rodeiam, privilegiando sempre o trabalho em prol da minha terra e a dedicação aos outros.