“SENTIMOS O NOSSO CONTRIBUTO PARA COM A MEMÓRIA DOS PEDREIROS”

A celebrar 16 anos de vida, a Confraria da Pedra, sediada na Madalena, continua cada vez mais em ascensão.

O AUDIÊNCIA esteve à conversa com o seu Chanceler, José Carlos Leitão, um homem do associativismo que fundou esta instituição que tem por objetivo “perpetuar e recordar o trabalho nobre e duro dos pedreiros”.

Com tertúlias mensais diversas, a Confraria já recebeu inúmeras personalidades e José Carlos Leitão garante que as mesmas “uma das razões de ser desta instituição”.

 

 

16 anos da Confraria da Pedra, um contributo que solidifica a cada dia que passa.
Sim. Verdadeiramente é o que sentimos a cada encontro que fazemos. Sentimos que o nosso contributo para com a memória dos pedreiros que, com muita nobreza e dureza trabalham e trabalharam na pedra, vai passando no sentido de a perpetuar e de recordar esse trabalho tão nobre e tão duro.

Estas comemorações, além da presença habitual de grande número de confrades, contaram também com a presença de alguns Confrades de Honra e entidades políticas.
Sim, no jantar comemorativo dos nossos dezasseis anos tivemos a presença de 50 pessoas, entre alguns convidados e que serão futuros Confrades e muitos Confrades efetivos e de Honra. Para que não existam dúvidas, porque nesta Instituição Cultural somos todos iguais, é sempre um privilégio poder ter na nossa mesa pessoas da dimensão dos nossos Confrades de Honra, Frei Fernando Ventura, José Reis, Abílio Guimarães, Jaime Poças, Manuel Vaz Nunes, Almerindo Carneiro da Confraria Terras da Maia, César Oliveira, Eduardo Couto, Artur Carneiro, Manuela Alvares, António Silva ou Francisco Leite, que é o presidente da Junta da Madalena e que também nessa qualidade esteve presente. Numa data de transição que não é aquela data assim muito marcante não fizemos convites verdadeiramente institucionais. Mas, mesmo assim, e a tempo de cortar o bolo e de cantar os parabéns, tivemos a presença do nosso Confrade de Honra Patrocínio Azevedo, vice-presidente do município gaiense e que nos dá muito orgulho porque é, para nós, um dos nossos MAIORES. E, porque na Confraria da Pedra um jantar é sempre momento de partilha cultural, tivemos as presenças de dois padres amigos. O Padre José Augusto da paróquia de Avintes e o Padre Albino Reis da paróquia de Vilar de Andorinho e Capelão do Hospital de Santos Silva. Eles e o nosso Frei Fernando Ventura trataram de nos reconfortar a alma. Os Confrades Hu Junming e Xiaowei Ye, proprietários do Restaurante TOP, trataram de nos reconfortar o estômago que é sempre um momento interessante para se conviver entre amigos, que eram tantos e de enorme qualidade.

O que sente um Chanceler da Confraria da Pedra tendo em conta que para além das funções que ocupa é um dos fundadores da mesma?
Sente uma enorme alegria por saber que é o elo de ligação, o coordenador de um fantástico grupo de amigos que com carácter quase mensal se reúne desde julho de 2001 para estes jantares culturais. E ainda mais orgulhoso se sente por ser de verdade o fundador e confrade número 1 desta instituição onde impera a amizade e onde a hipocrisia não tem lugar nem qualquer possibilidade de êxito.

Estes 16 anos representam, também, muitas lutas pelo reconhecimento do pedreiro e da pedra azul da Madalena não é verdade?
Não travamos lutas com ninguém. Fazemos o nosso caminho e temos o reconhecimento de muita gente que a nós se junta e que connosco vai fazendo o caminho de fazer perpetuar a memória dos pedreiros e da nossa pedra azul. Aliás, essa memória está publicamente eternizada com o nosso monumento ao pedreiro que está inserido num local onde outrora existiam as pedreiras mais conhecidas da Madalena, no Largo do Maninho, e que foi custeado (por confrades efetivos e de honra e alguns amigos que não são confrades, madalenenses e não só) sem um cêntimo dos dinheiros públicos e oferecido ao património da nossa vila da Madalena.

Ao longo dos anos, inúmeros convidados têm passado pelas vossas tertúlias que são organizadas mensalmente. Que procuram ao trazerem este tipo de personalidades?
Sim. É verdade. Pelas nossas tertúlias tem passado gente enorme. Desde pedreiros até a um Nobel da Paz. Desde presidentes de Junta até ao vice-presidente e ao presidente da Câmara de Gaia. Desde administradores de empresas privadas até a administradores de empresas públicas. Desde padres a bispos. Desde atletas olímpicos a atletas e treinadores campeões em várias modalidades e campeões europeus e mundiais. Enfim. Não nos podemos queixar da qualidade dos que nos falam e estamos certos que eles e elas também não se vão queixar dos que os ouvem atentamente. E, depois, quase todos ficam nossos amigos e, posteriormente, nossos Confrades de Honra. Tivemos, de facto, situações muito curiosas e só para referir algumas: o Sr. Herminio, pedreiro com mais de 80 anos, a contar como enganava o patrão da pedreira ao próprio filho desse empresário e seu ex-patrão… Outra que foi de morrer a rir, até foi uma mais recentes, onde um nosso convidado, padre, nos deliciou com a sua história de vida e com as suas anedotas… ou então outra com o João Ricardo Pateiro a fazer relato e onde quase todos os confrades eram os intervenientes e onde até eu marquei um golo que por todos foi festejado como se estivesse acontecer no momento…

 

A caminho dos 17 anos, o que vem por aí?
No próximo ano teremos o VIII Capitulo, no último sábado de Outubro, como a nossa principal missão. Pelo meio, fazer umas visitas a outras Confrarias e organizar as habituais tertúlias que nos fazem tão bem e são o nosso porto de abrigo e uma das razões de ser desta instituição.

 

José Carlos Leitão tem um passado e presente ligado ao associativismo. Além da Confraria, a FEDAPAGAIA foi, também, um marco na sua vida.
Verdade. Tenho mesmo um passado de que me posso orgulhar sem qualquer falsa modéstia. Fiz parte de quatro associações de pais e presidente e fundador de três. Uma em Santa Marinha (EB 1 das Matas) e outras duas na Madalena (EB1 da Pena e MADAPE). Mas, onde fui verdadeiramente coordenador, foi na APEVA, em Valadares, onde fui tesoureiro e depois coordenador de uma das mais importantes APs de Portugal. Depois, e no mesmo espaço temporário, veio a FEDAPAGAIA, onde também fui vice, tesoureiro e presidente. Depois, na FRAPP fui presidente do Conselho Jurisdição e na CONFAP fui secretário da Assembleia Geral. Foi um marco muito importante que me fez crescer, conhecer e ser conhecido. Recebi a medalha de Mérito Municipal, Classe Ouro, tive o reconhecimento que com os meus pares dividi porque, ninguém consegue nada sozinho. Depois de sair do MAP, tive o mérito de ter (com 45 anos) ingressado na Universidade do Porto onde aos 50 anos me licenciei em Ciências da Educação. Algo que, de verdade, não foi nada fácil porque, trabalhar e estudar, sendo marido e pai e, sempre, sendo dirigente associativo – porque, em 2001 nasceu a Confraria da Pedra – foi verdadeiramente uma tarefa complicada. Mas sinto que valeu a pena. De facto, tive o reconhecimento da família e dos amigos, aliado ao reconhecimento institucional na justa medida em que sempre defendi com seriedade, paixão e entrega total todas as tarefas a que fui sendo chamado. Por isso, fui vice-presidente do Sporting Clube de Espinho, em 2003, aquando dos 90 anos e, dez anos depois, no centenário, lá voltei para coliderar durante três meses e depois liderar o resto do ano o voleibol sénior. Desportivamente, ser o responsável pelo VÓLEI TIGRE foi também um marco inesquecível, sobretudo porque fui vice-campeão nacional em 2003, e finalista da Taça de Portugal dez anos depois, onde, curiosamente, vivi um sentimento amargo e doce porque perdi com o CAM, do qual sou associado, o título de campeão nacional. Agora, no associativismo apenas tenho a Confraria da Pedra para me ocupar. No desporto, o FCP preenche o meu tempo livre como adepto. Na família, tenho uma neta que se encarrega de me ocupar e ajudar a desgastar as energias que sobram. E, como sempre, estou disponível para o que for necessário em todas as funções que exerço, sejam profissionais, associativas ou familiares onde tudo é feito com entrega e paixão.