SOCIEDADE FILARMÓNICA DE CRESTUMA COMEMORA CENTENÁRIO

No dia 3 de junho, a Sociedade Filarmónica de Crestuma realizou um pequeno concerto, junto à Igreja de Crestuma, para celebrar os seus 100 anos. A comemoração foi a possível, em tempos de pandemia, pois os planos seriam um concerto majestosa com as outras bandas gaienses e a gravação de um cd. Na singela comemoração, Eduardo Vítor Rodrigues anunciou ainda o presente do centenário: uma escultura em bronze, financiada pela Câmara, que será colocada no espaço em que o concerto se realizou.

 

 

No dia 1 de junho, a Sociedade Filarmónica de Crestuma comemorou 100 anos. No domingo seguinte à data da comemoração, logo, dia 3 de junho, a banda organizou, junto à Igreja de Crestuma, um pequeno concerto e cerimónia para assinalar o centenário, presentear o público com alguma música e anunciar algumas novidades que estão para chegar.

A pequena cerimónia teve início com uma largada de pombas pela vizinha Sociedade Columbófila Asas de Crestuma. Coube a Cancela Moura, presidente da assembleia geral da Sociedade Filarmónica de Crestuma, dar as boas vindas aos presentes, que ainda eram largas dezenas de pessoas que estavam sentadas nas escadas da igreja. Cancela Moura enalteceu o orgulho que sente na instituição e lembrou, não só os que hoje fazem parte dela, como todos os que fizeram parte do seu percurso ao longo dos 100 anos que se comemoravam. “Esta instituição é uma referência das nossas raízes, da nossa memória coletiva e estou certo que as gerações vindouras irão comemorar os 200 anos, com o mesmo vigor, a mesma dedicação e o mesmo orgulho que nós, aqui presentes, temos hoje”, foram as palavras do crestumense.

José Campos de Oliveira, atual presidente da Sociedade Filarmónica de Crestuma, recordou que a instituição nasceu pelas mãos de Alberto da Silva Ramos, que foi o seu primeiro presidente, e nasceu da junção de duas organizações musicais que já existiam na altura: a Banda Musical Crestumense e a Trupe Musical de Crestuma. No entanto, o presidente assumiu que não ia contar muito da história, até porque a mesma pode ser encontrada no livro que estão a fazer e que, segundo ele, precisam de vender. José Campos de Oliveira não esqueceu de enaltecer a escola de músicos que tanto orgulha a Sociedade Filarmónica e referiu o tempo presente como difícil, mas passível de ser ultrapassado. “A Banda sobreviveu à primeira guerra mundial, sobreviveu ao período negro da crise 1929/1930, sobreviveu à segunda guerra mundial, sobreviveu à crise de 2008/2012, e há de sobreviver também a esta pandemia”, concluiu o presidente.

O momento mais emocionante da comemoração terá sido quando José Campos Oliveira chamou a atenção dos presentes para a cadeira vazia que se encontrava entre os músicos, apenas com uma boina em cima. Uma bonita homenagem a um músico que tinha falecido recentemente. Presidente e músicos, entre lágrimas, aplaudiram Vítor, assim como o público que assistia ao espetáculo. “Desculpem a emoção, porque o Vítor foi uma excelente pessoa, foi um músico excecional, foi mestre assistente, foi professor de quase todos os músicos que estão aqui. De facto, o Vítor continua hoje aqui connosco”, foram as palavras de José Campos Oliveira.

José Campos de Oliveira anunciou que Eduardo Vítor Rodrigues, que, entretanto, chegou já no decorrer do concerto, atrasado devido às comemorações singelas do São Pedro da Afurada, iria anunciar o grande presente do centenário.

Eduardo Vítor Rodrigues, não poupou elogios à banda e referiu até que estes aniversários são importantes, porém, para instituições como a Sociedade Filarmónica de Crestuma, 100 anos são poucos. “Na vida das instituições vamos acreditar que 100 anos é só uma etapa dos ciclos que se hão de seguir, porque as instituições sobrevivem às pessoas”, disse o autarca gaiense. Os elogios de Eduardo Vítor Rodrigues estenderam-se também ao presidente da instituição, José Campos de Oliveira, sobre ele, o edil disse: “sei que não está na moda falar de pessoas, e não há insubstituíveis, mas há pessoas que fazem a diferença”.

Quanto à surpresa de aniversário, Eduardo Vítor revelou à população que os 100 anos, e festejados num ano particularmente difícil como é 2021, devido à situação pandémica que impede festejos de maior dimensão, tinham de ser marcados por algo especial. O autarca gaiense assumiu que, em reunião com Cancela Moura e José Campos de Oliveira, tiveram a ideia de evocar o centenário com um elemento arquitetónico. “Decidimos apoiar a banda de Crestuma a perenizar, através de uma imagem de bronze, estes 100 anos, financiando-a”, disse Eduardo Vítor Rodrigues, que também anunciou que será a escultora gaiense Margarida Santos quem irá dar corpo a esta homenagem. Além do financiamento da estátua, o autarca falou da reabilitação do espaço envolvente, que se torna paragem obrigatória para todos os amantes de música. José Campos de Oliveira não escondeu o orgulho neste presente: “sinto-me muito feliz, cada vez mais realizado, e acho que este monumento não é para o presidente José Campos, é para a Banda Filarmónica, é para todos os dirigentes que tiveram aqui desde 1921 e para os que ainda virão”.

Apesar da importância atribuída à futura escultura, Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, destacou outro apoio que a autarquia presta à Sociedade Musical de Crestuma como mais importante: as bolsas para os jovens da banda. O edil gaiense referiu como se sente orgulhoso de ter conseguido voltar a apoiar os jovens que querem estudar música. “Retomamos estas bolsas e eu orgulho-me muito, porque sempre achei que as boas contas na Câmara Municipal não servem para ganharmos o Prémio Nobel da Economia, servem para, estando melhor, podermos distribuir essas melhorias pelas nossas instituições ou pelas pessoas”, contou Eduardo Vítor.

No final, Joana Oliveira, maestrina da Sociedade Filarmónica de Crestuma confessou que a celebração foi a possível, não a desejada, até porque “havia muitas coisas planeadas, uma comemoração muito maior em termos de concertos, atividades, mesmo sem ser ligadas à música que não puderam acontecer”. Para Joana, numa celebração em bom “haveria um projeto que queríamos muito pôr em prática, que é a gravação de um CD, que estava planeada para este ano, mas, obviamente, não pôde acontecer. Dessa forma, acho que conseguiríamos deixar um marco para o futuro”. O cd fica como um sonho, não destruído, apenas adiado para dias melhores.

Também José Campos de Oliveira apelida esta de “festa possível”, assumindo que a intenção do festejo do centenário era bem diferente: “gostaríamos de chamar as nossas bandas vizinhas, de Coimbrões, Lever e Avintes, para fazer um concerto. A pandemia, infelizmente, não deixou. Assim como gostaríamos de trazer as bandas militares e já tínhamos o projeto todo desenhado. Infelizmente não pôde ser”. Outro projeto que fica guardado, mas não esquecido, e irá realizar-se, assim que possível.

O concerto dos 100 anos ditou, ainda, a estreia da composição ‘Centenário’. A maestrina confessou algum nervosismo na apresentação de uma composição nova, mas afirmou que enalteceu o momento e foi um marco deixado, que permitirá recordar a data de cada vez que for tocado.