UMA VISÃO DIFERENTE

Esta pandemia mundial que vivemos já provocou mais de quatro milhões de infetados em todo o mundo, veio mesmo mudar a nossa forma de viver e cada um de nós não teve outra hipótese que não adaptar-se a esta nova realidade.

Uns dos mais afetados com esta crise pandémica foram sem dúvidas os professores e os alunos das nossas nove ilhas. Claro que existem muitos outros setores também eles afetados, como os empresários que viram a sua economia estagnar, ou os pescadores que não puderam ir ao mar pescar aquele que é o seu rendimento familiar, mas vou focar-me no ensino porque há todo um futuro dos nossos jovens em jogo.

Este formato de ensino à distância trouxe enormes desafios à comunidade escolar, desde professores que têm de ser professores, pais, psicólogos, técnicos de informática, entre outros, ou até mesmo a alunos terem de se adaptar a plataformas de videoconferência que raramente (ou quase nunca) usavam.

Ninguém estava preparado para estes novos desafios mas todos se aplicaram ao máximo para garantir que o ensino não parasse e que não faltasse nada a estes professores e alunos que iriam ensinar e aprender, respetivamente, de forma tão diferente. Pena é que ainda muitos alunos continuam sem o bendito computador que o Governo Regional anunciou que iria entregar. O que valeu a estes estudantes é que houve autarquias e outras instituições que ajudaram, dentro das suas capacidades, e estiveram na linha da frente na resolução deste problema da falta de computadores ou de internet, como foi o caso da Câmara Municipal da Ribeira Grande.

Um bem haja a todos os professores pelo excelente trabalho que realizam todos os dias e a todos os que nesta altura difícil têm contribuído para que sejam reduzidas as desigualdades no acesso ao ensino.

Por outro lado, em algumas ilhas já começamos a ver o ensino presencial regressar. Este regresso às aulas presenciais está a ser marcado por uma nuvem cinzenta que paira em cima de vários estudantes e várias famílias, dada a conjuntura que atravessamos e por estes não terem o devido conhecimento de como essas aulas vão decorrer. Muitos já demonstraram publicamente estarem com algum receio até porque afirmam não estarem asseguradas todas as questões de saúde. Não basta anunciar que é obrigatório o uso de máscara, que haverá gel desinfetante um pouco por toda a escola ou que as mesas vão estar a dois metros de distância umas das outras. É preciso mais, é preciso, por exemplo, explicar como será feito o transporte para as escolas e o transporte de alunos com necessidades especiais; se durante os intervalos haverá algum controlo ou se ao almoço vão estar todos juntos na cantina; se as turmas vão ser divididas e se sim, como será feito… Enfim, uma panóplia de questões e dúvidas que pairam com tanta incerteza.

Tem sindo anunciado que estão asseguradas todas as questões de saúde mas não há indicação quais são e como serão implementadas. Por razões profissionais, aprendi que numa crise como esta é fundamental esclarecer toda a população com clareza para que não haja dúvidas, o que infelizmente não tem vindo acontecer.

Como se pode perceber temos grandes desafios pela frente. Não podemos perder a esperança e temos de lutar todos, em conjunto, porque em conjunto somos mais fortes! Cuidem-se!