VERDE VS MADURO

Um mito difícil de decifrar, mas se recorrermos a algumas dezenas de anos atrás facilmente se percebe o porquê.

Existe um grande mito do vinho verde vs vinho maduro, tudo isso está muito errado. Portugal está dividido em mais de uma dúzia de regiões vinícolas de norte a sul e ilhas, e nas mais diversas categorias, existindo dentro de cada região mais uma série de sub-regiões. Mas uma região diferencia-se pelo seu vinho e não pela sua região que é a região de vinhos verdes, muito por culpa de todo o comércio do vinho, desde garrafeiras, hipermercados, restaurantes com cartas de vinhos péssimas e pessoas muito mal formadas na área do vinho.

Muito facilmente visitam um supermercado ou um restaurante e recebemos a informação “verde” ou “maduro”, erradissimo. Pois não há verde nem maduro. As uvas da região dos vinhos verdes por norma são colhidas com uma maturação mais avançada que em outras regiões de Portugal.

De onde vem esse mito ou hábito de tratar a região como sendo dos vinhos verdes?

A região vinicola dos vinhos verdes é muito grande, e ocupa grande parte do norte de Portugal. É das maiores regiões de toda a europa. Foi criada há mais de 100 anos e encontra-se dividida em nove sub-regiões. Uma região mais propícia a vinhos brancos ou não fosse a sua localização e clima, pois excepto a sub-região do Paiva que se se situa a sul do rio douro e se estende até

Vale de Cambra. A região dos vinhos verdes fica a norte do rio douro entre o mar e as serras do Marão, Alvão e Gerês. Esta região caracteriza-se pela pela sua frescura, humidade e muita pluviozidade. O seu nome tinha de vir de algum lado. A região é atravessada por quase uma dezena de rios e quem bem se lembra as videiras “trepadeiras” de hoje nesta região não têm nada a ver com as videiras de há uns 30/40 anos atrás. Hoje são vinhedos contínuos e embardos de onde resultam vinhos com menos acidez, mais alcoólicos e com mais intensidade e equilibrio. O que era difícil de encontrar há umas dezenas de anos atrás.

Antes eram estendidas em ramadas altas a cercar os campos de cultivo agricola e horticula ou encostadas aos rios e riachos afluentes, a treparem por diversas árvores que serviam de suporte. Ora muita terra, muita água era só crescer, crescer e a produção tornava-se elevada mas com alguma fraca qualidade e com grandes dificuldades de atingir bons niveis de maturação. Então resultavam vinhos ácidos de baixo teor alcoólico e e com deficiências de equilibrio, e daí vem o nome de vinhos verdes.

Hoje em dia já não é assim, o cuidado que se tem com o vinho da região dos vinhos verdes é completamente diferente. Os produtores já não fazem o vinho com o intuito de ser só para consumo próprio, que até aos meados do seculo passado nesta região a maioria das videiras eram com esse intuito.

Por isso não vamos tratar por vinho verde ou maduro, mas sim por vinhos verdes, do Douro, do Alentejo, de Trás-os-Montes, etc.

. A região de vinhos verdes é só mais uma região como outra de Portugal com características singulares para a produção de vinhos, como outras regiões de Portugal o são, e não como um tipo de vinho diferente do resto das regiões.

Para mudar esse mito tem de haver muita força de vontade de todas as pessoas ligadas ao vinho, desde restauração, garrafeiras mas tambem por formaçaõ e informação a dar aos profissionais do sector.

Quando falamos da região dos vinhos verdes falamos na maioria das vezes de vinhos brancos e sim conhecida e reconhecida por eles. Mas não deixem de experimentar os deliciosos tintos que o mercado está a apresentar pois são excelentes surpresas e delícias. Conhecida e reconhecida pelos brancos mas antes era pelos seus tintos de cor intensa e muito vegetais, muito taninosos e carregados. Entretanto foram- se perdendo e foram substituídos pelos brancos que os levou a uns pequenos níveis de produção. Mais recentemente têm vindo de novo a ganhar adeptos e a aumentar a sua oferta e procura embora com um novo estilo. Devido ao método de orientação e produção das videiras são menos vegetais e carrascões, bem mais atractivos e versáteis.

Um conselho, não pensem que vinhos verdes são vinhos de baixo preço, pensem em vinhos com características únicas no mundo e seja qual for o preço que custar ele expressa uma região muito singular no mundo vinico.