“ABRIL DE 74 PERMITIU QUE POSSAMOS ESTAR AQUI HOJE, EM LIBERDADE, A AFIRMAR O QUE PENSAMOS”

A União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo realizou uma sessão de comemoração do 48º aniversário do 25 de Abril, no salão nobre da Junta de Freguesia. Além do tradicional hastear da bandeira e da atuação dos alunos da Associação Musical de Pedroso, a cerimónia contou, ainda, com a homenagem a diversas personalidades de Pedroso e Seixezelo que, no ano de 2021, se destacaram nas mais diversas áreas. Durante a manhã do dia 25, no âmbito das comemorações, tinha-se já realizado uma Caminhada Solidária, cujo valor angariado reverteu para a Liga Portuguesa Contra o Cancro.

 

 

No dia 25 de abril, a União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, realizou uma sessão de comemoração da Revolução dos Cravos, no salão nobre da Junta de Freguesia. A invocação da data teve início com o tradicional hastear das bandeiras, na zona exterior do edifício, e foi abrilhantada, já no interior, por um momento musical protagonizado pelos alunos da Associação Musical de Pedroso. Como também já é habitual, na mesma cerimónia, a autarquia aproveitou para homenagear algumas personalidades de Pedroso e Seixezelo que, no ano de 2021, se destacaram nas mais diversas áreas. Eduardo Vítor Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, marcou presença no evento.

A sessão protocolar começou com a intervenção de Filipe Silva Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, que começou por expressar a sua felicidade com o regresso das atividades presenciais. “Abril de 74 permitiu que possamos estar aqui hoje, em liberdade, a afirmar o que pensamos”, disse sobre a Revolução dos Cravos, e continuou, lembrando que “a coragem dos capitães de Abril fez com que, hoje, as populações sejam representadas pelo poder local, aproximando-as dos seus representantes”. Nunca dissociando a liberdade conquistada com a responsabilidade acrescida, Filipe Silva Lopes garantiu que todos os dias sente “a responsabilidade de, através da nossa ação, acrescentar valor na comunidade, a responsabilidade de, com a nossa ação, sermos exemplo para as gerações vindouras”. Para terminar, lembrou o trabalho de parceria entre Junta de Freguesia, associações locais e Câmara Municipal, enumerando projetos e áreas de ação, dando enfoque especial ao, segundo ele, tão sonhado Centro de Saúde, que se encontra apenas a um passo de estar realizado. A última palavra foi para os funcionários da Junta, em forma de agradecimento, não só porque “contribuíram para o sucesso e beleza desta cerimónia, mas, acima de tudo, pelo acrescento valor e qualidade que, diariamente, colocam nos serviços e nos projetos que vamos desenvolvendo na freguesia”.

Também Eduardo Vítor Rodrigues usou parte do seu discurso para lembrar o passado, ainda tão presente, da pandemia, e a atualidade, da guerra da Ucrânia. “Temos o hábito de ver o lado negro das coisas, de ver o lado negativo dos fenómenos, mas se olharmos para as coisas na sua multinacionalidade, também houve ensinamentos que podemos, e devemos, recolher destes últimos dois anos. Aparentemente passamos por esse tempo individualmente, mas, na verdade, passamos em conjunto. Quanto mais confinados estávamos, mais juntos estávamos”, foi assim que o edil gaiense lembrou o trabalho conjunto da autarquia, com as Juntas de Freguesias, as escolas, as associações de pais, as IPSS, os bombeiros e as associações locais. “Fomos capazes de fazer muita coisa, de responder de forma extraordinária aos desafios que iam aparecendo. Isto não estava nos livros de história, não estava nos livros de política e não estava nos livros de poder local”, disse. Depois lembrou, não só a guerra na Ucrânia, como a da Síria, do Iraque, e tantas outras que se vão manifestando pelo mundo fora, assumindo-as todas como barbaridades, e lembrando que são “um crime contra a humanidade” e que não pode ser justificável, de forma alguma, chegando mesmo a dar o exemplo de que, se a Espanha invadisse Portugal, prometendo que os portugueses teriam melhores condições de vida sob a alçada espanhola, Portugal, povo orgulhoso e de raízes, jamais o aceitaria, à semelhança da luta da Ucrânia para se manter livre e independente.

“Respeitar os outros, é, em primeiro lugar, respeitar que cada um diga aquilo que pensa, mesmo que aquilo que o outro pensa, seja diferente do que aquilo que cada um de nós pensa”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues.

O presidente mostrou-se triste por ouvir comentários, a propósito das comemorações do 48º aniversário do 25 de Abril, de que “está tudo mal, as pessoas estão tristes, o mundo ta perdido, os jovens de hoje não servem para anda, os políticos são uns corruptos, os tipos do futebol, corruptos são”, quase como se antes fosse melhor. O presidente da Câmara garantiu que se falarmos com as pessoas que viveram Abril de 74, todas elas dirão que valeu a pena. “Nós podemos ter cometido muitos erros nestes 48 anos (…) mas, no geral, nós somos gente honesta, somos gente impecável que gosta do que faz, altamente solidária”, concluiu, deixando uma mensagem de que, o essencial, é sempre o trabalho em conjunto, e que “a Câmara vale 0 sem vós, a Câmara não é capaz de fazer tudo e mais alguma coisa, mas é capaz de fazer coisas importantes, se estivermos todos juntos”.

Por fim, Joaquim Tavares, presidente da Assembleia de Freguesia de Pedroso e Seixezelo, fez uma pequena revisão histórica, lembrando que “com Abril de 74, Portugal abriu-se à Europa, ao mundo, e à democracia. Foi tempo de esperança, de se perspetivar um país melhor, de realização de muitos sonhos, da pluralidade de ideias. Com o 25 de Abril, os portugueses passaram a ter direitos iguais, o direito à saúde, à educação, uma vida digna, em que pais e mães deixaram de receber filhos em caixões devido a uma guerra injusta e sem sentido”. O percurso teve percalços, “dificuldades e alguns sonhos que não foram concretizados”, ainda assim, as coisas boas conseguem abafar estes erros.

Joaquim Tavares também referiu o momento negro da história que o mundo atravessa. “Neste mundo tão avançado, o que falhou? Como podemos regredir décadas, séculos, em termos de comportamento humano, mesmo com os altos níveis de conhecimento e educação?”, deixou no ar, terminando apenas com a frase: ”a liberdade e o que sonhamos com o 25 de Abril não pode ser posto em causa”.

Depois do momento protocolar, seguiu-se a homenagem às personalidades e instituições que se destacaram, durante o ano de 2021. “Cada vez mais precisamos de exemplos, de bons exemplos na nossa comunidade, pessoas de carne e osso, que circulam nas mesmas ruas que nós e frequentam os mesmos espaços. Continuem o vosso caminho, dignificando e ajudando a afirmar Pedroso e Seixezelo”, foram as palavras que Filipe Silva Lopes, presidente da União de Freguesias de Pedroso e Seixezelo, dedicou aos homenageados.

Com a medalha de honra da freguesia foram homenageados José Ferreira Pinto, fundador e administrador da Procalçado, que, infelizmente, não pôde estar presente por ter testado positivo à Covid-19, e Margarida Carvalho Lima, importante nome da medicina, e que recebeu a medalha a título póstumo. Já as medalhas de mérito foram entregues a Telmo Alberto Sousa Pinto, hoquista profissional e que joga, atualmente, no Futebol Clube do Porto, tendo sido os pais a receber o prémio em seu nome, e as Unidades de Saúde Familiar Viver Saúde e Monte Murado. Pela Unidade de Saúde Familiar Viver Saúde foi receber a homenagem a Dra Sara Santiago, e pela Unidade de Saúde Familiar Monte Murado recebeu o diploma a Dra Isaura Nobre.

Na cerimónia, a União de Freguesias também reconheceu três jovens que se destacaram no concurso GOP + Jovem 2021, promovido pela Câmara Municipal de Gaia. Na área da Criatividade, Cultura e Desporto, com o projeto da construção de um Centro Municipal de Lançamentos, a União de Freguesias congratulou Joana Fortuna. Na área do Meio Ambiente e Sustentabilidade, com o projeto da construção do Jardim da Felicidade, a autarquia reconheceu Andreia Gonçalves. Na área de Integeracionalidade e Voluntariado Jovem, com o projeto Gaia Discover, Pedroso e Seixezelo felicitou Mariana Ribeiro.

No período da manhã, decorreu, ainda, a tradicional Caminhada Solidária do 25 de Abril, que contou com a participação de cerca de 220 pessoas, e cujo valor angariado reverteu, na totalidade, para a Liga Portuguesa Contra o Cancro.