Após um ano parado, devido à Pandemia da Covid-19, o forno do povo em Pitões das Júnias voltou a cozer saudades pelas mãos de Gracinda Marinho. A única barrosã, desta turística aldeia do concelho de Montalegre, que coze pão de centeio saído do forno comunitário.
Foi Gracinda Marinho que devolveu a alma ao forno do povo de Pitões das Júnias, há 18 anos atrás, e que, agora lhe voltou a dar chama após um ano de confinamento. É uma história de amor incondicional, e, só assim se explica que esta pitonense de 50 anos, mãe de três filhos nascidos em França, tenha deixado a cidade luz, onde nunca se adaptou, para voltar à terra que a viu nascer.
O forno comunitário de Pitões das Júnias, entre 2005 e 2010, teve vida diária, hoje, funciona quando ocorrem celebrações.
Gracinda Marinho, proprietária de uma padaria na aldeia, acredita que o tempo irá mudar, para melhor. Uma mudança que irá retribuir o impacto deste emblema turístico. “Não há ninguém que visite Pitões sem passar pelo forno do povo. Está muito bonito. As pessoas gostam. Os turistas ligam-me a perguntar quando abre o forno”, afirma a barrosã, acrescentando ainda que, “não há nada como o pão saído do forno. É especial. A própria pedra dá-lhe uma côdea diferente. É o cheiro, o paladar…ninguém resiste!”.
O regressar deixou Gracinda Marinho emocionada, e, para assinalar a jornada, trouxe azeite e açúcar para colocar no cimo do pão no momento da degustação. Um pequeno gesto que lhe lembra “o tempo antigo”.
“Na minha infância, toda a gente cozia no forno. As famílias eram numerosas. Via a minha mãe cozer o pão e colocar-lhe este azeite e o açúcar. Fiquei a gostar desta tradição. Tenho orgulho nisto”, salienta a mesma.
A barrosã de Pitões das Júnias, lembra a saudade que sai do forno do povo, “há muitas histórias que se passam dentro do forno. Fiz aqui amigos para a vida. Gosto do que faço. Acho que me vejo nisto até ser velhinha. Isto dá-me força. Sou uma padeira para continuar por muitos anos”.