PROTESTOS CONTRA A GUERRA NA UCRÂNIA

À míngua de objectividade e  ver mais longe os acontecimentos relacionados com a guerra da Ucrânia e as relações internacionais, temas que nos deviam ser facultados pelos media com seriedade, deontologicamente de forma segura e imparcial, eis-nos confrontados com o regresso à Inquisição, não por ignorância, mas sim por identificação.

Esta arrazoado liga-se directamente à parca ou nula informação sobre a onda de protestos contra a guerra na Europa, mas estendida também aos Estados Unidos, por incrível que possa parecer à primeira vista.

O jornal diário alemão Jungewelt relata a iniciativa do activista pela Paz, Willi van Ooyen, subordinada ao tema «Deite suas armas-Não à guerra», em que se podia ver o cartaz clamando «OTAN fora da Alemanha», iniciativa esta que se juntou ao apelo da Conferência de Paz de Viena para  uma semana global de mobilização a partir Setembro e até Outubro de 2023, para exigir um cessar-fogo imediato e negociações de paz para acabar com esta guerra na Ucrânia.

Em Hamburgo e aproveitando a celebração nacional do «Dia da Unidade Alemã», uma demonstração do movimento pela Paz ocorreu, reunindo centenas de pessoas que participaram num comício, em frente à estação de comboios de Altona, seguido por uma marcha para o mercado de peixe local e debaixo de chuva torrencial.

Em Munique, 2.500 pessoas reuniram-se em clima ensolarado na Marienplatz sob o slogan «Mir reicht – Mach Frieden» (Já tive o suficiente – fazer a paz) e sobre a Odeonsplatz, mais de 300 activistas da Paz afirmaram: «Já é hora de política de paz! Organizar resistência contra o militarismo e a guerra!».

Também centenas de pessoas responderam ao apelo da Assembleia da Paz do Reno-Ruhr para uma manifestação de protesto contra o centro de comando da força aérea em Kalkar / Uedem que não obtem a simpatia da população.

Em Berlim, cerca de mil pessoas marcharam do Ministério das Relações Exteriores para o Ministério das Finanças, depois para a sede do Partido Social-Democrata-SPD, exigindo desarmamento e nenhuma entrega de armas para a Ucrânia.

Em Dusseldorf, mais de 300 participantes num comício pediram «ganhar a paz, não a guerra» e outros eventos ocorreram em Saarbrucken, Schorndorf e Heidelberg.

Por mais de dois anos, os líderes do governo da Dinamarca vêm negociando um acordo bilateral de defesa com os Estados Unidos, que permitirá que as tropas estado unidenses permaneçam em solo dinamarquês por períodos de tempo curtos ou longos, enquanto o material de guerra pode ser armazenado no País sem a possibilidade de controle dinamarquês.

A primeira-ministra Mette Frederiksen disse numa reunião de imprensa em Fevereiro do ano passado que o objetivo do acordo é que os Estados Unidos tenham «uma oportunidade ainda melhor para estar presentes aqui na Europa».

Com base nos acordos que já temos, os soldados dos Estados Unidos não serão processados em tribunais dinamarqueses por crimes cometidos na Dinamarca e, com o acordo sendo negociado, não os poderemos impedir de armazenar armas nucleares no País.

«Não às bases dos Estados Unidos, nem às tropas estrangeiras em solo dinamarquês», dizia um cartaz numa reunião política realizada em Junho passado na ilha de Bornholm.

Os Estados Unidos não divulgam a sua estratégia, o que significa que os seus funcionários nunca informam se armazenam armas nucleares em suas aeronaves, navios e bases, e a Dinamarca nunca poderá ter a certeza de que as armas nucleares não estão armazenadas nas bases, ou seja, a Dinamarca também corre o risco de se tornar um alvo de bombardeio para os muitos inimigos que os Estado Unidos fizeram e fazem durante as muitas operações militares e guerras que tradicionalmente travaram e travam.

A Noruega celebrou um acordo de base com os Estado Unidos, permitindo-lhes pleno acesso a quatro áreas terrestres na Noruega, onde podem montar quartéis, hangares e áreas portuárias como desejarem. Não haverá possibilidade de qualquer tipo de controlo destas áreas pelas autoridades norueguesas. Os detalhes do acordo foram mantidos no mais profundo sigilo e a população norueguesa nunca foi perguntada se  queria as bases.

No outro lado do Atlântico, manifestantes deixaram a sede da CNN em Columbus Circle, em Manhattan, para caminhar na rua através de multidões na Times Square para terminar na sede do The New York Times. Eles protestaram contra a guerra por procuração da NATO na Ucrânia e as mentiras promovidas pelos monopólios da media corporativa.

Uma coligação de organizações antiguerra e pela Paz na cidade de Nova York preparam  uma próxima marcha e reunem-se para aumentar a consciencialização pública sobre como os Estados Unidos deliberadamente provocaram a guerra contra a Rússia na Ucrânia, expandindo agressivamente a NATO para as fronteiras da Rússia.

Na vanguarda deste movimento está a exigência de uma cessação imediata do envio de armas dos Estado Unidos e apoio financeiro para a guerra por procuração da NATO para a Ucrânia e  os organizadores enfatizam a necessidade da NATO se retirar imediatamente da Ucrânia, da África e de todas as outras regiões onde a aliança militar perpetua a violência e a instabilidade. Eles também pedem à grande media corporativa que pare de promover a propaganda de guerra, pare de censurar vozes antiguerra e apresente uma representação precisa das realidades da guerra no terreno.

Apesar de suas reivindicações de força e unidade, a ANATO enfrentou falhas significativas em vários conflitos, incluindo Iraque, Afeganistão, Síria,  ou seja, todos os lugares onde guerras prolongadas trouxeram grande sofrimento e agora a Ucrânia. Enquanto a aliança militar estado unidense/europeia projeta uma imagem de invencibilidade, sua incapacidade de impor um regime corrupto e fantoche estável indica sérias fraquezas.

A rebelião na região do Sahel, na África, é outro testemunho do alcance e influência limitados da NATO e as nações da África Ocidental, Mali, Burkina Faso, Guiné, Níger,  levantaram-se contra a NATO e a França, exigindo a retirada de tropas estrangeiras e restaurando o controle sobre seus países e ricos recursos naturais para seu povo.

Como a indústria de armas desempenha um papel importante no capitalismo americano, britânico, francês e alemão, a NATO, mesmo não vencendo guerras, enriquece o complexo militar-industrial privado e em Setembro passado num artigo da Reuters, executivos da indústria de armas concordaram que os temores de guerra global são bons para os negócios, o que lança luz sobre a base para o apoio da classe dominante  Estado Unidense à guerra na Ucrânia, sugerindo que suas intervenções são impulsionadas por interesses econômicos, juntamente com o objetivo político de desmembrar a Rússia, ou seja, os grandes fabricantes de armamentos ficam ricos, os russos e ucranianos morrem, os trabalhadores e as populações dos Estados UNIDOS, da Europa e do Oriente pagam.

Até um dia.