“SABOR DAS PALAVRAS”: JORGE TORMENTA FALOU SOBRE O PASSADO, PRESENTE E FUTURO DO ANDEBOL FEMININO EM PORTUGAL

Jorge Tormenta foi o convidado de honra da terceira tertúlia temática, que se realizou na Quinta da Boucinha, cujo mote foi “Desporto na atualidade”. O professor, treinador, formador, orientador e comentador de andebol, falou, para além das inúmeras conquitas e projetos alcançados, sobre o seu percurso de vida e sobre o desporto como uma escola de valores positivos, que tornam possível promover uma cultura de diálogo, igualdade de género e inclusão social, que considera ser de valor inestimável para toda a sociedade. No final do evento, Odete Caldeira, cofundadora do projeto e proprietária da Quinta da Boucinha e do restaurante Alma & Mar, anunciou que Paulo Rodrigues será o convidado da quarta edição, cujo tema é “Associativismo na atualidade”.

 

 

 

O projeto “Sabor das Palavras” foi criado por Manuela Bulcão, escritora, e por Odete e Rui Caldeira, proprietários da Quinta da Boucinha e do restaurante Alma & Mar, e promete “fazer a diferença e marcar este momento que estamos a atravessar”, através da gastronomia, aliada aos testemunhos marcantes de inúmeras individualidades.

Eduardo Vítor Rodrigues e Filinto Lima foram as primeiras personalidades que estiveram a conversar à mesa, na Quinta da Boucinha, e, agora, foi a vez de Jorge Tormenta dar o seu testemunho. Assim, aquele que é uma figura incontornável do andebol em Portugal e considerado por muitos como o “pai do andebol feminino”, foi o orador da terceira tertúlia temática, que decorreu no passado dia 16 de setembro, na Quinta da Boucinha, com o mote “Desporto na atualidade”.

Além de criador e coordenador do projeto Andebol Colégio de Gaia/Colgaia, Jorge Tormenta foi, também, o fundador do Curso de Animação e Gestão Desportiva, dirigente-técnico e vice-presidente da Associação de Andebol do Porto e constituiu-se como a referência do desporto escolar do Colégio de Gaia, sobretudo por causa dos títulos conquistados no andebol feminino português.

Odete Caldeira, cofundadora da iniciativa, começou por afirmar que “hoje vai ser um momento único”, dando, posteriormente, início ao momento gastronómico que homenageou o convidado através dos sabores. Neste seguimento, todos os presentes foram agraciados com um folhadinho de alheira com queijo da Serra, creme aveludado de aves, arroz de tamboril com gambas e tarte de limão merengada. A iniciativa contou, entre inúmeras personalidades, com a participação de João Paulo Correia, presidente da União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso e recandidato ao cargo, que teve de abandonar mais cedo, devido a compromissos políticos, mas fez questão de dirigir breves palavras a Jorge Tormenta, antes de se retirar, relembrando a sua passagem como aluno do Colégio de Gaia e partilhando que “já em 1993/1994, olhávamos para o professor Jorge Tormenta como uma referência na área do desporto. Se bem me lembro, nessa altura, a equipa de andebol feminina estava a afirmar-se com títulos, ao mais alto nível, nas provas nacionais”.

“Falar, hoje, da equipa de andebol feminina do Colégio de Gaia é falar do professor Jorge Tormenta”, salientou o autarca, enaltecendo que o convidado “é uma referência no andebol português”.

Quando Jorge Tormenta tomou a palavra começou por contar que quando recebeu o convite, aceitou de imediato, aproveitando a ocasião para “agradecer às entidades, como é o caso da Quinta da Boucinha, por fornecerem as refeições às respetivas equipas internacionais de arbitragem e de delegados da Federação Europeia, durante a sua estadia aquando das competições europeias, porque era um alívio muito grande. Também tenho de agradecer a presença de duas grandes instituições, que estão no meu caminho, principalmente uma que está no princípio do meu caminho e outra toda a vida. O Colégio de Gaia e o Futebol Clube de Gaia, que foi onde eu comecei a minha carreira de treinador”.

Falando sobre a prática da modalidade antes do 25 de abril, o fundador e coordenador do projeto Andebol Colégio de Gaia/Colgaia, evocou a importância das mulheres no andebol, lembrando que conseguiu colocar, em 1988, a equipa de andebol feminina na 1ª Divisão Nacional, de onde não saiu até aos dias de hoje, e conquistou inúmeros títulos nacionais e participações em competições internacionais.

Recordando as dificuldades do passado, o convidado revelou os desafios do presente, impostos pela proliferação do novo coronavírus e fez questão de deixar uma mensagem de esperança no que concerne ao futuro do andebol masculino e referindo que, no que respeita à equipa feminina, “penso que vamos melhorar a nossa seleção e vamos conseguir resultados muito melhores”.

Jorge Tormenta garantiu, ainda, que “nunca, na minha vida, o desporto serviu para adulterar a transmissão de valores”, porque eu “acredito que o desporto é uma escola” e “na formação humana, tudo é importante, se queremos uma sociedade melhor”.

Acreditando que “através do desporto é possível fazer uma sociedade melhor, fazer um futuro melhor e fazer uma família melhor”, o fundador e coordenador do projeto Andebol Colégio de Gaia/Colgaia asseverou que “foi sempre isso o que me fez pugnar, para criar boas condições para os jovens serem felizes”.

Após a intervenção do convidado, foi a vez da audiência começar a manifestar-se. Neste contexto, Aurélio Morais, presidente do Futebol Clube de Gaia, usufruiu do momento para relembrar que “conheço o Jorge Tormenta desde a década de 60 e devo dizer que, desde aquela altura, nós organizávamos alguns torneios, de brincadeira, e o Jorge Tormenta já era o organizador, o treinador e era tudo aquilo que ele, com muita humildade, faz”, mencionando que “ele é um indivíduo muito humilde, comparativamente com aquilo que ele tem dado ao país, a nível desportivo, a nível docente” e desejando que “continue durante muitos anos a trabalhar em prol do andebol, em prol de vila nova de gaia, do colégio de Gaia e do país”.

Por outro lado, Núria, atleta do Clube Jovem Almeida Garrett, que é adversário do Colégio de Gaia, questionou o convidado sobre o futuro do andebol português. Também o diretor do Colégio de Gaia, padre António Barbosa marcou presença na iniciativa e fez uso da palavra para “agradecer a Jorge Tormenta por tudo aquilo que ele fez e pelo que continua a fazer em prol do desporto, do andebol, da educação e dos jovens”.

No final da sessão, Odete Caldeira anunciou que Paulo Rodrigues, presidente da Federação das Coletividades de Vila Nova de Gaia, será o convidado da próxima tertúlia, que se irá realizar no próximo dia 29 de outubro, com o tema “Associativismo na atualidade”. A cofundadora adiantou, ainda, que o evento vai contar com a presença de José Manuel Braia Ferreira, presidente da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários do Faial, e proporcionar “o intercâmbio de algumas vivências da Ilha do Faial e do continente”.