“SE A TROFA FOR A CAPITAL DA REGIÃO NORTE DO PAÍS, VAMOS POTENCIAR MELHOR QUALIDADE DE VIDA À POPULAÇÃO”

A poucos meses do final do seu segundo mandato, Sérgio Humberto, presidente da Câmara Municipal da Trofa, fez uma retrospetiva do que conseguiu e do que almeja conquistar para o concelho que tanto ama. Lembrando os primeiros tempos e deixando vários projetos e ideias que espera conseguir realizar, o autarca continua a querer colocar as pessoas na linha da frente das suas políticas e prioridades, sem esquecer algumas obras materiais e imateriais emblemáticas que espera ver concretizadas. Com o sonho de transformar este município na capital da região Norte do país e de ver o metro chegar à Trofa, Sérgio Humberto teceu duras críticas ao Estado Central, ao Conselho Metropolitano do Porto, na pessoa de Eduardo Vítor Rodrigues, e ao presidente da Federação Distrital do PS do Porto, Manuel Pizarro, acusando-os de não terem vontade e de estarem a boicotar a extensão da linha. Enaltecendo que “na Trofa, ninguém fica para trás”, o edil garantiu que o futuro da região será muito risonho, só para os trofenses, como para a população de toda a região.

 

 

 

Qual é a história do seu percurso no mundo da política, mais precisamente, desde que tomou posse, em 2013, dos destinos do município da Trofa?

A tomada de posse ocorreu há quase oito anos atrás, no passado 21 de outubro de 2013. Lembro-me perfeitamente que foi uma noite de uma tempestade enorme. Nós estávamos no Salão Nobre dos Bombeiros Voluntários da Trofa ocorreram inúmeros problemas de inundações, então saímos de lá e fomos para a Freguesia de Guidões, onde houve cheias. Portanto, isto para lhe dizer o quê? Nós não vínhamos ao engano, nós sabíamos que íamos encontrar muito trabalho, sabíamos que íamos encontrar uma das câmaras mais endividadas do país e, como tal, logo no primeiro dia, depois do ato de tomada de posse, arregaçamos as mangas e fomos para o terreno. Recordo-me que estivemos até às 3h30 da manhã em Guidões, porque tinha caído um muro sobre um carro e muitas das estradas em paralelo tinham sido levantadas completamente, abalroadas pela força das águas e, no dia a seguir, reunimo-nos, aqui, no fundo, com a equipa de emergência, com a proteção civil e com a divisão de obras municipais e manutenção, para aferir como é que nós íamos resolver esse problema. Portanto, foi logo desde a primeira hora do ato de tomada de posse que foi exigido muito trabalho a este executivo e, no fundo, a todos os colaboradores da Câmara Municipal. Houve momentos muito difíceis, nomeadamente, nos primeiros dois anos nós só recebíamos credores, quando, anteriormente, os nossos antecessores, nem recebiam as pessoas para tão pouco dar uma justificação e dizer porque é que não pagavam, quando iam pagar e se queriam pagar. Logo, durante dois anos, posso dizer-lhe que eu e o vice-presidente fizemos reuniões com praticamente todos os credores do município da Trofa, apenas duas empresas, na altura, é que não quiseram reuniu-se connosco, para negociarem ou para saberem quando é que nós íamos pagar. A situação da Trofa não era fácil, mas sendo um município jovem, tinha todas as capacidades para crescer. Ainda hoje, estamos, aqui, num edifício que já pagou muito dinheiro de renda ao longo destes mais de 22 anos, porém a realidade e o futuro próximo são muito risonhos. Nós temos conseguido, felizmente, remar todos para o mesmo lado e a Trofa está a conseguir coisas que se estão a projetar quer em termos regionais, nacionais e até internacionais, porque não dizê-lo, como é o caso da Alameda da Estação e como estou convicto que vai ser o caso do edifício dos Paços do Concelho, da Praça do Município, dos espaços e áreas de lazer em todas as freguesias, das novas áreas industriais, que atrairão mais empresas, mais emprego e mais espaços que proporcionam qualidade de vida aos nossos munícipes, a quem nos visita, a quem cá trabalha e estuda, porque são muitas as pessoas de vêm fora. Nós temos apostado muito no ensino profissional, porque cada vez mais detetamos que há lacunas naquele que é o ensino é normal e regular, porque não está adaptado ao mercado de trabalho. Nós, hoje, temos a consciência de que um bom soldador, um bom serralheiro, um bom carpinteiro, um bom picheleiro, um bom técnico de CNC ganha mais do que alguém com uma licenciatura, porque o mercado de trabalho precisa e, obviamente, que seja com recursos humanos qualificados, porque não há problema nenhum, nem todos podemos ser engenheiros e arquitetos, nem jornalistas, nem políticos, nem doutores e, portanto, há aqui um conjunto de oportunidades que estão a acontecer no município da Trofa e, também, na região. Vamos ser sinceros, é a norte do Rio Douro, que está, no fundo, o corredor de exportação, mais especificamente na Maia, Trofa e Famalicão, que se prolonga até Braga e é aqui que existe emprego e cada vez mais bem remunerado, isto é, acima daquilo que é, obviamente, o salário mínimo e muitas vezes superior àquele que é o salário médio e é isso o que nós pretendemos, ou seja, empregos qualificados e que não são empregos, no fundo, apenas para ganhar o salário mínimo, logo o caminho é por aqui. Já me ouviu dizer algumas vezes que o passado foi duro, está ultrapassado, obviamente tivemos que aprender com isso, mas não queremos voltar a viver esses momentos de termos os impostos todos do máximo, de não termos dinheiro para quase pagarmos aos colaboradores da Câmara Municipal no mês seguinte, nos quais a Câmara da Trofa não tinha bom nome, quer com os nossos fornecedores, quer com as entidades parceiras, CCDR-N, secretarias de Estado, Instituto Nacional de Estatística, DGEstE, Direção Regional de Cultura. Portanto, percebíamos que havia uma má imagem da entidade Câmara Municipal da Trofa e, hoje, o cenário é completamente diferente. Hoje, a Trofa é apontada como um dos exemplos em, se calhar, diversas áreas, e, como tal, foi esse o percurso, que foi difícil, foi um caminho de pedras, terrível, e foi preciso muita força, coragem, perseverança, coordenação, planeamento, assim como trabalhar muito mais do que aquilo que os nossos colegas e companheiros faziam, mas foi assim que a Trofa, obviamente, conseguiu estar no terreno do desenvolvimento.

 

Em breve a Trofa deixará de ser o único município do país sem edifício dos Paços do Concelho. O que representa esta conquista tanto para si, como para os trofenses?

Nós temos previsto inaugurar o edifício dos Paços do Concelho no início do próximo ano, já a contar com mudanças, mais especificamente entre os meses de abril e maio. A empresa que está, no fundo, a edificar os Paços do Concelho diz que entrega o edifício no final deste ano, se nós dermos aqui dois meses, obviamente, de atraso e, depois, com as mudanças, eu acredito que entre abril e maio, já teremos lá os edifícios todos. Primeiro passo, a Trofa vai começar a poupar dinheiro, pois vai deixar de pagar rendas e começar a ter património. Segundo passo, mais importante do que significa para mim, porque se calhar eu, enquanto político, sou a pessoa que menos vai usufruir daquele edifício, a não ser que a população da Trofa reconheça o trabalho que foi feito e volte a dar-me um voto de confiança. Portanto, os Paços do Concelho representam, eu acho que mais do que tudo, o simbolismo da nossa autonomia administrativa e vamos ter um edifício único e singular. Também vamos ser o último município, de 308, a ter esse edifício. Odivelas, que foi criado no mesmo dia que a Trofa, já tem. Vizela foi criado uns meses antes, também já tem e vamos ser o último dos 308 a ter um edifício dos Paços do Concelho, mas nesta parte, também, há coisas boas. Eu acho que vamos ter um edifício ajustado àquilo que é o presente e o futuro. Como tal, já temos um edifício autossustentável, com materiais nobres, dignos, com baixos custos de manutenção e, como eu lhe estava a dizer, praticamente autossuficiente, do ponto de vista energético. Isto já é um passo de gigante relativamente aos outros e é isto o que nós temos conseguido com a questão do Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro, com a Alameda, com o Parque das Azenhas, com muitas obras que estão no terreno de grande dimensão, a Ciclovia do Coronado, este edifício dos Paços do Concelho, mais do que tudo, para os trofenses e onde eu estou incluído, a representar o orgulho de sermos trofenses e o orgulho de nós termos conquistado a nossa autonomia administrativa. No passado, milhares e milhares de pessoas uniram-se e lutaram durante anos, perante o desinvestimento que acontecia, na altura, nestas oito freguesias, por parte da Câmara Municipal de Santo Tirso e nós não temos nada contra os tirsenses, nós temos muita, no fundo, tristeza e revolta, por aquelas pessoas que tiveram o poder local nas mãos e nada fizeram nestas freguesias. Portanto, não temos nada contra o povo tirsense, temos é contra as pessoas que não investiram nestas oito freguesias, que, hoje, compõem o concelho da Trofa. É esta a nossa revolta, é esta a nossa indignação, porque era um território subdesenvolvido. Na altura, estou a falar em 1998, com 12% de saneamento e com uma cobertura de 20% de água, com um parque escolar degradado, uma rede viária desqualificada e não havia nenhuma infraestrutura pública. Hoje, podemos dizer que a Trofa, nos próximos dois anos, em termos de saneamento, terá uma cobertura de 100% e que, até 2026, terá, também, uma cobertura de 100% de água. Hoje, o município de Santo Tirso tem 53% de saneamento, quando a Trofa hoje já tem 97,8%. Portanto, isto demonstra a capacidade que existe de empreendedorismo, força, dinâmica, garra, naquele que é um concelho próspero, um concelho que já ultrapassou, no meu entender, claramente, o município de Santo Tirso, naquilo que proporciona a qualidade de vida às suas populações. Portanto, é isto, não olhamos quem está para trás, queremos olhar quem está à nossa frente e queremos ser iguais, ou melhores, do que esses, proporcionando uma boa qualidade à nossa população, para atrair mais gente, mas, sobretudo, cuidar bem daqueles que já cá estão.

 

O município está com grandes obras em curso, orçadas em mais de 15 milhões de euros. De todos os investimentos realizados ao longo destes dois mandatos, quais foram as obras materiais e imateriais mais importantes para si?

Do ponto de vista imaterial, foi repor o bom nome do município da Trofa. As pessoas começaram a perceber que forneciam a Câmara e recebiam e, essa, eu acho que é a mais relevante de todas. Quando nós tínhamos fornecedores, do nosso próprio município, que não queriam fornecer a Câmara Municipal, logo por aí, a nossa ação passou por repor o bom nome do município. Se alguém fornece, vai receber e não precisa de esperar nem um ano, nem dois, nem meio, nem três meses, porque nós estamos a pagar, em média, dentro de uma semana ou 15 dias. Portanto, isto é ótimo. Depois, o nosso compromisso com aqueles que eram os nossos credores foi pagar, foi dar a cara, pois se nós devíamos, apesar de não termos sido nós, enquanto responsáveis, a ter feito essa dívida, tínhamos de honrar os compromissos daquilo que é uma entidade. Portanto, não foi empurrar com a barriga para a frente, não foi chutar para o lado, nem sacudir a água do capote, foi, essencialmente, dar a cara e, portanto, transmitimos a essas pessoas que a Câmara Municipal ia pagar, pagou e está a pagar e reduzimos mais de 47 milhões de euros, nestes 8 anos, e, como disse, na altura, o secretário de Estado das Autarquias Locais, Carlos Miguel, a Trofa é dada, em Lisboa e em todo o país, como o caso maior de recuperação financeira. Como sabe, ainda agora, recentemente, foi aprovada, pelo Governo, uma lei, porque alguns presidentes de Câmara, por não cumprirem o PAEL, o Programa de Apoio à Economia Local, pela questão dos impostos, por aquilo que eram as regras, no fundo, exigidas pelo Estado Central, tinham perda de mandato e o Governo teve a necessidade de mudar a lei, para esses presidentes de Câmara não perderem, no fundo, o mandato. Muito sinceramente, não vivo com o mal dos outros, mas nós não fizemos isso, não levamos esse caminho. Houve presidentes de Câmara, como foi o exemplo de Gaia, que estava em risco de perder o mandato, porque não cumpriu a lei, que estava em vigor. Nós não fomos por esse caminho. Nós somos pelo caminho do planeamento, do rigor, da exigência, nossa, de nós próprios, e de termos de cumprir com aquilo que era o Programa de Apoio à Economia Local. Portanto, do ponto de vista imaterial, também, tenho, aqui, algo a referenciar, que era algo que, no município da Trofa, já se trabalhava bem, mas nós ainda experienciamos bastante, que foi o nosso tratamento para com as pessoas que passavam por mais dificuldades. Como dizia o doutor Marques Mendes numa visita aqui, nós, nestes oito anos, vivemos duas crises económicas e sociais, além desta pandémica que, hoje, estamos a viver, mas essa é a primeira vez, e há uma garantia que eu posso deixar a todos é que, através dos serviços da Ação Social, através das IPSS, na Trofa, ninguém passa fome e, na Trofa, ninguém fica para trás. Portanto, os serviços mínimos são garantidos a todos, independentemente da sua condição à nascença, e a qualquer pessoa, seja uma criança ou alguém mais idoso, que tenha dificuldades. Como tal, o centro das nossas políticas são e vão continuar a ser as pessoas. Obviamente que, para chegarmos ao centro das nossas políticas e às pessoas, também é preciso infraestruturas materiais, como é o exemplo de grandes obras, como o Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro, que nos levou a um prémio da Universidade do Minho de Município do Ano da Área Metropolitana do Porto, o Parque das Azenhas, a Alameda da Estação, que nos levou além-fronteiras, do ponto de vista internacional, como exemplo daquilo que é um projeto dentro do PEDU e pronto, eu estou a falar de obras, que já estão concluídas, porque em fase de obra, hoje, no terreno até é ligeiramente mais. Nós estamos com obras, hoje, no terreno, no valor de 22 milhões, o que é algo gigante, como deve imaginar. Eu estou a falar de obras públicas, completamente coordenadas e projetadas pela Câmara Municipal da Trofa, porque nos próximos meses esperamos que esteja aí a variante à Estrada Nacional 14 e, infelizmente, não tenho encontrado, por parte da administração da Metro do Porto, a vontade de avançar já com o metro até à Trofa e este é um assunto que me preocupa, porque isto devia ser falado no Conselho Metropolitano e não há uma reunião do Conselho Metropolitano em que se fale do metro do Porto. Portanto, é algo que está muito mal. Quando estamos a falar que, verdadeiramente, o projeto do metro do Porto é um projeto de interesse metropolitano e quando não é discutido, no fundo, no órgão que deve ser discutido, que é o Conselho Metropolitano, portanto tudo o que são as extensões que estão a ser feitas, são feitas à parte de um órgão, que devia ser o que define as prioridades e, portanto, aquilo que eu lhe posso falar sobre a variante à Estrada Nacional 14 é do ponto de vista positivo, é algo ambicionado há mais de duas décadas e meia e que temos a convicção de que em setembro, ou outubro estará no terreno. Quanto ao metro até à Trofa, vai continuar nos próximos tempos, infelizmente, a existir uma grande injustiça, a existir um boicote por parte de algumas pessoas, nomeadamente, do presidente da Federação do Partido Socialista do distrito do Porto, Manuel Pizarro, e por parte do presidente do Conselho Metropolitano, Eduardo Vítor Rodrigues, porque não têm vontade, muito sinceramente. Eles não assumem isto, dizem que: “sim senhor, o metro é para vir”, mas isto, uma vez mais, é enganar a população. A política não precisa deste tipo de pessoas, precisa de pessoas que façam acontecer e se foi aprovada uma resolução na Assembleia da República, por unanimidade, por todos os partidos, que dava orientações ao Governo e à Metro do Porto, que quando existissem cêntimos, euros, para investir no metro do Porto, a primeira prioridade era, no fundo, cumprir, ou fazer cumprir, uma grande injustiça, que havia para com uma população, que era trazer o metro até à Trofa. Portanto, não fazem cumprir documentos assinados, anteriormente, por seus colegas, ou ex-colegas de Governo, e isto é a descredibilização da política. Como tal, é destes politiqueiros, no fundo, que nós não precisamos. Nós precisamos de políticos de palavra, profissionais, exigentes, honestos, mas, sobretudo, com coragem para tomarem as decisões corretas e não se deixarem levar por lobbies partidários. Infelizmente, é uma luta que nós vamos ter no futuro, mas não vamos cruzar os braços, nem tão pouco vamos deixar cair os braços, porque eu estou consciente de, que a seguir às eleições e correndo a pandemia como nós imaginamos, vamos ter de fazer ondas de insatisfação, demonstrando ao Governo Central que não é para daqui a dez anos, nem para daqui a cinco anos, a execução do metro até à Trofa, mas sim o mais rápido possível, porque os projetos já estão atualizados e podem começar a fazer, nem que seja faseado. Nós queremos que o metro chegue até ao Interface Rodoferroviário da Trofa, disso não abdicamos, já pode ser feito, porque não há alteração nenhuma, o metro em carril até à Serra, e, portanto, que seja faseado. Aquilo que nós queremos é que ponham as mãos na massa, o problema é que não querem por as mãos na massa, pois é muito mais importante para essas pessoas olharem para o umbigo e para andarem a negociar extensões de metro, por apoios partidários. Portanto, é isto o que não deve acontecer. Quem está à frente de uma entidade pública, eleito pelo povo, deve deixar a camisola partidária de lado e deve vestir a camisola, no fundo, das suas comunidades. Como tal, se algo não acontecer, posso dizer que a população da Trofa e o povo trofense vai demonstrar, uma vez mais, a sua força, perante aqueles que não querem e que inclusivamente não assumem que não querem trazer e andam a mentir, porque não tem outro nome, não é faltar à verdade, chama-se mentir. Depois, obviamente, nós vamos fazer demostrar o nosso grito de revolta, perante o tratamento que tem existido, por parte dos sucessivos Governos, para com a população da Trofa, porque são todos responsáveis e eu acho que estão todos metidos no mesmo saco, independentemente dos partidos. Portanto, quando houver alguém que tenha a coragem de lançar o concurso e de não o anular, porque ele já tinha sido lançado, na altura, pela secretária de Estado das Infraestruturas, Ana Paula Vitorino, que veio anunciar que o concurso tinha sido lançado e ele efetivamente foi lançado mas, passados uns meses, não foi suspenso, foi anulado e, portanto, políticos destes, como a Ana Paula Vitorino, é este o exemplo, não são bem-vindos no concelho da Trofa.

 

Ao longo dos últimos quase oito anos, o Sérgio Humberto travou muitas lutas. No seguimento do que referiu anteriormente, podemos afirmar que a contenda pela chegada do metro à Trofa tem sido uma das mais difíceis?

São muitas viagens a Lisboa, muitas reuniões, é muito tempo perdido, porque nós entramos com uma mão à frente e outra atrás e saímos de lá da mesma forma, ou ainda mais confusos. Nós todos temos de dar valor ao nosso tempo. Não vou cansar de ter essas reuniões, essas pessoas é que vão ter de se cansar de andar a enganar aqueles que são os representantes da Câmara Municipal e que lutam pelos interesses da população, pois foi para isso que foram eleitos. Como eu lhe disse anteriormente, se não for a bem, vai ter que ser na rua, de uma forma ordenada e respeitosa, mas vai ter de ser na base das manifestações e das lutas, porque as pessoas vão ter de perceber que o Estado Central tem de ser uma pessoa de bem, quando não o é, nomeadamente, para com esta região e para com este território, porque os trofenses não são portugueses de segunda, nem os trofenses são pessoas que estão dentro da Área Metropolitana de segunda classificação. Não são só os de Gaia, nem os de Matosinhos, nem os de Gondomar tão pouco, que estão no primeiro patamar, estão todos, estão os de Arouca, de Vale de Cambra, da Póvoa, da Trofa, de Santo Tirso e têm de estar todos na mesma linha. Como tal, é esta a luta que tem de se travar, que é difícil e é preciso coragem e existe essa coragem, por parte de quem, no fundo, nos apoia. Existe essa coragem de bater o pé e de fazer demonstrar que tem que se fazer cumprir, no fundo, a palavra primeiro e, depois, aquilo que são os documentos assinados. Portanto, esta vai ser o grande desígnio do próximo mandato, em termos de reivindicações, mas obviamente que vamos ter outros desígnios, tais como, construir a Praça do Município, reconstruir a Ponte Pênsil, alargar o Parque das Azenhas até Bairros e até à Ponte da Lagoncinha, requalificar o centro de Alvarelhos, modernizar a Freguesia de Guidões, nomeadamente, com a instalação de novas empresas e o alargamento de áreas industriais, requalificar aquilo que é a Vila do Coronado, que é uma área importante dentro do concelho da Trofa, potenciar as mais-valias, do ponto de vista naturais, que nós temos, na Freguesia de Covelas, também no Muro, com áreas industriais, com um potencial enorme de crescimento, do ponto de vista habitacional e de qualidade de vida e, depois, temos São Martinho e Santiago, que compõem a cidade, que, obviamente, também têm um tecido empresarial forte, com áreas empresariais a crescer e terão novas infraestruturas num futuro próximo, como por exemplo, um Auditório/Museu que potencie e uma Biblioteca. Por isso, muitos são os projetos que estão aí para acontecer e brotar. Portanto, as sementes já estão lançadas e, claramente, vão florescer num futuro muito próximo e quando eu estou a dizer isto, estou a falar dos próximos dois anos e meio. Posso dizer que aquilo que é a Trofa, hoje, daqui a dois anos e meio será um concelho com cerca de 40 mil habitantes, muito diferente, para melhor, com melhores vias de comunicação, melhores espaços que proporcionem qualidade de vida, mais infraestruturas, mais políticas na educação, na área social. A Trofa é, como eu tenho dito, um concelho diferente, onde ninguém fica para trás.

 

Considerando que estamos a poucos meses do fim do seu segundo mandato, qual é o balanço que faz dos últimos quatro anos, apesar de terem sido marcados por uma pandemia?

Foi um mandato difícil, diferente e depois da pandemia tudo mudou, porque as prioridades tiveram de ser redefinidas, mas não hipotecamos o futuro. A nossa primeira prioridade, a partir do momento em que surgiu a pandemia, foi, obviamente, esta luta, quase global, contra o novo coronavírus e o município da Trofa não fugiu, pelo que direcionou mais de dois milhões de euros, aliás, já executou mais de dois milhões de euros neste combate à pandemia. Por isso, nós temos aquele que é considerado um dos melhores centros de vacinação do país, sendo que vários municípios já cá vieram ver como é que estava organizado e, hoje, posso dizer que, em muitos dias, são vacinados no nosso centro de vacinação, às vezes, mais pessoas que residem fora do concelho da Trofa do que aquelas que residem, porque existe uma grande procura por um serviço de qualidade e a Câmara Municipal, em coordenação com o ACeS, potenciou tudo isto. A autarquia, com os 14 colaboradores que tem a trabalhar sempre on time, no fundo, ajuda a melhorar o serviço que é prestado à nossa comunidade. Relativamente aos computadores que foram entregues às nossas crianças, cujos pais não tinham capacidade, eu posso dizer-lhe que se nós estivéssemos à espera do Estado Central, das mentiras sucessivas do ministro da Educação, pela chegada dos meios informáticos aos nossos alunos, eles teriam ficado para trás e, logo, aqui, está o que é a diferença entre aquilo que é a social-democracia e aquilo que é a injustiça, porque, lá está, nós não deixamos ninguém para trás e aquelas pessoas mais carenciadas tiveram as mesmas oportunidades, o que não aconteceu em todo o território nacional, lamentavelmente. As crianças não têm culpa nenhuma de terem nascido pobres e é, aqui, que o Estado, quer seja Local, quer seja Central, tem de estar, é naquelas pessoas que, verdadeiramente, precisam de ajuda, não é naquelas que não precisam, porque se os portugueses pagam impostos, é para estas situações. Não pode dar um rendimento mínimo de olhos fechados a toda a gente e tentar incentivar pessoas que tenham saúde e que tenham todas as condições para trabalhar, a não trabalhar, quando nós precisamos de pessoas no mercado de trabalho e precisamos de contribuir. Nós não temos de incentivar ao desleixo e à falta de exigência, não, tem de existir, para as próprias pessoas se sentirem envolvidas no trabalho em comunidade e, portanto, aquilo que aconteceu na Trofa, aconteceu noutros municípios, felizmente, mas, infelizmente, não aconteceu em todo o território nacional e nas regiões autónomas. Tenho a consciência de que muitas crianças, por inoperância, por falta de sensatez, por irresponsabilidade de governantes, quer seja nacionais, quer sejam locais, não tiveram as mesmas possibilidades e é isso o que não pode acontecer em política, porque os políticos não são todos iguais, são como os médicos, como os carpinteiros, há bons e há maus e não podem ser todos colocados no mesmo saco. Como tal, aqui, na Trofa, nós tivemos uma promessa, por exemplo, de que os computadores e internet, que foram pagos pela Câmara Municipal, iriam ser financiados por um fundo do Governo acima de 85%. Sabe quanto é que recebemos até hoje? Zero. Não há ajudas nenhumas, nós não tivemos nenhuma ajuda do Estado Central, no combate à pandemia. Nem na compra de EPI’s, nem de álcool gel, nem de batas, foi tudo a Câmara Municipal que o fez, despesas próprias, e não houve um cêntimo, pior, houve ministros e ministras, e estou a falar de Eduardo Cabrita e de Alexandre Leitão, que disseram que esses fundos iam chegar via fundos europeus de apoio às autarquias. Nenhuma autarquia recebeu, pelo menos eu tenha conhecimento, e o município da Trofa não recebeu de certeza, nem um cêntimo de ajuda. Portanto, se não fossem as autarquias, se não fosse o poder local, isto tinha sido muito pior. Por isso é que eu, hoje, cada vez mais, sou um regionalista, porque quem chega, normalmente, aos cargos de poder em Lisboa, tem uma enorme vontade de se trancar num gabinete e de só olhar só para a capital e isto não pode acontecer. Logo, é, aqui, que nós, jovens e menos jovens, nos temos de envolver, porque é por dentro da política que nós temos de fazer isto acontecer e o único sistema político em que eu acredito é na democracia e é através dela que nós temos de demonstrar, a quem quer que esteja no Estado Central, que tem de mudar muita coisa, não é pouca coisa, é muita coisa que tem que mudar, porque Portugal não é só Lisboa e, portanto, é esta luta que nós vamos ter de travar na próxima década e espero bem que, daqui a 10 anos, já esteja resolvido. Eu quero chegar aos 55 anos e ver muita coisa já feita e somos nós todos, jovens e menos jovens, que nos temos de envolver nesta luta, através daquilo que é mais importante, que é um direito que nós temos, que é de exercer o direito de voto e de votar em pessoas que se coloquem à disposição, porque estar na política é uma missão. Eu já tenho dito isto muitas vezes, estar na política é para servir, não é para se servir. Estar na política é para trabalhar em prol de uma comunidade, não é para estar a trabalhar em prol do seu umbigo, ou da sua família. Estar na política é uma missão e quem não encara o político, ou a política, e não encara este desafio como uma missão, parte logo de uma base completamente errada e, portanto, é dessas pessoas que nós não precisamos. Nós precisamos é daquelas que encarem a política e os cargos políticos como missões, que têm um início e que têm um fim, que era como dizia Alexandre, o Grande, “no final, só importa o que fizeste”, porque no final, verdadeiramente, só importa aquilo que nós fizemos e se nós somos chamados a esta missão, eu acho que nós temos de fazer acontecer e não podemos deixar tudo na mesma, empurrando com a barriga para a frente e não fazendo nada acontecer.

 

No passado dia 16 de julho foi anunciada uma redução de 35% da fatura da água para as famílias e de 20% para os empresários trofenses. Neste seguimento, o que é que ainda anseia fazer mais pelos trofenses?

É algo que nos satisfaz muito ter chegado a esta negociação. Primeiro, não hipotecando o futuro, porque não avançamos para o resgate, pois caso o fizéssemos estaríamos a hipotecar o futuro de pessoas que, se calhar, ainda não nasceram. Depois, estamos a falar de uma redução significativa, nomeadamente, para as famílias de 35% e para as empresas de 20%, sendo que, por exemplo, no primeiro escalão, pode até ser superior a 35%. Portanto, não estamos a falar de trocos no orçamento familiar, pois é algo que é significativo. Nós viemos repor, no fundo, algo de um aditamento que foi feito em 2011, pela antecessora Joana Lima, que se calhar não leu o que estava assinar e que foi ruinoso para o município da Trofa, pois fez com que a Trofa e Santo Tirso passassem a ter a água mais cara do país. Portanto, estamos a repor algo, aliás, pelo contrário, estamos a ir mais além e a deixar de ser o município com a água mais cara do país, a par de Santo Tirso. Depois, com este acordo, conseguimos outra coisa, mais precisamente, a antecipação de investimentos importantes, de cerca de 1,5 milhões de euros para que a Trofa atinja os 100% da Rede de Abastecimento de Água, em todas as Freguesias, e isto é algo único. Eu fazia esta questão: quantos concelhos é que existem em Portugal e no mundo, que podem honrar-se de serem cobertos a 100% de água? Portanto, é algo que eu acho que é histórico, não é muito satisfatório, é histórico, o acordo a que nós chegamos, e obviamente que estão envolvidas, aqui, a Câmara de Santo Tirso e, também, a INDAQUA. É um momento histórico e é um virar de página, mas, claramente, que nós não queremos ficar apenas por aqui, porque se calhar no futuro temos que pensar ainda mais à frente. Como tal, esta é apenas uma etapa, uma etapa importante, uma etapa histórica, mas, obviamente, é um bem essencial e, cada vez mais, nós temos essa perceção da importância tem nós podermos abrir a torneira e termos água em casa, algo que muitas pessoas, hoje, em Portugal não têm e têm de recorrer a fontanários públicos, muitas vezes com água imprópria, pedir a vizinhos, recorrer a poços ou furos artesianos, quando a água não tem condições nem sequer para cozinhar, nem tão pouco para escovar os dentes, obviamente para regar sim, lavar passeios, contudo, se calhar, nem para tomar um banho ela tem condições, porque nós temos a consciência de que os nossos lençóis freáticos estão, cada vez mais, contaminados e a água vai ser um bem precioso no futuro. Não é para os nossos filhos, nem para os nossos netos, pois já o é para nós e nós temos de ter essa consciência. Portanto, é um acordo histórico e eu acho que o dia 16 de julho de 2021 vai ficar como um marco histórico no concelho da Trofa. Logo, é algo de que eu me orgulho, tal como de ter uma equipa que lutou por isto e que chegou, com bom senso, a um acordo com uma entidade, que é a INDAQUA, e com outra, que é a Câmara Municipal de Santo Tirso, e conseguiu chegar a bom porto. Posso dizer-lhe que é algo muito, muito, no fundo, gratificante, ter estado neste processo.

 

Quais são os seus maiores sonhos para o futuro do município da Trofa?

A Trofa ser a capital da região do Norte do país. Nós estamos a fazer tudo pensado, planeado, com todas as infraestruturas que estamos a criar, porque tendo, por exemplo, coisas que já temos, como uma grande cobertura de saneamento e de água, aquilo que vai acontecer nos próximos anos, como as áreas industriais fundamentais e únicas no país, os espaços singulares e únicos no país como o Parque Nossa Senhora das Dores e Dr. Lima Carneiro, o Parque das Azenhas, a Alameda da Estação, o edifício dos Paços do Concelho, a Praça do Município, a Ciclovia do Coronado, os espaços de lazer e áreas verdes em todas as freguesias, novas vias, novos acessos, a Distribuidora 21, um Auditório completamente futurista com um Museu, uma Biblioteca completamente adaptada àquilo que é o presente e o futuro, para os nossos jovens, essencialmente, mas também para aqueles que estão em formação. Portanto, criando todas estas condições, pela situação geográfica e pela singularidade do povo trofense, a Trofa, claramente, tem aqui uma palavra dizer, na questão de se tornar a capital da região Norte do país, porque, obviamente, não tem de ser tudo Lisboa e Porto. Nós temos de pensar, como pensam outros países, em distribuir serviços, porque isso cria coesão territorial e, como nós fazemos, perante as oito freguesias, também, o Estado Central tem a obrigação de o fazer, perante o país, e é isto o que não tem acontecido. Quer dizer, faz-se uma Expo em Lisboa, faz-se o Web Summit em Lisboa, tudo o que se faz é em Lisboa e isto não pode acontecer. Só não aconteceu com o Campeonato Europeu, porque não havia estádios suficientes em Lisboa, porque se tivesse estádios suficientes em Lisboa, eu não tenho dúvidas nenhumas de que o Governo, da altura, tinha feito o Campeonato Europeu, todo, em Lisboa. Portanto, é, aqui, que as pessoas do Norte têm de dar as mãos e envolver-se num grande desafio, que é esta questão da regionalização. Como tal, o grande sonho é esse, mas há maiores. Se nós potenciarmos emprego às nossas famílias e àquelas casas, é ótimo, é realmente um grande trabalho que estamos a fazer. Reconstruir a Ponte Pênsil, em articulação com o município de Famalicão, é o meu sonho para o próximo mandado, se me for conferido, porque eu acho que é algo que é único, que vai acontecer no país e, no fundo, nas últimas décadas, porque é algo com um valor singular. Portanto, é continuar, no fundo, o trabalho que tem sido feito, bem pelo contrário, é aumentar mais uma velocidade, porque é não baixar e é sempre elevar a fasquia, com maior exigência, mais qualidade de vida, mais obra material e imaterial, porque o nosso foco principal é sempre as pessoas e nós temos a consciência de que se a Trofa for a capital da região Norte do país, vamos potenciar melhor qualidade de vida à população da região.

 

Qual é a mensagem que gostaria de transmitir à população?

Esperança, porque eu acho que o final do ano 2021 e início de 2022 vai ser o virar de página e o momento em que venceremos esta pandemia. A segunda, porque, apesar de nós estarmos a atravessar uma crise pandémica, económica e social, há muita coisa boa para acontecer, do ponto de vista daquilo que é um investimento público e um investimento privado. Portanto, aquilo que nos espera, no futuro, são coisas boas. Eu acho que o que esta pandemia nos retirou, durante algum tempo, foi o convívio, a família, socializarmos, mas permitiu envolvermo-nos em comunidade e olharmos para o principal e não olharmos para o acessório. Como tal, a mensagem é, claramente, de esperança e eu acredito, e estou completamente convicto, que o futuro vai sorrir e um futuro próximo vai fazer sorrir muita, muita, gente, quer no concelho da Trofa, em especial, mas, sobretudo, na região e é essa a mensagem que eu gostaria de transmitir a todos, de positivismo e de que se nós cairmos e nos levantarmos, tornamo-nos mais fortes e nós, hoje, estamos mais fortes e mais bem preparados, para ultrapassarmos algumas adversidades que a vida nos vai colocando.