“VAI SER UM BOTEQUIM À MODA DO PORTO”

Apesar do interesse pelo direito e literatura, a paixão pela restauração falou mais alto. O Botequim Açoriano abriu há 3 anos, em Rabo de Peixe, e, agora, Rúben Correia quer levar os Açores até ao Norte de Portugal, o Porto. Um restaurante com um conceito diferente mas com os sabores de sempre, os produtos açorianos. Abre as portas no dia 1 de julho.

Então temos uma nova aposta para a cidade do Porto?

O Botequim Açoriano abriu há 3 anos, em Rabo de Peixe, na Ilha de S.Miguel. Pela primeira vez, decidi abrir as suas fronteiras e ir até à cidade do Porto. Do norte da Ilha de S. Miguel, Ribeira Grande, até ao norte do continente português. O restaurante vai abrir em Cedofeita, junto á Praça Carlos Alberto. A ementa vai ser diferente. Vai ser um Botequim à moda do Porto…Um Botequim Açoriano mas com um conceito diferente, apesar de os produtos serem sempre açorianos. Ou seja, vamos pegar nos produtos que existem de maior qualidade nos Açores e transformá-los de maneira a internacionalizar a nossa gastronomia. Queremos mostrar que há inúmeras coisas que se podem fazer com os nossos produtos sem ser apenas e só aquilo que se ensina desde pequenos..

Para quem não conhece o Botequim Açoriano, que tipo de estabelecimento vamos ter?

Vamos ter um espaço contemporâneo com toque de Açores, com muitas hortências, poesia, e muitos livros. Vão ser 3 pisos e cada um tem a sua identidade. No rés-do-chão, vamos recriar uma mercearia antiga açoriana com os queijos, os enchidos e os doces tradicionais. O objetivo é que esta parte fique aberta do meio dia à meia noite. Já no primeiro andar,  vamos ter um jardim que visa recriar as hortências e as paisagens que envolvem as 9 ilhas dos Açores e uma sala interior também. Por fim, no segundo piso vai ser uma zona de fumadores mas com uma mesa grande para grupos. Haverá várias obras e instalações na parede do artista João Murillo com quadros e com molduras a fazerem as formas das 9 ilhas. Em termos de espaço, vamos pegar um pouco dos Açores mas abrindo os braços ao Mundo. Não nos restringimos só ao que temos aqui mas inspiramo-nos em coisas que estão a acontecer quer no Porto quer nas outras grandes cidades europeias, mas sempre com o toque açoriano.

E será um espaço vocacionado para todos os clientes…

Do pobre ao rico. Vai ser um espaço em que o preço médio por pessoa irá rondar os 20/25 euros com bebida e etc. Claro que se optar por outros tipos de vinhos, teremos outros valores mas vamos ter preços acessíveis. Ao almoço vamos trabalhar muito com o menu executivo com uma sugestão do Chef. Queremos ainda lançar a Açorianinha da cidade do Porto. Pegar nos produtos típicos dos Açores e elaborar uma Açorianinha, não com o molho da francesinha mas vai ser com um molho regional com pimento, o alho e o vinho. Vamos lançar este prato só para os almoços e isso custará por volta dos 9,5€.

Para quem não conhece o Rúben, esta sua aptidão para a restauração nasceu como?

Nasci numa família ligada à área. A minha mãe é chefe de cozinha e vai coordenar a cozinha do restaurante nos primeiros tempos, a Chef Dodó. O meu pai é chefe de sala há mais de 20 anos e,atualmente é o chefe de sala do Botequim Açoriano, em Rabo de Peixe. A minha avó paterna é também chefe de cozinha no Campo de Golf, há mais de 40 anos. Portanto, eu nasci numa família ligada à restauração e sempre fui apreciador de boa comida e boa bebida. Sou crítico gastronómico da revista Nova Gente, colaboro semanalmente com uma rubrica sobre restaurantes do país todo. À parte do direito e da literatura que também faço, mas quase como um hobbie e não sei fazer outra coisa porque nasci no meio de tachos e panelas.

Mas a literatura está-lhe no sangue porque, aos 14 anos já havia um livro com a assinatura de Rúben Pacheco Correia…

É verdade. Publiquei o meu primeiro livro com 14 anos. Tenho 5 livros publicados. Estou agora a preparar um novo livro, este sobre a gastronomia açoriana, mas não tenho publicado há 3 anos. O meu último livro foi apresentado pelo atual Presidente da República, professor Marcelo Rebelo de Sousa. Desde então tenho colaborado com alguns jornais e algumas revistas que exigem que escreva semanalmente um artigo. No menu gosto que cada prato tenha uma história. O nome de cada prato seja alusivo a um acontecimento ou a uma figura, um momento, uma palavra açoriana.

A equipa já esta formada para o Porto?

Sim, já está! A maior parte são continentais mas também há açorianos como a minha mãe e o chefe de sala. Tudo pronto para a inauguração no dia 1 de julho.

Qual a razão de ter escolhido o Porto e quais são as expectativas?

Inicialmente, era para abrir o restaurante em Lisboa e a verdade é que se tudo correr bem ainda este ano abrimos em Lisboa. Mas apareceu-nos uma oportunidade de ouro no Porto. É uma cidade que tem crescido muito a nível turístico e não só. Muita coisa está a acontecer atualmente no Porto. É uma boa altura para investir e apareceu-nos esta oportunidade num espaço bem localizado e pronto quase a entrar com chave na mão. Não podíamos dizer que não. Acredito que o Botequim Açoriano será um sucesso no Norte de Portugal e no Centro, em Lisboa. Quando as pessoas ouvem falar dos Açores associam logo à natureza, à qualidade e à frescura e, portanto, nós queremos compilar um pouco disso tudo à tradição da nossa gastronomia, mas também à qualidade e à frescura dos nossos produtos.

Ao mesmo tempo que “exporta” para o continente, nomeadamente, para o norte de Portugal, a riqueza açoriana, também sei que faz o contrário porque está com projetos na manga de levar o continente para os Açores….

É verdade. Acabei de abrir uma empresa que se irá chamar “Costa Norte, Distribuição e Representações” que irá apresentar nos Açores, sobretudo na Ilha de São Miguel, algumas marcas nacionais de vinho, de azeite, e não só, como a Real Companhia ou a Quinta dos Amarelos. São marcas conhecidas ou marcas em crescimento. Vamos montar a nossa garrafeira no piso em baixo do restaurante, em Rabo de Peixe, e depois, mais tarde, se correr bem, havemos de pensar noutra alternativa. Já temos uma ficha de clientes interessantes não só para o nosso restaurante, mas os restaurantes aqui à beira também vão embarcar nesta nova representação.