“SOMOS UMA VILA MAIS AO NÍVEL DE UMA ALDEIA, AINDA HÁ MUITO A FAZER”

Prestes a terminar o seu mandato à frente dos destinos da União de Freguesias de Coronado, José Ferreira, em conversa com o AUDIÊNCIA, admite que o principal desafio foi unir duas freguesias rivais que, por via da reforma administrativa local, se tornaram numa só.

Apesar de ser o segundo polo habitacional mais numeroso do concelho da Trofa, a freguesia tem muitas carências e limitações segundo José Ferreira, mas, caso pondere uma recandidatura ao cargo, a prioridade já está definida: dar continuidade às obras de requalificação dos cemitérios.

 

 

Qual o balanço que faz ao mandato que agora está prestes a terminar?
Francamente positivo, por variadíssimas razões. A agregação das duas freguesias levou a que tudo tivesse que ser feito a partir da estaca zero. Estamos a falar de duas freguesias vizinhas e muito rivais no passado, pelo que, conseguir que ambas se unam e aceitem que uma das partes faça uma boa gestão do geral, foi o nosso principal desafio. Não havendo referências sobre o que de principal tinha que ser feito, acabamos por cumprir grande parte do que constava do nosso manifesto eleitoral, com consciência da realidade e das muitas limitações que temos.

 

Que limitações são essas?
Apesar de sermos o segundo polo habitacional mais numeroso do concelho da Trofa, temos consciência das muitas carências que ainda temos a todos os níveis. Seja na rede viária, na ação social, no tipo de infraestruturas necessárias para a qualidade de vida das pessoas, equipamentos desportivos, etc., temos aqui ainda uma falha tremenda nessa área, agravado pelo facto de termos já o estatuto de vila. Mas nós não estamos ainda nesse patamar, quer ao nível de qualidade de vida e de infraestruturas, não estamos ainda com essa qualidade. Somos uma vila mais ao nível de uma aldeia, de uma freguesia, de uma localidade, pelo que, há ainda muito trabalho a fazer. A maior parte desse trabalho não é da competência de uma Junta de Freguesia, pois não pode concorrer a Fundos e a Pacotes Comunitários. O concelho é muito recente e também não é por artes mágicas que consegue colmatar todas estas falhas. A sede do concelho precisa de ser valorizada, precisa de crescer, de se equipar, para depois as coisas também irem acontecendo na periferia. No entanto, isso não deve impedir a que, de onde a onde, não surjam alguns investimentos direcionados à qualidade de vida das pessoas.

 

O que mais o preocupa?
A única infraestrutura de grande envergadura que aqui temos é um polidesportivo que foi construído há mais de dez anos, mas que a população não pode utilizar. Não temos nenhum parque infantil, não temos piscinas, não temos zonas verdes e ajardinadas onde as pessoas possam estar e passear. E isto é o que nos preocupa diariamente, pois são anseios da população aos quais não podemos responder de forma positiva. Mas enquanto executivo de Junta, temos vindo a desenvolver algumas iniciativas de promoção e divulgação da nossa localidade. Uma das iniciativas é o Rally Spirit e outra é a construção de um Parque de Autocaravanas, uma obra nossa e que recebe todos os fins-de-semana dezenas de turistas oriundos de França e de outros países, que está georreferenciado e classificado como sendo o melhor parque existente na área do Grande Porto. Ainda agora cá tivemos a terceira edição da Concentração Internacional que levamos a cabo, com mais de duzentas autocaravanas. Com isto têm-se atraído muita gente até nós e isso tem sido muito importante para a dinâmica do comércio tradicional. Fizemos também ‘roteiros’ direcionados ao turista, com orientação de percursos carismáticos e emblemáticos da nossa localidade, bem como da nossa gastronomia e, como estamos bem referenciados, todos os dias temos cá cidadãos oriundos de diversos países. Tudo isto faz parte de uma dinâmica muito bonita, com o objetivo de dar a conhecer a nossa localidade, a qual queremos tornar ainda mais atrativa a todos quantos nos visitem.

 

Estas são algumas das coisas que implementaram e realizaram, mas quais aquelas que gostariam de levar a cabo, ou dar continuidade, caso aconteça a sua reeleição à presidência desta União de Freguesias?
Hoje em dia as pessoas não se compadecem com o facto de a Junta não ter dinheiro para a realização das obras de que necessitam, nem este tipo de argumento faz sentido, pelo que, temos tentado colmatar esta insuficiência da melhor maneira possível. A haver um segundo mandato, queremos dar continuidade às obras de requalificação dos nossos cemitérios. É um dos trabalhos mais ingratos das Juntas, pois ninguém quer fazer, por iniciativa própria, mas quando aqui cheguei vi-me na obrigação de as fazer e em simultâneo, em ambas as freguesias. Também, estamos a fazer a requalificação dos ‘lavadouros’ públicos e de outros locais emblemáticos das freguesias. É lógico que são obras que não se conseguem fazer num só mandato, pelo que, essa será uma das nossas principais metas para um novo mandato, até porque não podemos ambicionar a muito mais, em virtude de não termos verbas para isso.