“ALDEIA DE NATAL VALORIZA O CONCEITO FAMILIAR E INCUTE VALORES ÍMPARES”

O ano 2019 ficou marcado nas áreas da cultura e do desporto pela afirmação de vários projetos, entre eles o apoio prestado aos clubes desportivos e atletas através de contratos-programa e o incremento de dias da Feira Quinhentista. Para 2020, uma das apostas da Câmara Municipal da Ribeira Grande será as comemorações dos 20 anos de reinauguração do Teatro Ribeiragrandense que, de acordo com Filipe Jorge, vereador da Câmara Municipal para a Cultura e Desporto, serão um “desafio”. Por enquanto, a grande aposta será a Aldeia de Natal.

Qual a retrospetiva que faz sobre o ano 2019?

Julgo que este ano que agora termina foi um ano positivo, atendendo também a que muitos dos objetivos a que nos propusemos, a nível cultural e desportivo, foram concretizados. A nível cultural, olhando para o que foi alguns dos eventos âncora, nomeadamente o Cantar às Estrelas, a Festa da Flor, a Feira Quinhentista ou as Festas da Cidade, penso que se pode afirmar ter-se tratado de um ano positivo. Vamos agora entrar numa época especial, de magia, nomeadamente a época natalícia e iremos, mais uma vez, apostar na animação de Natal, especificamente com a Aldeia de Natal destinada às crianças. Considero também ter sido um ano positivo no âmbito desportivo. O concelho tem vindo a crescer em número ao nível das associações e clubes desportivos, o que reflete um aumento do número de atletas praticantes, sempre numa perspetiva de aumento da atividade física nas nossas crianças e nos nossos jovens, seja em ambiente competitivo ou não.

Ainda em retrospetiva: este ano a Feira Quinhentista teve mais dias que o costume, durou uma semana ao invés de quatro dias. É para repetir?

Sim. Normalmente diz-se que tudo o que é positivo é de se manter. A nossa intenção é essa. Foi um ano zero, em que apostámos em sete dias, e penso que o ‘feedback’ foi bastante benéfico. Assim sendo, iremos manter, na edição de 2020, a duração de sete dias de Feira.

 Se no início era de dois em dois anos por causa do curto orçamento (tendo em conta que os grupos de animação vinham de fora), estes últimos anos, pelo facto de haver já muitos grupos de animação locais, ajuda a que se possa fazer todos os anos e agora durante mais dias.

Sim. Temos feito de forma gradual. Desde 2007, altura da sua primeira edição, apresentava um caráter bianual. Depois, em 2014, passou-se para uma periodicidade anual, com uma duração de três dias. Nos últimos anos passámos para quatro dias de Feira e em 2019 para os sete dias. Fizemo-lo porque já se justificava esse aumento de dias e pelo investimento que é feito neste evento e respetivo retorno. E também pelo ‘feedback’, como disse há pouco, em especial das pessoas que usufruíram da parte do artesanato e das barracas de comes e bebes. Por isso mesmo é de se manter a periodicidade anual e também o número de dias do ultimo ano.

 Há pouco falou sobre o desporto e do facto de haver cada vez mais equipas e mais modalidades. A Câmara Municipal tem apoiado bastante as equipas do concelho.

Temos apoiado as entidades desportivas do concelho no âmbito do Regulamento Municipal de Apoio ao Desporto em vigor. Temos também celebrado contratos-programa de desenvolvimento desportivo junto de várias Associações Desportivas e que visam precisamente o apoio às filiações dos atletas dos clubes do concelho. De forma gradual, também temos ido ao encontro de novos clubes e de novas modalidades que, entretanto, vão surgindo.

 Começámos precisamente com um contrato-programa com a Associação de Futebol de Ponta Delgada, em 2014, porque se tratava da Associação que englobava um maior número de atletas e clubes do concelho e também porque essa Associação possui duas modalidades na sua tutela: o futebol e o futsal. A partir daí, quisemos alargar esse tipo de contratos programa a mais modalidades e, por conseguinte, a mais clubes. Atualmente temos com a Associação de Voleibol de São Miguel, a Associação de Ciclismo dos Açores, a Associação de Judo do Arquipélago dos Açores, a Associação de Futebol de Ponta Delgada, a Associação de Patinagem de São Miguel e a Associação de Ténis de Mesa da Ilha de São Miguel. Para o próximo ano, pretendemos alargar esses contratos-programa à modalidade do Karaté que, nos últimos anos, têm tido muitos praticantes e com resultados de excelência ao nível nacional e internacional.

A Câmara Municipal acaba por ser uma salvaguarda para estes clubes associados.

 A aposta no desporto terá que ser vista sempre como um investimento e uma aposta ganha. O apoio aos vários clubes e atletas do concelho faz com que esses mesmos clubes possam ter bases sustentadas naquilo que é a aposta na prática desportiva e na atividade física das crianças e jovens, para que estas possam ter à sua volta diferentes modalidades e optarem pelo desporto/modalidade que mais gostam de praticar. Também temos visto que é com este tipo de apoios que os clubes conseguem aumentar a prática desportiva (aumentando o número de atletas e, por conseguinte os seus escalões) e, em alguns casos, tornarem-se mais elitistas, conseguindo abrir outras modalidades dentro do próprio clube.

Quanto ao programa de Natal? O que é que há preparado para quem visita a Ribeira Grande?

O nosso programa de Natal inicia-se a 29 de novembro, com a tradicional inauguração da iluminação de Natal. No dia 30, sábado, decorrerá um espetáculo no Teatro Ribeiragrandense, pelas 20h30, intitulado “Teatro para Todos”, que o CAO da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande irá levar a efeito. Na semana seguinte, dia 6 de dezembro, será o primeiro dia da Aldeia de Natal. Teremos novamente três fins-de-semana de Aldeia de Natal, terminando no fim de semana de 22 de dezembro. Serão três fins de semana com muita animação de rua, animação de palco, com a “casa do Pai Natal” para as crianças, neve, carrosséis, insufláveis, pinturas faciais… e muito mais. A chegada do Pai Natal à Ribeira Grande (Largo Hintze Ribeiro), no dia 6 dezembro, pelas 19h15, dará início à abertura da Aldeia de Natal.

No sábado, dia 7, destaco o cinema infantil. O ano passado apostámos em cinema infantil no Teatro Ribeiragrandense, o que resultou bastante bem. Vamos fazê-lo novamente este ano, integrado na programação da Aldeia de Natal. Decorrerá sempre aos sábados, pelas 16h30, com um filme infantil diferente em cada um dos sábados. No domingo, dia 8, teremos o já tradicional Dia de Montras, com o desfile da charanga de bombeiros, animação de rua, atuação musical “Explosão Radical” na escadaria da igreja da Conceição e atuação do Grupo de Cantares Vozes Mar do Norte, no Largo Hintze Ribeiro. No fim de semana seguinte, a Escola de Música de Rabo de Peixe irá presentear-nos tcom um concerto no Largo Hintze Ribeiro, bem como o CATL`s da Casa do Povo da Ribeira Grande. No dia 17 de dezembro, último dia de aulas referente ao primeiro período escolar, sairá à rua o tradicional desfile de Pais Natais, ao longo da Rua Direita, pelas 10h, com a participação das várias escolas e instituições da cidade.

 No último fim de semana de Aldeia de Natal, teremos novamente animação de rua, bem como uma atuação de palco Ticosi – o duende cusco, um concerto musical com os “Unquiet Band” e no último dia, no Teatro Ribeiragrandense, teremos um concerto intitulado “Magia do Natal”, pela Orquestra Ligeira da Ribeira Grande. Como também já vem sendo tradição, no dia 25 de dezembro, abrimos portas do presépio do Prior, no Museu Municipal, pelas 15h, cujo horário será alargado nos dias seguintes e início do ano. No dia 26 de dezembro, abriremos igualmente portas ao presépio do Arcano.

O desfile de Pais Natais é feito em articulação com todas as escolas?

 Participam todas as escolas das cinco freguesias da cidade, bem como várias instituições, num total de cerca de 2.000 crianças.

Têm um programa muito dedicado às crianças… costuma dizer-se que o Natal é das crianças. É por isso motivo, é porque a Ribeira Grande é um concelho muito jovem…?

Eu diria que é por todos esses motivos e mais alguns. Natal é magia e vê-se nas nossas casas a felicidade das crianças quando chegamos a esta altura do ano. Há seis anos, criámos este evento com um objetivo muito concreto: oferecer a todas as crianças que visitem a Aldeia de Natal, através de um conceito muito familiar, numa altura do ano muito propícia a determinado tipo de valores, mas obviamente interligando o evento àquilo que é a dinamização da economia local. Julgo que a Aldeia de Natal valoriza o conceito familiar e incute valores ímpares, propícios a esta altura do ano.

Um pouco por todo o mundo tenta-se dar um outro colorido a esta altura do ano. Todo o ambiente recriado na Aldeia de Natal, é propício a que as crianças possam viver e sentir a magia do Natal. Este ano, uma novidade na Aldeia de Natal é que teremos um espaço próprio para contos de Natal, dinamizado e orientado pela Biblioteca Municipal Daniel de Sá. Um espaço com horários pré-definidos com o propósito de incutir hábitos de leitura nos mais jovens.

A principal novidade do ano que se aproxima é o festejo da reinauguração do Teatro Ribeiragrandense.

A 5 de maio de 2020 fará 20 anos que o Teatro Ribeiragrandense foi reinaugurado, ainda sobre a presidência do Dr. António Pedro Costa e na qual esteve bastante envolvido nas obras de reestruturação do Teatro o então vereador, Filomeno Gouveia. Pretendemos, de uma forma simples mas marcante, assinalar estes 20 anos com uma programação própria do Teatro. A mesma iniciar-se-á a 27 de março, Dia Mundial do Teatro, e irá prolongar-se até ao dia 5 de maio. Pretendemos que o programa  possa explorar várias valências, começando pelo próprio teatro, mas passando também pela música, dança, cinema, exposições…

A Ribeira Grande é um concelho jovem, mas com vários problemas de âmbito social e cultural. Esta comemoração dos 20 anos vai ser um desafio?

Sim, sem dúvida, mas o trabalho de reensinar as pessoas a voltar ao Teatro não se faz de um dia para o outro e não é tarefa fácil. Depende de muitos fatores. Uma programação que possa ir ao encontro das pessoas, nas diferentes áreas de atuação.         Exemplo disto foi que passámos a ter as matinés entre filarmónicas em janeiro (e vamos repetir), num horário de matiné, portanto, por volta das 17h. Em reunião com as filarmónicas, considerou-se este ser um bom modelo de promoção da nossa cultura musical, também com o intuito de as mesmas apresentarem todo um trabalho que é desenvolvido ao longo do ano e mostrá-lo à população em geral.

Alguma novidade para o Cantar às Estrelas deste ano?

 Em 2020, a noite do Cantar às Estrelas acontecerá num sábado. Acima de tudo, contamos novamente com a mesma adesão das pessoas, mantendo esta tradição bem viva no nosso concelho e, desta forma, mantendo a qualidade que esse acontecimento merece. É um evento diferenciador de todos os outros, onde se canta à nossa Padroeira, Nossa Senhora da Estrela.

Quais é que são os desejos na área da cultura e do desporto para 2020?

Acima de tudo, e de uma forma geral, na área desportiva o objetivo passa pela oferta desportiva que o concelho pode dar aos nossos jovens. Aqui, muito se deve também ao trabalho que é feito pelos clubes e, em concreto ao seu dirigismo desportivo, num trabalho na sua maioria invisível, mas de alta importância. São eles que colocam em prática toda uma organização desportiva de um clube/associação. Independentemente se os resultados são bons ou menos bons, sou da opinião de que o mais importante é incutir a prática desportiva e a criação de hábitos de vida saudável, através da oferta desportiva às crianças e jovens do concelho.

No que toca a hábitos de vida saudáveis, a Câmara Municipal está empenhada na promoção de aulas de hidroginástica para os idosos.

 O que temos assistido nas aulas de hidroginástica para a terceira idade é que tem tido uma ótima aceitação por quem usufrui dessas mesmas aulas. Tem-se verificado um aumento no número de utentes interessados em frequentar a hidroginástica, na sua maioria senhoras, e são as próprias instituições que nos solicitam um aumento do número de dias semanais face à procura que essas aulas têm tido. Para termos uma ideia, a maior parte das freguesias já anuíram desde o ano passado, e as aulas têm estado praticamente esgotadas dentro daquilo que é o limite de pessoas que a piscina pode albergar. As aulas são dadas por um técnico da Câmara Municipal, licenciado em Educação Física, durante três dias, no complexo de piscinas dos Bombeiros Voluntários da Ribeira Grande.