SIM, COMEMORAMOS

Apesar do confinamento entre quatro paredes provocado pela pandemia e da tentativa de limitar e amordaçar pelos saudosistas, como no tempo do fascismo, o povo português de norte a sul do País comemorou o 25 de Abril, cantando a Grândola Vila Morena, o Hino Nacional e as mais belas canções alusivas à data, mostrando claramente ao mundo que o quer transformar tornando-o mais justo, fraterno e solidário.

O futuro com que sonhamos não é cada vez mais saudade, é cada vez mais necessidade imperiosa e como tal é necessário inverter o longo processo, político e institucional, contra os ideais de Abril para alimentar de esperança o povo português, pois só desta forma se construirão os caminhos do futuro.

O 25 de Abril que nós comemoramos significou a conquista da liberdade e a instauração de um regime democrático com os seus elementos constitutivos de natureza política, económica, social e cultural, os quais ainda falta cumprir em plenitude.

O 25 de Abril que comemoramos é o 25 de Abril dos capitães do MFA, dos trabalhadores e do povo e como tal sempre o temos celebrado em múltiplas e variadas iniciativas comemorativas de caracter popular, mas também as de caracter oficial na Assembleia da República que adquiriram este ano particular importância, devido aos circunstancialismos do combate à pandemia, mas também por contrariarem atitudes revanchistas dos saudosistas do passado.

O 25 de Abril que comemoramos, não é um mero acontecimento passado que lembramos, mas um grande feito histórico que mantém marcas profundas na vida presente e contem experiências e valores indispensáveis para construir o futuro de Portugal.

Não podemos ignorar que a Revolução de Abril libertou Portugal de quase meio século de ditadura, ditadura militar de 1926 a 1933 e depois com Salazar ditadura fascista, em que foram suprimidas as liberdades mais elementares, houve censura à imprensa e foi reprimida violentamente qualquer oposição, ou seja, uma cópia literal do fascismo italiano com a respectiva orgânica corporativa, polícia política a PIDE/DGS para perseguir, prender, torturar, assassinar com torturas ou a tiro, tribunais especiais condenando a mando da PIDE  democratas mantidos com condenação ou sem ela longos anos nas prisões, atingindo em alguns casos mais de 20 anos e um partido único fascista União Nacional/Acção Nacional Popular, uma milícia fascista a Legião e uma organização fascista e paramilitar da juventude, a Mocidade Portuguesa.

Salazar e depois Marcelo Caetano nunca ocultaram a sua ideologia fascista e Salazar gabava o génio político de Mussolini com cujo retrato na própria secretária se fazia fotografar, mandava os seus ministros, os seus militares, os seus polícias aprenderem na Itália fascista e na Alemanha nazi os processos aí usados para eliminação da oposição, apoiou e ajudou o golpe fascista de Franco em Espanha, apoiou e ajudou Hitler e Mussolini na guerra.

Se em algumas conjunturas, por exemplo, a derrota do nazi-fascismo na 2ª Guerra Mundial e a crise geral da ditadura, foram desenvolvidas manobras pseudodemocráticas, o objectivo não era abrir caminho à democracia, mas iludir o povo, proporcionar uma válvula de escape ao descontentamento e revolta popular e depois voltar às mesmas formas de repressão.

Não, não podemos ignorar e mesmo em tempo de pandemia com cujas vítimas e famílias nos compete solidarizar, não pudemos deixar passar em claro esta data, porque ela é única na nossa história recente como povo livre com olhos postos num futuro melhor.

Por essa razão saudamos a Revolução do 25 de Abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, acabou com a Guerra do Ultramar, libertou os países ultramarinos do colonialismo e iniciou um processo democrático com a entrada em vigor duma nova Constituição a 25 de Abril de 1976, marcada por forte orientação socialista.

Não voltaremos atrás, 25 de Abril sempre.