O despacho de acusação sobre o caso de Tancos foi revelado na quinta-feira passada, apontou 23 acusados, entre os quais o antigo ministro Azeredo Lopes, e conseguiu atrair as atenções gerais ao sobrepor-se à campanha eleitoral.
O antigo governante na área da defesa já anunciou que vai pedir a abertura da instrução, uma vez que se trata de uma acusação «eminentemente política», pois os procuradores do Ministério Público consideram que o antigo governante não só soube de toda a «encenação», como também utilizou o caso para tirar proveitos políticos.
No despacho de acusação do DCIAP-Departamento Central de Investigação e Acção Penal, menciona-se que «A recuperação do material subtraído assumia um papel muito importante na imagem interna do Governo, numa altura em que estavam no auge as nefastas consequências dos incêndios, que levaram, inclusivamente, à demissão da ministra da Administração Interna» e como tal o ministro foi acusado de denegação de justiça, prevaricação, abuso de poder e favorecimento pessoal.
O furto do material de guerra foi divulgado pelo Exército a 29 de Junho de 2017 e quatro meses depois a PJM-Polícia Judiciária Militar com a colaboração da GNR de Loulé revelou o aparecimento do material furtado, na região da Chamusca, a 20 quilómetros de Tancos, vindo a saber-se depois que entre o material roubado estavam granadas, explosivos de plástico e uma grande quantidade de munições.
Em plena campanha eleitoral esta situação motivou uma troca de palavras mais duras entre António Costa e Rui Rio, falando-se em vingança política, mas também alguns comentários de outros líderes partidários, nomeadamente de Jerónimo de Sousa que considerou o caso de Tancos como «uma boia de salvação» para os sociais democratas, ao mesmo tempo que se mostrou disponível para aprovar uma nova Comissão de Inquérito Parlamentar, pois na anterior pelos vistos houve participantes que devem ter mentido, levando a Comissão de Inquérito na altura a não dar como provadas as acusações então proferidas, tendo Jerónimo de Sousa ainda acrescentado que «ninguém está acima da lei», recordando que «a decisão é dos tribunais» e, dizemos nós, a população deve ter confiança na Justiça como instituição primordial num Estado de Direito Democrático.
Em resumo podemos considerar que a campanha eleitoral acabou por ser prejudicada com esta situação, pois Tancos, não sendo um tema estratégico para as eleições legislativas, suscitou e ainda suscita as atençõe gerais, relegando para segundo plano a explicação aos eleitores dos respectivos programas partidários.